A Mordomia cristã-Introdução

                                                   Mordomia cristã-Introdução

Desde os primórdios da criação o homem jamais aceitou dominação, seja essa imposta por outro homem ou por uma divindade, não é da natureza humana abaixar a crista e ser dirigido, guiado por quem quer que seja, sempre desde que se tem notícias de existência humana, seja esse homem domesticado ou não, o mesmo se apresenta como protagonista e jamais como coadjuvante. Neste documento falaremos amplamente sobre mordomia, palavra essa que a priori parece denominar uma situação benéfica, mas que na verdade exprime aceitação, cuidado, entrega, zelo e uma total subserviência, uma vida onde não há questionamento ou vontade própria, o “eu” não existe, o mordomo se despe de suas vontades e vive a vontade do seu contratante, não cabe ao mesmo julgar se o que faz é ou não salutar, legal ou necessário, cabe ao mordomo apenas executar a vontade daquele que o chamou.

Tratando no nível secular, ser mordomo é ser desprovido de status, quem é mordomo o é 24 horas por dia, ser mordomo exige disponibilidade e obediência canina, sendo assim quem se dispõe à esse oficialato, deve entender que não se trata apenas de uma profissão e sim de um sacerdócio.

Exige-se muito de quem se propõe a ser mordomo, devendo este ser alguém de extrema confiança, pois é dado a ele domínio sobre tudo e todos no seu local de trabalho, o mordomo sempre sabe tudo e tem acesso a tudo, requer-se também discrição não sendo permitido ao mordomo, jamais manifestar sua opinião, o bom mordomo deve sempre estar ciente que apesar de ter sob sua tutela todo o patrimônio de alguém, jamais ele terá autonomia sobre as mesmas, não podendo por ou dispor dos bens que lhe foram confiados, sabendo que a qualquer momento terá que prestar contas sobre suas funções.

Claro que a mordomia oferece seus benefícios, pois o mordomo goza de regalias, pois usufrui do bom e do melhor estilo de vida, pois tem ao seu dispor os bens que ele não trabalhou para ter.

 

Tudo lhe é confiado, ele pode se beneficiar dos bens aos quais foi designado para cuidar e proteger, sabendo porém nada lhe pertence.

Porém segundo minha impressão, mordomia consiste em cuidarmos de tudo que é importante para alguém, do ponto de vista do mordomo é um cargo de suma importância, porém do ponto de vista do proprietário contratante do mordomo, mordomia é a terceirização de bens, sou dono, mas não quero cuidar, quero que outro cuide daquilo que me é importante, confio nas mãos de outro aquilo que me é imprescindível, então não quero trabalhar para manter minha subsistência, vou pagar alguém para fazê-lo.

Vamos nos aprofundar no excitante exercício da governabilidade, administração, zelo, manutenção de bens alheios, parece insípido esse exercício mas na verdade é muito rico esse universo, como diria Maquiavel, para conhecer o caráter de um homem é preciso somente delegar-lhe poder, então navegando nesse universo poderemos decifrar o que vai no íntimo do ser humano, pois o mordomo é aquele que tem a chave dos bens, ao mordomo pertence a decisão, todos esperam dele a boa execução de suas funções, pois se algo der errado somente ele será condenado.