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Teologia

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Por:   •  3/6/2013  •  9.217 Palavras (37 Páginas)  •  909 Visualizações

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JOHN KNOX O FUNDADOR DO PURITANISMO

Muita gente pensa em John Knox unicamente em termos da Escócia e, portanto, essa gente acha que só aos escoceses cabe celebrá-lo e comemorar a sua obra. A resposta para isso pode ser dada desta maneira: todos os que visitaram Genebra e viram a Placa ou Memorial em homenagem aos grandes reformadores, terão notado que John Knox está incluído entre eles. Ele está naquela augusta com¬panhia, com Calvino e Farei; e isso deveria ser suficiente para fazer-nos compreender, não so¬mente que John Knox fez grandes e maravilhosas coisas na Escócia, e sim também o caráter interna¬cional da sua obra.

Proponho-me a considerar com vocês este ho¬mem em termos de uma declaração feita por Thomas Carlyle - um cidadão escocês, é certo, mas, não obstante, um historiador de fama, e que não diz as coisas levianamente. Em seu livro, Os Heróis e o Culto aos Heróis ("Heroes and Hero Worshippers") diz ele: "Ele foi o sumo sacerdote e o fundador da fé que veio a ser a fé característica da Escócia, da Nova Inglaterra e de Oliver Cromwell - isto é, do puritanismo". Carlyle de fato não inclui a Inglaterra - devia tê-lo feito - porém inclui a Nova Inglaterra e Oliver Cromwell. Ele reivindica em favor de John Knox que ele foi o pai e fundador de um movimento que levou a eventos extraordinários, não somente nas Ilhas Britânicas, mas bem mais distante, a eventos que influenciaram todo o curso da história. Essa declaração da Carlyle é justificável? Podemos consubstanciar a sua alegação? Proponho-me a demonstrar que em nenhum sentido se pode acusar Carlyle de exagero.

Antes de passarmos a pensar em Knox em particular como o fundador do puritanismo, dei¬xem-me dar-lhes um breve esboço da sua vida. Ele foi criado no catolicismo romano e se tornou sacer¬dote. Houve época em que ele era conhecido como "Sir" John Knox. Foi criado na pobreza, numa família pobre, sem antecedentes aristocráticos e ninguém que o recomendasse. Tornou-se o grande homem que foi, unicamente como resultado das suas extraordinárias habilidades naturais, e ainda mais como resultado da sua conversão. Ele foi convertido de maneira extraordinária, pela instrumentalidade de certos luminares de primeira grandeza da Reforma na Escócia - George Wishart e outros. Ele passou por uma mudança completa e, naturalmente, deu as costas ao catolicismo romano. Finalmente achou-se em St. Andrews, onde come¬çou a participar das atividades. A princípio ele não pregava, mas posteriormente foi forçado a fazê-lo. O resultado foi que, quando os franceses tomaram St. Andrews e fizeram bom número de prisionei¬ros, John Knox viu-se trabalhando como escravo numa galera francesa, e isso por quase dois anos. Foi uma experiência extenuante, na qual ele sofreu, não só os rigores desse tipo de vida, como também uma intensa crueldade. Isso, sem dúvida, deixou sua marca em toda a sua vida, porque minou a saúde dele; conseqüentemente teve que manter constante luta contra a enfermidade.

Finalmente pôde sair daquela situação, e voltou para a Inglaterra e Escócia. A situação ficou muito difícil para ele na Escócia, pelo que ele se estabele¬ceu na Inglaterra. Ele foi designado ministro e pregador em Berwick-sobre-o-Tweed ("Berwick-on-Tweed"), e permaneceu lá e em Newcastle-sobre-o-Tyne ("Newcastle upon Tyne") de 1549-51. (Há muita discussão sobre se ele nasceu em 1503 ou 1504, ou por volta de 1513 ou 1515. Isso não importa. O importante é que ele era homem de idade quando foi convertido nalgum ponto da década de 1540, e se tornou pregador em Berwick e Newcastle.) Depois disso ele veio para Londres; e nesse tempo Eduardo VI estava no trono. Knox tornou-se um dos capelães e pregado¬res da corte. Assim, ele estava no centro das atividades da Inglaterra, e em muitas ocasiões pregou na presença de Eduardo VI e da corte. Eduardo VI morreu com 16 anos de idade, e Maria, "Maria, a Sanguinária", subiu ao trono da Inglater¬ra. Knox e vários outros tiveram que fugir para proteger as suas vidas. Acabaram indo para o continente e começaram a estudar sob João Calvino, em Genebra; entretanto, nesse meio tempo, ele foi chamado para servir como co-pastor dos refugia¬dos ingleses que tinham formado uma igreja em Frankfurt-sobre-o-Meno. Assim, com muita relutância, e principalmente como resultado da persuasão de Calvino, ele foi para lá e pastoreou a igreja. Depois de muita dificuldade e disputa, ele foi mandado embora de Frankfurt e foi para Gene¬bra, junto com vários outros refugiados, e ali de novo se tornou pastor da igreja inglesa, de 1556-59. Então, em abril de 1559, após a morte de Maria, e quando Elizabeth subiu ao trono, em 1558, ele pôde retornar, não somente às Ilhas Britânicas, e sim também à Escócia. Começou a sua grande obra, a obra da sua vida, em certo sentido, na Escócia, em abril de 1559, e ali permaneceu até a morte, que ocorreu em 24 de novembro de 1572.

Aí temos apenas a estrutura mínima de um esboço da história deste homem. Existem muitas excelentes biografias dele. Recomendo uma das mais recentes, de autoria de Jasper Ridley. Com¬pensa dedicar-lhe cuidadoso estudo e consideração. É uma das melhores já escritas sobre ele, inteira¬mente superior a uma que foi divulgada há uns trinta anos, escrita pelo lorde Eustace Percy.

Vejamos agora a pessoa dele, propriamente dita. Nenhum homem sofreu maior difamação do que John Knox. Algo parecido aconteceu com Calvino também; mas é muito mais real com rela¬ção a Knox. Havia elementos, talvez, em seu caráter que provocavam isso até mais do que no caso de Calvino; porém tudo isso baseava-se na ignorância e, por certo, na malícia dos católicos romanos e de todos os outros tipos de católicos. Inevitavelmente, nestes dias de ecumenismo, um homem como John Knox é alvo de ácidos ataques. O principal interes¬se hoje está em Maria - Maria, rainha dos escoceses, que é descrita, e idealizada, até mais do que ela mesma se descrevia!

Contudo, não estou preocupado em defender John Knox. Ele não precisa de mim, nem de nin¬guém, para defendê-lo. Estudemos este homem admirável. Ele era de pequena estrutura - fato não sem significação! Alguém disse uma vez que as maiores coisas deste mundo foram feitas por ho¬mens pequenos e pequenas nações! Ele não era atraente, nem, de maneira nenhuma, se distinguia por sua aparência, a julgar pelos padrões moder¬nos. Era um homem forte e rude e, do ponto de vista físico, não havia nada nele que o recomendasse, exceto pelo fato de

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