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Crimeia Vota Sob Olhares Da Ucrânia E Da Europa

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Por:   •  9/5/2014  •  1.080 Palavras (5 Páginas)  •  496 Visualizações

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A Crimeia vai às urnas neste domingo num referendo para decidir se deixa a Ucrânia e passa a integrar a Rússia. Mas o que está em jogo é muito mais do que o destino da região e seus dois milhões de habitantes. Os acontecimentos na península do Mar Negro vêm sendo acompanhados como decisivos para o futuro da Europa. Com a “reunificação” da Crimeia à Rússia, 60 anos depois de ter sido presenteada à Ucrânia pelo líder soviético Nikita Kruschev — o mais provável resultado a votação de hoje — há o risco de reação em cadeia, de que outras cidades do Leste, de maioria russa, sigam o exemplo da Crimeia, um movimento temido pela Ucrânia e pelo Ocidente, que ameaça a Rússia com sanções por incentivar o separatismo no país vizinho. Desde quinta-feira, três pessoas morreram em confrontos entre nacionalistas ucranianos e manifestantes pró-Rússia em Donetsk e Kharkiv.

A expectativa é de que um milhão e meio de eleitores da península ucraniana da Crimeia votem no referendo. Segundo as previsões, o resultado será favorável à anexação. Os locais de votação fecharão as portas às 20h00m (15h00m de Brasília) e os resultados definitivos serão anunciados durante a manhã de segunda-feira, segundo a comissão eleitoral. Mas ainda neste domingo devem ser divulgadas estimativas.

O referendo deste domingo foi convocado às pressas depois que um grupo pró-russo tomou o poder na península, dias após a queda do presidente ucraniano Viktor Yanukovich, apoiado pelo Kremlin, e a sua substituição por líderes interinos simpáticos à aproximação com a União Europeia. A maioria da população da Crimeia — quase 60% — é de origem russa. Neste sábado, numa tentativa inócua de impedir o referendo, o Parlamento ucraniano dissolveu o Parlamento da Crimeia, como já ameaçara fazer se a consulta popular não fosse cancelada. E num aumento significativo das tensões, o governo ucraniano denunciou uma incursão de tropas russas em território fronteiriço do país, fora da Crimeia.

Para o alemão Volker Weichsel, analista da revista política “Osteuropa” (Leste da Europa), o perigo de uma guerra no continente nunca foi tão grande desde a desintegração da União Soviética.

— Eu descarto a possibilidade de a Otan (aliança militar ocidental) entrar no conflito, mas para a Ucrânia só seria possível retomar o controle da Crimeia com força militar. Eu espero que isso não aconteça, mas o perigo de um conflito militar, mesmo que no plano regional, é enorme — diz Weichsel.

Guerra de propaganda

Em Donetsk, uma das mais importantes cidades industriais do Leste ucraniano, onde um manifestante de 22 anos morreu nesta semana nos confrontos entre forças pró-Ucrânia e pró-Rússia, a rivalidade é grande. Aqueles que simpatizam com a causa russa aguardam o desfecho da crise na Crimeia para planejar ações semelhantes. Em Kharkiv, perto da fronteira com a Rússia, políticos foram presos depois de admitirem a possibilidade de um referendo semelhante para a separação da Ucrânia. Manifestantes pró-Rússia ocuparam as ruas também de Odessa, uma importante cidade no Sudeste da Ucrânia.

— Em Kharkiv, todos nós falamos russo e temos mais identidade cultural com a Rússia do que com a Ucrânia — disse o advogado Nikolai Charkovenko.

Contrário à separação da Crimeia da Ucrânia, Charkovenko vê o conflito como resultado do jogo de interesses do Ocidente e da Rússia. Segundo ele, a Suíça é o melhor exemplo de como é possível as diferentes regiões de um país terem idiomas diferentes e assim mesmo haver a convivência pacífica dentro das mesmas fronteiras nacionais.

Analistas veem, porém, o perigo de reação em cadeia depois do referendo, como alerta Anatoli Rachak, do Instituto de Ciências Políticas de Kiev:

— O perigo de divisão da Ucrânia entre Leste e Oeste nunca foi tão grande.

Para evitar confrontos, depois que a Rússia admitiu a possibilidade de enviar tropas ao Leste da Ucrânia, alegando o objetivo de proteger cidadãos russos dos nacionalistas ucranianos, Sergey Chernov, do Partido das Regiões, o mesmo de Yanukovich, afirmou

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