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Ciência Política

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Por:   •  12/5/2014  •  1.510 Palavras (7 Páginas)  •  2.916 Visualizações

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MOREIRA, Adriano. Os métodos da ciência política. In:_____. Ciência política. 4. Ed. Coimbra: Almedina, 2009. cap. 2, p. 75-144.

Resenha

Quando se trata de uma investigação, indispensável é que se faça a identificação das perspectivas básicas que a inspiram. Por perspectivas, entende-se o que os Europeus chamam análise e os Americanos chamam approach, ou a estratégia adotada para o estudo do fenômeno, ou ainda os métodos utilizados. Quatro são as principais perspectivas elencadas pelo autor, a saber, a Perspectiva das tendências individuais, a Racionalista, a Funcionalista e a Sistêmica, perspectivas que, apesar de diferentes, se interconectam e completam. Outras também são citadas, como a Perspectiva de Grupo e a de Poder, mas estas são expansões de outras metodologias. Por Perspectiva das tendências individuais, entende-se como aquela em que a ação política sempre tem origem em homens considerados individualmente. Nas palavras de Vernon von Dyke, trata-se de “estudar o comportamento dos agentes individuais da política, com conceitos psicológicos e sociais.” Dessa forma, a personalidade individual teria papel determinante na vida política, minimizando atitudes racionalistas e intelectualistas em favor da predominância da opção inconsciente do indivíduo no fenômeno político. Contudo, o indivíduo está sempre inserido num grupo, seja ele grande ou pequeno, de pessoas e é possível identificar tendências típicas comuns a esses grupos, de modo que se deve interpretar o comportamento não só do indivíduo, mas também do grupo, o que de fato é mais útil. O desenvolvimento desse método leva a passar da análise do comportamento do indivíduo para a análise do comportamento dos grupos em que ele está inserido, identificados através do denominador comum das tendências individuais, sendo esse denominador comum a base da explicação do comportamento político, ou seja, determinados grupos influenciam o comportamento político de acordo com a tendência comum dos indivíduos que nele estão inseridos. Essa Perspectiva, no entanto, considera que a maior parte do comportamento político não é intencional, isto é, não é baseado em escolhas conscientes dos indivíduos, já que está orientado por tendências que os agentes não ligam conscientemente ao comportamento que adotam. Esta atitude, entretanto, contraria a tradição do pensamento político que procura explicar o comportamento na forma de objetivos racionalmente adotados pelos agentes. Hobbes, por exemplo, partiu do pressuposto hedonístico de que o homem procura realizar seus interesses com o menor custo e Bentham entendeu o processo político como uma série de cálculos utilitários sobre os melhores meios para alcançar os objetivos prioritários dos indivíduos. A Perspectiva Racionalista não exclui a importância das tendências, mas as desloca para o campo dos motivos, ou seja, dos fatores que são levados em conta na escolha de determinado comportamento político. Por isso, ela é totalizante, no sentido de levar em consideração as tendências da personalidade básica do indivíduo (ou grupo) assim como os objetivos racionalmente selecionados. Admitindo que a Perspectiva Racionalista seja mais generalizada no que tange o fenômeno político, sempre que se tem em vista os indivíduos, ou isolados ou em grupo, há de se reconhecer que a análise apenas das razões (tendências) e dos objetivos (escolhidos racionalmente) é insuficiente. Essa percepção faz evidenciar a importância do ambiente da decisão, ou seja, da conjuntura em que ela está inserida, os elementos que não estão dentro da capacidade de intervenção do indivíduo ou do grupo. É no sentido de integrar as noções de ambiente, razões e objetivos que surge o princípio da razoabilidade, que leva em consideração o mundo real e seus aspectos reais e conjunturas concretas. A simples racionalidade leva em consideração apenas meios e fins, privilegiando determinados fins em detrimento de outros, enquanto que a razoabilidade, conceito mais rico que o de racionalidade, implica a busca por equilíbrio de objetivos. Não é de surpreender que este conceito tenha chamado tanto a atenção das ciências militares, que, via de regra, lidam com situações conflituosas e com objetivos concretos bem determinados. Numa batalha, por exemplo, devem-se estudar as expectativas do comportamento adotado pelo adversário, informação crucial do processo de tomada de decisões, e estabelecer um plano de execução, o qual dá origem ao conceito de estratégia.

Essas perspectivas, no entanto, são passíveis de críticas, como a crítica funcionalista, que parte do pressuposto de que a explicação do fenômeno político será insuficiente sempre que se limitar em considerar o comportamento individual dos agentes, mesmo que inseridos num grupo que tomou ou luta para tomar o poder. A dimensão que julgam faltar é justamente a da função desempenhada pelo agente, ou seja, o comportamento político é influenciado pelas tendências individuais, mas é, também, e principalmente, resultante das expectativas e exigências feitas pela sociedade ao agente e sua capacidade de agir e responder à pressão dessa sociedade. O funcionalismo absoluto levou a algumas atitudes que pretenderam transformar determinados grupos funcionais em material intocável, recebendo críticas por parte, por exemplo, de Merton, que afirma que todo sistema apresenta elementos que perderam a funcionalidade, que são supérfluos ou que nunca tiveram função. Merton também afirmava que um só elemento pode desempenhar várias funções, assim como vários elementos podem substituir-se reciprocamente no desempenho da mesma função, a exemplo dos Exércitos que assumem a função do Governo. Há ainda a ideia de disfunção, que exprime o fato de um elemento do sistema impedir a adaptação deste a mudanças. A essência da perspectiva funcionalista é institucionalizar o fenômeno político, no sentido de considerar o Poder como um conjunto de tipos de conduta dos agentes, cada um desempenhando uma dada função e todas inter-relacionadas.

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