O plano real na perspectiva histórica
Tese: O plano real na perspectiva histórica. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: JMA1986 • 2/11/2014 • Tese • 914 Palavras (4 Páginas) • 273 Visualizações
O Plano Real numa perspectiva histórica
25 de março de 2014 | 2h 05
Saulo Said* - O Estado de S.Paulo
Ao completar 20 anos, o Plano Real não tem despertado todo o interesse que o episódio merece. A polarização nacional PSDB-PT gerou uma disputa narrativa, cada qual amplificando seus méritos e apagando os do adversário. A narrativa prevalecente (petista) tende a minimizar a importância do plano. Do que se trata, afinal? Em poucas palavras, em 1993 a inflação atingia 2.851%. Contraste-se esse valor com a inflação média do governo Fernando Henrique Cardoso (12,6%) e do governo Lula (6,3%) para entender a importância do tema.
Analisando o Índice Geral de Preços (disponibilidade interna) desde 1946, podemos enquadrar o tema dentro de uma perspectiva histórica ampliada. No pós-guerra, os preços estiveram sob controle até meados do governo Juscelino Kubitschek. A partir de 1958 iniciou-se uma escalada inflacionária, com índices anuais superiores a 30% e subindo rapidamente depois de 1960. O auge dessa escalada se deu em 1964, quando a inflação atingiu 86%. O plano de estabilização do governo Castelo Branco conseguiu reduzir o índice paulatinamente, até atingir 24% em 1967. O índice estabilizou-se nessa patamar até o fim do governo Médici. Sob Geisel, os preços voltaram a subir, com o quadro se agravando a partir de 1979. Entretanto, enquanto a economia crescia, a inflação (mesmo alta) era tratada como secundária.
No governo Figueiredo a inflação alta dava sinais de que tinha vindo para ficar. O menor índice registrado no período foi de 94% (em 1981). Apesar de uma breve esperança no início do Plano Cruzado, a inflação voltou com força total. Entre 1987 e 1993 os brasileiros foram apresentados ao monstro da hiperinflação. Em sete anos a inflação ultrapassou os 1.000% cinco vezes!
A inflação era prejudicial a todos os setores da sociedade, sendo os mais pobres os mais afetados. Nenhuma medida foi tão drástica na redução da pobreza e da extrema pobreza como o Plano Real. (Por drástica me refiro à velocidade das mudanças.) Entre 1993 e 1995 a proporção de famílias pobres e extremamente pobres caiu de 51% para 39%!
Em cinco décadas, economistas irresponsáveis ou políticos sem a devida convicção fizeram do Brasil um tubo de ensaio para as teses mais esdrúxulas de combate à inflação. Planos ortodoxos foram abandonados pela metade. JK abandonou o plano de estabilização da dupla Lucas Lopes e Roberto Campos em 1959, percebendo que desaceleraria o crescimento. A bola de neve inflacionária cairia no colo de João Goulart, quando a inflação atingiu o pico do período - 86% - e minava o próprio crescimento econômico. Também Jango abandonou planos mais ou menos ortodoxos elaborados por Celso Furtado e, mais tarde, por Carvalho Pinto, quando os primeiros sinais de impopularidade apareceram. Os trabalhadores não aceitavam o congelamento de salários e os empresários não aceitavam o fim da mamata de empréstimos do Banco do Brasil. Somente Castelo Branco, blindado politicamente por uma ditadura, se emprenharia no combate à inflação sem se preocupar com a popularidade. A partir do governo Geisel o descaso com a alta dos preços enraizou uma cultura inflacionária, forte obstáculo à estabilização.
Nos anos 1980 e 1990, a falta de coragem de governos somou-se ao populismo e a planos econômicos semiamadores. Medidas vexatórias como o controle de preços, programas como "os fiscais do Sarney" e as constantes substituições da moeda fizeram do
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