Organização política
Tese: Organização política. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: leoedi • 28/4/2014 • Tese • 1.168 Palavras (5 Páginas) • 174 Visualizações
Organização política
As aldeias Paresí são unidades políticas autônomas, e somente àquelas que formam um grupo local compete arbitrar sobre questões relativas à vida social. De um modo geral, é inconcebível a idéia de que moradores de uma aldeia possam vir a intervir diretamente nos assuntos de um grupo local que não o seu. O destino de uma aldeia está nas mãos de seus moradores e as deliberações daquele que lidera o grupo local devem ser respeitadas pelos outros líderes, não sendo admissíveis quaisquer tentativas de dissuasão.
Os grupos locais reconhecem a liderança de um indivíduo weikate wénakalatí (dono do lugar) – que indica ter sido ele que tomou a iniciativa de construir uma háti (casa) naquele local.
O modelo de organização política, tal como se apresenta nos dias atuais, difere dos padrões existentes no passado. Ainda no início do século vigorava um tipo de classificação social que distinguia uma classe de pessoas designadas ezékwaharé – que traduzimos como “doadores” – de outra, composta pelos ewakaneharé, cujo significado etimológico parece ser “mandado” (ver item “categorias sociais”).
Em uma aldeia, os “donos das casas” eram os indivíduos da categoria ezékwaharé, que tinham autoridade sobre os ewakaneharé de seu grupo familiar, exercida a nível de orientação dos trabalhos de grupo e organização das cerimônias (festas de chicha). O prestígio e autoridade de um “dono de casa” se baseava no fato dele ser da classe ezékwaharé, assim como em sua habilidade política para manter o grupo doméstico coeso, atuando como um guardião da ordem. Cabia-lhe apaziguar ânimos exaltados e evitar que pequenas disputas ameaçassem a unidade do grupo familiar.
Em geral, aqueles que tomavam a iniciativa de construir uma nova casa eram homens da categoriaezékwaharé. No caso de sucessão, o filho mais velho ocupava o lugar do pai. O primogênito de um “dono de casa” devia permanecer junto à família de origem, após o casamento.
Entre os ezékwaharé, donos de casas, existiam aqueles que eram conhecidos como ezékwahasetí, que seriam os “chefes verdadeiros” dos grupos locais. Enquanto a autoridade de um “dono de casa” se exercia no âmbito de seu grupo doméstico, o ezékwahasetí podia agir indiretamente sobre os grupos familiares da aldeia, gozando de reconhecimento e prestígio.
Atualmente, os Paresí referem-se aos donos de aldeia pelo termo ezékwahasetí, que sofreu uma ressignificação, uma vez que não se apóia, como antes, na classificação social ezékwaharé/ewakaneharé. O nome indica que o indivíduo é o “chefe” ou “capitão” do grupo local. Hoje a autoridade do ezékwahasetí esta relacionada diretamente aos assuntos da aldeia, tais como administração das atividades de subsistência e a organização das festas de chicha. Os chefes de aldeia nem sempre são os intermediários dos Paresí junto aos agentes não índios. Entretanto, o domínio do idioma português e a sagacidade no trato com estes são fatores que conferem prestígio a um líder de aldeia.
Um chefe de aldeia deve ser muito cauteloso ao se dirigir às pessoas, seja para distribuir tarefas, seja para dar conselhos. Os Paresí não aceitam ordens. Um chefe deve sugerir, nunca mandar.A posição de chefe de uma aldeia se transmite por herança, de pai para filho, preferencialmente o primogênito. O candidato deve ter o dom da oratória, ser enérgico, firme nas decisões e mostrar habilidade para conduzir-se em situações conflituosas.
Na relação inter-aldeias, o prestígio de um chefe se manifesta através do comparecimento às festas de chicha. Quanto mais concorrida for uma festa, maior é a estima que se tem pelo evento. Nelas um chefe de aldeia se apresenta como um doador de chicha, atitude que simboliza a própria concepção de chefia.
Organização política
As aldeias Paresí são unidades políticas autônomas, e somente àquelas que formam um grupo local compete arbitrar sobre questões relativas à vida social. De um modo geral, é inconcebível a idéia de que moradores de uma aldeia possam vir a intervir diretamente nos assuntos de um grupo local que não o seu. O destino de uma aldeia está nas mãos de seus moradores e as deliberações daquele que lidera o grupo local devem ser respeitadas pelos outros líderes, não sendo admissíveis quaisquer tentativas de dissuasão.
Os grupos locais reconhecem a liderança de um indivíduo weikate wénakalatí (dono do lugar) – que indica ter sido ele que tomou a iniciativa de construir uma háti (casa) naquele
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