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TEMA: Relações Sino-Americanas no Contexto do Conflito do Mar do Sul da China

Por:   •  18/9/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.803 Palavras (8 Páginas)  •  237 Visualizações

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ANÁLISE

TEMA: Relações Sino-Americanas no Contexto do Conflito do Mar do Sul da China

ALUNO: Rafael Costa Alves

MATRÍCULA: 1521010117

Como posto na contextualização do presente trabalho, a sua problemática é a investigação do impacto do conflito no Mar do Sul da China nas relações entre Estados Unidos e China. Para analisar tais desdobramentos, como posto no capítulo dos Instrumentos Conceituais deste trabalho, são utilizados os conceitos da escola realista das Relações Internacionais.

Sob tal perspectiva realista, as relações entre os atores, principalmente os Estados, são influenciadas majoritariamente pela sua busca por sobrevivência, a qual é garantida pelo poder relativo que tais atores tem entre si. Dessas relações de poder é que decorrem os desdobramentos das relações internacionais.

A importância do Mar do Sul da China para o cenário internacional vem de vários fatores, como o transporte de hidrocarbonetos por suas águas. Estados Unidos e China transportam por esse mar grandes proporções de seu comércio dessas substâncias: 40% do petróleo importado pela China e 4 bilhões de dólares do comércio de hidrocarbonetos dos EUA passam, por ano, pelas águas desse mar (SPUTNIK, 2017); atualmente, inclusive, foi descoberto nesse mar o “gelo combustível”, ou “hidrato de metano, também conhecido como gelo combustível, que é tido por muitos como o futuro do abastecimento de energia” (BBC, 2017).

Por isso, Segundo Sean Spicer, representante oficial da Casa Branca, declarou em janeiro do ano corrente, que "os EUA pretendem proteger seus interesses nacionais nessa região" (SPUTNIK, 2017).

O Mar do Sul da China é, também uma região bastante estratégica, pois tem bastante relevância geográfica, energética e estratégica porque, para além de ser o maior mar do mundo, com cerca de  3,5 milhões de quilômetros quadrados (SANTOS, 2016, p. 4), por lá passam cerca de 5 trilhões de dólares em mercadorias por ano. Também contém grandes reservas de gás e petróleo estimada em “11 bilhões de barris de petróleo e aproximadamente 190 trilhões de metros cúbicos de gás, as autoridades chinesas consideram 125 bilhões de barris de petróleo e 500 trilhões de metros cúbicos de gás, respectivamente” (SANTOS, 2016, p. 4 e 5); além disso, atua como uma ligação entre os oceanos Índico e Pacífico no Estreito de Malacca, e se unindo com outros mares nos Estreitos de Taiwan e de Lombok (SANTOS, 2016, p. 4).

Objetivando impedir que a China logre êxito em suas pretensões, os Estados Unidos apoiam atualmente grande parte das suas participações na região em uma decisão colegiada do Tribunal Permanente de Arbitragem (TPA) que, na disputa entre as Filipinas e a China, condenou a china à perda de 90% dos território em disputa e declarou que ela a) Construiu ilhas artificiais na zona econômica exclusiva das Filipinas, causando danos irreparáveis ao meio ambiente nos locais; b) Agravou a disputa entre as partes pelos territórios; c) A China quebrou as suas obrigações assumidas no âmbito da Convenção de Montego Bay e deve se abster de qualquer medida capaz de exercer efeito prejudicial e que possa agravar ou estender a disputa (TPA, 2016).

Uma concessão dos Estados Unidos em relação ao expansionismo chinês, ainda mais numa época em que os ânimos do mundo começam a se acirrar com a queda cada vez mais acentuada da potência dominante e a ascensão rápida da potência nova, pode ser interpretada como fraqueza. Há entre os dois países uma relação classificada na doutrina realista como a “armadilha de Tucídides”, na qual uma potência estabelecida e uma potência emergente inexoravelmente entram em colisão (ZHAO, 2017, p. 1).

O crescimento chinês e o americano dão mostras de que essa relação é existente, mesmo que negada pelos seus governos (ZHAO, 2017, p. 2). O crescimento chinês é previsto de ser de 6,5% no ano de 2017 e foi de 6,9% em 2016 (EXAME, 2017), enquanto o americano, de 1,6% em 2016 e 3% em 2017 (EM, 2017). Essa diferença tende a ser mantida pelas próximas décadas. A economia chinesa já ultrapassou, segundo o Fundo Monetário Internacional, em paridade de poder de compra (PPC), o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA “em cerca de US $2,7 trilhões” (SPUTNIK, 2017).

Para vencer a disputa pelos territórios do Mar do Sul da China contra Vietnã, Filipinas, Malásia e Brunei, a China tem construído ilhas artificiais, as quais foram tem sofrido duras críticas da comunidade internacional e foram até mesmo condenadas, como dito acima, pelo TPA.

Assim, essa disputa de poder entre as duas potências tende a se manifestar em âmbitos cada vez mais periféricos e diversos, como ocorreu na bipolaridade entre Estados Unidos e União Soviética na Guerra Fria, período de conflito indireto entre as duas potências que perdurou entre o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e a queda do Muro de Berlim, em 1989.

Esse efeito tem na escola realista uma explicação, a qual vem da balança do poder, a qual é uma situação em que os atores se juntam em blocos para balançar o poder e evitar que uma potência se torne forte o bastante para sobrepujar e subjugar as outras. É uma decorrência do medo do futuro e da insegurança constante diante de outros Estados (dilema da segurança).

Assim, aliados militares dos EUA, como a França, tem atuado também no conflito. A França tem inclusive pressionado a União Europeia por uma participação maior na região, por meio de patrulhas (PARSTODAY, 2016). Segundo o ex-ministro de Defesa do França, Jean-Yves Lhe Drian, "Se queremos conter o risco que pode gerar um conflito, devemos defender este direito” e "A Armada francesa tem cruzado essas águas durante anos e seguirá fazendo. Este é o princípio que França se cumpra, fazendo navegar seus barcos e voando seus aviões por onde a lei internacional permita e por onde os operativos devam ser realizados” (PARSTODAY, 2016).

Do lado da China, o principal parceiro é a Rússia, que já tem até mesmo uma frota marinha conjunta (SPUTNIK, 2017).

A balança de poder, portanto, numa análise mais tacanha, parece pender para o lado dos Estados Unidos. A China, porém, tem empregado grande esforço militar para manter a região, tendo até mesmo aumentado em grandes proporções o seu orçamento militar e trabalhado com todo o seu empenho diplomático para assegurar o domínio das áreas desse corpo aquático.

O empenho chinês pode ser percebido no discurso incisivo de seu governo, que tem declarações bastante beligerantes sobre a região (SPUTNIK, 2017). E é possível notar um endurecimento cada vez maior no discurso americano (HAAS, 2017).

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