Resenha Critica Sobre Artigo Incursões na Teoria da Resolução de Conflitos na Parte da Teresa Almeida Cravo
Por: Thaise Dias • 25/6/2019 • Resenha • 985 Palavras (4 Páginas) • 407 Visualizações
Partindo do entendimento de Galtung que a definição realista de paz como ausência de violência é limitada e volátil, o mesmo chega no conceito de paz negativa, como ausência de guerra, e a positiva, como sinônimo de integração humana, passando pela apresentação dos triângulos da violência e da paz. Tendo o primeiro os vértices da violência, violência direta, ato intencional de agressão, violência estrutural, estrutura invisível que permite a exploração daqueles colocados na posição de subalternos e violência cultural, sistema legitimador das outras violências, naturalizando-as, Teresa vai mostrar a mudança que Galtung traz, tendo como paz positiva a conquista da justiça social, propondo um olhar mais atento sobre as estruturais globais que permitem a repressão.
A autora diz que a partir disso, fica claro porque Galtung se volta para estudar o intervencionismo internacional, no artigo em que fala sobre Peacekeeping, Peacemaking e Peacebuilding, onde se foca em acabar com a violência direta, mas perpetuava uma violência estrutural que, no limite, promovia a violência direta. Assim, era um ciclo vicioso que demostrava a ineficácia da intervenção, que negligenciava as causas profundas e não permitiam chegar à paz sustentável. Fala também que para o Galtung defende que a luta pela consolidação da paz depende de várias frentes, como equidade, entropia e simbiose.
Inspiradas nas ideias de Galtung e o contexto internacional favorável à uma dinâmica intervencionista, as intervenções da ONU terão quatro fases: a diplomacia preventiva, antes do conflito tenta produzir um acordo de paz; o restabelecimento da paz, depois do conflito tenta produzir um acordo de paz mas por meio da coerção; a manutenção da paz, força militar levemente armada contra as forças de luta; e a consolidação da paz. Sendo o último focado nos pós conflito, uma novidade prioritária na agenda tendo a “tarefa negativa de evitar o retomar das hostilidades; e, por outro, a tarefa positiva de “enfrentar as causas profundas do conflito”, visando a paz autossustentável para que não se volte ao conflito armado. Nesse momento se enfatiza as ações integradas, uma interligação necessária e fundamental para resolução do conflito.
O texto aponta também que as missões foram influenciadas pelo fim da Guerra Fria e vitória do Liberalismo, assim foi utilizado o enfoque da paz liberal, que tenta moldar o sistema internacional de acordo com os valores vencedores, ou seja, principalmente a democracia liberal e economia de mercado. Tornando consolidação da paz, que poderia ter uma infinidade de aplicações, engessada à raiz ocidental, criando um padrão de atuação incompatível com a pluralidade das regiões.
Dessa forma, durante a década de 90, a paz liberal é implementada amplamente em quatro dimensões: militar e de segurança, vindo da necessidade da centralização do poder político e equilíbrio entre as partes conflitantes, se traduzindo em programas específicos para combatentes; político-constitucional, legitimação dos órgãos de poder enfraquecidos pelos conflitos para isso cria-se eleições; socioeconómica, ajuda financeira internacional para reconstrução do país seguindo os preceitos liberais; e psicossocial, reconciliando comunidades fragmentadas dentro de um longo processo de construção de relações pacíficas. Fica claro os objetivos principais: a reprodução do Estado Ocidental weberiano na periferia e a integração desses espaços na economia capitalista mundial, demonstrando a característica imperialista das missões.
Nesse início dos anos 90, as expectativas são grandes, porém, devido aos fracassos das missões, por exemplo, na Angola, Bósnia e Ruanda, o otimismo vai se enfraquecendo diante da paz liberal que se mostra limitada diante da complexidade das sociedades afetadas pela guerra, a abordagem passa a ser criticada quanto à eficácia do próprio modelo. Mesmo partindo do
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