Intersetorialidade Na Saude
Trabalho Universitário: Intersetorialidade Na Saude. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: AndreiaCastro • 7/4/2013 • 1.709 Palavras (7 Páginas) • 425 Visualizações
Ao contrário da realidade atual, o surgimento das ciências sociais, abordava aspectos sociais da humanidade de forma ampla, integral, ou seja, generalizada. Porém com a progressão dos estudos e pesquisas foram-se especializando os conhecimentos, transformando-se em uma disciplina - a sociologia. Esta se dividiu em várias especialidades como a sociologia Jurídica, Industrial, Rural e Urbana, entre outras (GALLIANO, 2002; LARA, 2007).
O aumento da produção do conhecimento e a busca de especialização e focalização para a compreensão das diferentes questões que se apresentavam às ciências como um todo, progrediram na direção da fragmentação de saberes. Viu-se a necessidade de separar as áreas para um estudo mais detalhado e preciso. Se, por um lado, isso foi positivo para a ciência e para a sociedade, por outro lado, ressalta a divisão e distância entre as áreas do conhecimento, dificultando a compreensão do todo (GALLIANO, 2002; LARA, 2007).
A idéia de soluções focalizadas e fragmentadas não responde às necessidades de intervenção em saúde do trabalhador, muito embora não se possam desprezar os conhecimentos especializados. A focalização de uma determinada problemática, muito embora específica, relaciona-se com a totalidade, sendo esta complexa, multifacetada e integrante de um modelo de desenvolvimento globalizado que se manifesta em situações locais. A busca de compreender a complexidade das questões sociais impôs novos processos de estudo e prática social, como o caso da transdisciplinaridade, buscando a re-integração das diversas áreas do conhecimento e a busca de uma visão da totalidade, mesmo considerando as diversas partes do conhecimento (POMBO, 2004).
O campo da saúde do trabalhador foi ao longo da história marcado por muitas lutas e conquistas, sendo que as transformações nos processos produtivos, com diferentes momentos, especialmente aqueles posteriores e iniciados na revolução industrial, também foram sendo modificados a partir do desenvolvimento tecnológico e das formas de atuação do capital. Os movimentos de trabalhadores sempre responderam às mudanças e, a partir de suas pressões conquistaram espaços como: introdução dos médicos nas fábricas (medicina do trabalho) posteriormente substituída pela saúde ocupacional; criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT); a revolução do movimento operário italiano; da reforma sanitária; movimentos sindicais; realização de conferências nacionais de saúde do trabalhador, Constituição de 1988; lei 8080 /90 e dentre outras (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).
Pode-se afirmar que os movimentos de trabalhadores tiveram grande importância tanto para as lutas e conquistas gerais da sociedade quanto para as temáticas específicas das relações de trabalho (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).
Todo este processo sócio-político-econômico de mudanças, no qual os trabalhadores lutaram pelos seus direitos, seja porque resistiram ou avançaram em conquistas, levou ao surgimento de um novo enfoque para a relação trabalho-saúde / doença – o da saúde do trabalhador (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).
A concepção de saúde do trabalhador, como movimento e prática social engloba uma multiplicidade de sujeitos e espaços institucionais. Em seu conjunto, relacionam as possibilidades de êxito dessas ações à incorporação dos trabalhadores como sujeitos no espaço público, co-participantes legítimos nas decisões relativas ao seu trabalho e a sua saúde, e atores fundamentais no exercício do controle social das medidas que lhe são destinadas (Minayo-Gomez e Thedim-Costa, 2003).
É preciso registrar que os próprios trabalhadores são partícipes de uma sociedade que compreende a realidade de forma fragmentada. Assim também o é em suas lutas corporativas. A inexistência de intersetorialidade nas organizações de trabalhadores é também sentida nas suas reivindicações junto às políticas públicas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).
Uma das temáticas capazes de registrar como a luta dos trabalhadores remete ganhos para toda a sociedade é o trabalho infantil. A compreensão do mesmo impõe a percepção que esta problemática tem a ver com o padrão e o modelo de desenvolvimento das diferentes sociedades, como também os aspectos históricos culturais de compreensão do controle dos problemas sociais, especialmente no que se refere à educação de crianças e adolescentes(ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2006).
O mundo do trabalho, imerso e postulante de contradições, convive com lutas específicas e gerais, como o caso dos direitos da criança e do adolescente onde temos uma rede social que protege seus infantes e, de outro lado, a convivência com as piores formas de trabalho infantil nos mesmos espaços societários.
Ao estabelecer as piores formas de trabalho infantil, disciplina-se o trabalho como forma educativa de uma sociedade. Há trabalhos bons e trabalhos ruins e, esses parâmetros estão colocados no conjunto da sociedade onde há adolescentes que precisam trabalhar para o sustento de si e dos seus e, de outro lado, adolescentes em plena inclusão nos processos educacionais e culturais como integrantes do desenvolvimento saudável (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2006).
O enfrentamento às piores formas de trabalho infantil faz parte das ações em Saúde do Trabalhador, pois estão no mundo do trabalho em atividades prejudiciais à sua saúde e, que muitas vezes estão à margem da garantia de direitos no mundo do trabalho, muito embora estejam incluídas neste de forma subalternizada e explorada em ações ilegais, ilícitas e/ou irregulares (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2006).
A Organização Internacional do Trabalho, por meio da Convenção n˚ 182 adota como as piores formas de trabalho infantil:
a) todas as formas de escravidão ou práticas análogas à escravidão, como venda e tráfico de crianças, sujeição por dívida, servidão, trabalho forçado ou compulsório, inclusive recrutamento forçado ou compulsório de crianças para serem utilizadas em conflitos armados; b) utilização, demanda e oferta de criança para fins de prostituição, produção de material pornográfico ou espetáculos pornográficos; c) utilização, demanda e oferta de criança para atividades ilícitas, particularmente para a produção e tráfico de drogas conforme definidos nos tratados internacionais pertinentes; d) trabalhos que, por sua natureza ou pelas circunstâncias em que são executados, são susceptíveis de prejudicar a saúde, a segurança e a moral da criança (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 1999).
O trabalho precoce é um grande problema no Brasil e traz conseqüências sérias para as crianças e adolescentes.
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