A Resenha Danton
Por: Amanda Simões • 1/5/2021 • Resenha • 1.185 Palavras (5 Páginas) • 238 Visualizações
Amanda S. Simões, R.A. 21150980
Danton
DANTON. Direção de Andrzej Wajda. Polonia, França, Alemanha Ocidental: Gaumont, Tf1 Films Production, S.f.p.c., T.m., 1982. (136 min.), son., color. Legendado. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=GODpn6lSa94>. Acesso em: 18 jun. 2018.
“Danton” é um filme franco-polonês (com participações da Alemanha Ocidental) baseado numa peça teatral polonesa, cuja história narra o conflito político dentro da recém-instaurada República Francesa, dois anos após a Revolução Francesa, onde dois grupos, girondinos, liderados pelo carismático líder revolucionário, Georges Danton (Gérard Depardieu), e jacobinos, por sua vez, representados por Maximilien Robespierre (Wojciech Pszoniak), entre acabar ou não com o Tribunal Revolucionário, e consequentemente o Terror.
O longa-metragem, dirigido pelo polonês Andrzej Wajda, foi lançado no ano de 1982, durante um período que a Polônia passava por regime totalitário de esquerda apoiado pela extinguida União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Como todo regime totalitário, seja ele de direita ou de esquerda, tratou-se de um período marcado pela repressão, pelas censuras, pelas represálias e pela caça aos opositores do Regime, assim como durante a Era do Terror na França do final do século XVIII, onde os opositores eram guilhotinados acusados de atos contrarrevolucionários.
Assim como o diretor, os escritores do filme e uma parcela significativa do elenco são poloneses, o que mostra o uso do filme como uma crítica disfarçada ao governo da República Populista da Polônia, feita de maneira sutil e indireta, assim como outros artistas e intelectuais da época, “é justamente a presença desse jogo com as garras do regime que, paradoxalmente, estimula formas criativas de burlar a censura através, por exemplo, de metáforas sofisticadas e símbolos menos explícitos.” (ALMEIDA, Karina Campos, 2018).
Como já retratado anteriormente, a principal disputa política da obra trata-se do debate entre acabar, ou não, com o Tribunal Revolucionário e se passa durante a República Jacobina, após a Revolução Francesa, responsável por julgar aqueles que eram opositores, apesar de ter sido criado pelo próprio Danton, o revolucionário se vira contra o Tribunal ao ver que a situação sai do controle e o número de execuções torna-se maior do que havia imaginado, quando começam a julgar, e executar, também outros grupos que participaram da Revolução, como sansculottes e girondinos.
De acordo com o livro “A Era das Revoluções” de Eric Hobsbawn, publicado em 1962, apesar da árdua caça aos opositores, a República Jacobina foi a única capaz de controlar a situação francesa, que em menos quatorze meses teve seus conflitos resolvidos, especialmente quando trata-se dos invasores estrangeiros que atacavam a França em todas as suas fronteiras e da revolta de 75% dos departamentos franceses contra a capital. Porém, como nem tudo eram flores, o Comitê de Salvação Pública, perde uma de suas figuras mais emblemáticas figuras, Georges Danton e em troca, ganha Maximilien Robespierre, que ao passar do tempo, torna-se seu membro com maior influência, os dois personagens com maior importância em “Danton”.
O filme inicia-se no retorno de Danton a Paris, a capital francesa, notando as diversas execuções em massa que estavam ocorrendo naquele período ao lado de outros revolucionários, decidem juntar-se contra o Tribunal da Revolução, apesar de já ter sido integrante do mesmo e tendo o criado, já que em seu ponto de vista infligia os ideais iluministas no qual a revolução foi baseada, liberté, egalité et fraternité (“liberdade, igualdade e fraternidade”, em português). Enquanto Robespierre se encontra a favor de manter o tribunal, já que para ele, era uma maneira de manter a revolução.
Em diversos momentos, é deixado explicito ao expectador o fato de que Danton e Robespierre se conheciam antes dessa tensão e inclusive, haviam lutado juntos durante a revolução, considerando que ambos queriam o fim do Estado Absolutista e instauração de uma República. Uma das cenas mais emblemáticas e importantes do filme mostra ambos em um jantar na casa de Danton, onde o mesmo tenta resolver a situação com o outro. Contudo, como o próprio Hobsbawn o descreve, sua personalidade fria, afetada e excessivamente virtuosa faz com que Robespierre não aceite o acordo e continue com o Tribunal.
Outra personagem importante no longa-metragem é a figura de Camille Desmoulins (Patrice Chéreau), um importante publicitário e jornalista da época que se vê aflito pela dúvida de qual lado se aliar. Logo no início da trama, Desmoulins tem sua gráfica invadida e destruída a mando de Robespierre, por conta de posicionar-se contra o Tribunal e a favor de Danton, apesar de sua única esperança de ser salvo é o próprio Robespierre, que tinha um exuberante afeto por ele. Sua esposa Lucile Desmoulins (Angela Winkler), se torna uma das únicas mulheres a ter um papel de destaque durante o filme, já que também é acusada de realizar um ato contrarrevolucionário após a condenação do marido.
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