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Crises Economicas

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Por:   •  11/5/2014  •  2.429 Palavras (10 Páginas)  •  452 Visualizações

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expressão de uma crise que estava em formação nos últimos anos no centro do A explosão da bolha imobiliária nos Estados Unidos em 2008 foi um dos fatores de mundo capitalista, fundamentada na expansão desmedida da especulação financeira, patrocinada por bancos e investidores que inventavam capital com a reprodução de derivativos e expectativas de crescimento da economia mundial sem o devido lastro material e produtivo.

Tal crise, que continua a ter reflexos em todo o planeta, não foi fruto de um acontecimento isolado na história do sistema econômico mundial, pois se insere num percurso de crises mais intensas, segundo Coggiola, periódicas e típicas da economia capitalista como a de 1873-1896 (engendrada na Inglaterra) e a de 1929-1939 (emulada nos Estados Unidos).

Extremamente oportuno, o livro procura analisar as teorias liberais e, principalmente, marxistas das crises econômicas, apresentando um balanço das consequências dramáticas à humanidade produzidas pelas depressões (desemprego, redução da produção, fome, aumento da desigualdade, conflitos bélicos, xenofobia, ultra-nacionalismo, imperialismo). Apesar de ajudar a compreender o processo que leva às crises de efeitos globais e suas consequências, a preocupação do autor não recai em estudar este último abalo econômico desvelado em 2008. Seu interesse é apresentar o percurso das crises do sistema capitalista desde o momento em que elas passaram a ter efeitos globais, por isso sua periodização parte do abalo financeiro de 1873-1896 e chega aocrash de 1929-1939.

O livro está organizado em três capítulos: (1) "Considerações iniciais"; (2) "Século XIX, do auge à crise"; (3) "A crise de 1929 e a segunda 'grande depressão'". Contém ainda uma bibliografia de referência interessante e diversificada sobre o tema das crises econômicas mundiais e uma introdução escrita pelo professor da Universidade Estadual de Campinas, Plínio de Arruda Sampaio Júnior.

A atualidade do livro, apesar de o autor centrar o seu conteúdo na análise das crises de 1873 e de 1929, deve-se ao vínculo de continuidade estabelecido entre o processo histórico que atravessa essas duas depressões, que chegaria também ao abalo financeiro de 2008: a condição estrutural do capitalismo como um sistema econômico no qual a existência de crises esporádicas seria constituinte de seu modo de ser e se organizar.

O caráter "cíclico" das crises é apresentado como o principal eixo interpretativo, e hipótese defendida ao longo do livro. Isso porque esse modelo econômico e de produção conteria em si as contradições estruturais de sua reprodução e expansão, que inevitavelmente para seguir adiante de tempos em tempos teria de se reorientar, destruir parte dos fatores que levaram à crise, expurgando de alguma maneira o capital e a produção excessiva, as rendas usurárias, a especulação, a distribuição da riqueza, o trabalho. Em contrapartida, nas crises, aqueles que a desencadearam em maior dimensão, os grandes especuladores, investidores, rentistas e capitalistas, ainda que fossem atingidos tenderiam a incrementar a concentração dos diferentes setores e negócios da economia depreciados, falidos e encerrados por conta da depressão.

Para identificar esse "processo" cíclico do capitalismo, o autor desenvolveu um debate teórico no primeiro capítulo do livro, no qual retoma as ideias de Karl Marx sobre a origem das crises econômicas como algo constituinte do sistema capitalista e não como um "desvio", um acidente. Citando Marx, ele afirma: "as crises do mercado mundial devem ser concebidas como a concentração real e a compensação violenta de todas as contradições da economia burguesa. [A crise] é o violento reestabelecimento da unidade entre [momentos] independentes e a violenta independização de momentos que, essencialmente, são a mesma coisa. Todas as contradições da produção burguesa atingem coletivamente a explosão nas crises mundiais gerais" (p. 41).

O autor enfatizou também como as teorias liberais obscureciam a capacidade de entender o evento das depressões econômicas de maior vulto, uma vez que não ofereciam uma compreensão estrutural, sendo que "antes de Marx, ninguém conseguira deduzir os limites da produção capitalista como algo que lhe fosse imanente e lhe denunciasse sua historicidade e transitoriedade: a auto-expansão do capital possui contradições incuráveis", sentencia o autor (p. 69). A resolubilidade transitória da crise seria possível (e o autor procura mostrar que assim o fora em 1873 e 1929) pela destruição das forças produtivas, na qual alguns seriam mais afetados que outros, até o momento da próxima depressão. A resolução definitiva, entretanto, viria apenas com a revolução social, que produziria a substituição do modo de produção capitalista pelo socialista, segundo o autor, inspirado em Marx. E como ela não veio nos países capitalistas centrais, resta a análise das circunstâncias diretas das crises mais agudas enfrentadas pelo sistema, e é o que está proposto nos dois outros capítulos.

O segundo capítulo dedica-se a analisar o desenvolvimento da crise iniciada em 1873, e a sua superação na última década do século XIX. A característica dessa depressão, e que a distinguiu de outras anteriores, foi sua dimensão econômica mundial e seu caráter geral, não tendo sido apenas setorial e nacional. Ela teria iniciado com o "craque da Bolsa de Viena" e ao atingir a "economia inglesa", em vista do seu papel central no capitalismo da época, ganhou escala mundial (p. 71).

O autor descreve as causas e as consequências mais imediatas da crise, que variavam conforme o país analisado: falências bancárias na Áustria, nos Estados Unidos e na Alemanha, país que também se defrontou com o aumento dos custos de sua indústria e a queda da sua rentabilidade; baixa de preços de atacado em diversos países – Grã-Bretanha, 32%, Alemanha, 40%, França, 43%, Estados Unidos, 45% – ; superprodução de mercadorias, redução da taxa de lucro e dos salários; desemprego; falências como na Inglaterra que, em 1873, se defrontou com cerca de 7490 e em 1879 com 13.130.

A influência e o impacto dessa depressão no quadro geopolítico também mereceram atenção, isso porque a sua superação esteve relacionada com a expansão do capitalismo numa nova fase: a do imperialismo, facilitada pela emergência de grandes corporações, concentração econômica e controle de mercados, e pela partição da África entre países imperiais simbolizada na Conferência de Berlim de 1884, e que expressava, segundo Engels, citado por Coggiola, o "botim pelas suas companhias" (p. 83). A esse respeito foram apresentados dados comparativos das

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