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A Reflexão bíblica de Tertuliano de Cartago

Por:   •  28/4/2018  •  Monografia  •  3.341 Palavras (14 Páginas)  •  317 Visualizações

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CENTRO PRESBITERIANO DE PÓS-GRADUAÇÃO ANDREW JUMPER

A REFLEXÃO BÍBLICA DE

TERTULIANO DE CARTAGO

Por

Oslei Nascimento

Monografia Apresentada ao

Rev. Dr. Alderi Souza de Matos

Como Requisito Parcial Para

A Disciplina

HIG-501 – Introdução ao Estudo da Patrística

Londrina

2000


ÍNDICE

INTRODUÇÃO          1

SÍNTESE BIOGRÁFICA          2

A REFLEXÃO BÍBLICA DE TERTULIANO          4

1. Personalidade marcante e influente          4

2. Hesitação em apelar às Escrituras?          5

3. As Escrituras: um recurso contra heresias          7

4. Influências da formação jurídica          9

CONCLUSÃO         11

  1. INTRODUÇÃO

Nosso objetivo nesta breve monografia é apresentar, descrever e analisar a concepção de Tertuliano de Cartago sobre as Escrituras, a extensão de seu uso das mesmas, bem como seus princípios e métodos de interpretação, ilustrando-a com exemplos retirados de seus escritos.

Utilizaremos fontes primárias, ou seja, escritos do próprio Tertuliano, mas também fontes secundárias, isto é, trabalhos de autores posteriores que escreveram sobre ele e que ajudam na análise de sua obra, na tentativa de, assim, expressar a relevância desse tema para a igreja atual.

Além desta introdução, a presente monografia constará de uma síntese biográfica - na qual destacaremos os aspectos mais relevantes sobre a vida, realizações e escritos de Tertuliano, a descrição e a análise do seu trabalho exegético/hermenêutico, uma conclusão e a bibliografia consultada e citada.

SÍNTESE BIOGRÁFICA

Conforme Needham, “o primeiro grande escritor cristão de língua latina era um nativo de Cartago chamado Tertuliano”.[1]  Nascido no norte da África entre 150-160 e falecido entre 220-235, seu nome completo era Quinto Setímio Florêncio Tertuliano e, sendo filho de um centurião proconsular (pagão), recebeu educação esmerada. Ávido por conhecimento, aprendeu grego, estudou retórica e direito e tornou-se professor.

Em 193 Tertuliano foi a Roma para concluir sua formação jurista e, provavelmente nessa ocasião, converteu-se ao cristianismo, talvez aos 43 anos de idade:

Impressionado com os costumes cristãos, nos antípodas do paganismo, Tertuliano se converteu, depois de uma juventude tempestuosa. Levou para a jovem comunidade, numericamente forte, já muito solidamente hierarquizada, seu fervor de neófito, o arroubo de seu gênio e a intransigência de um temperamento levado a excessos.[2]

Não se sabe se era casado antes de sua conversão, mas em 196 separou-se de sua esposa e tornou-se um sacerdote, trabalhando, dessa forma, como catequista na cidade de Cartago até o ano 206. Foi no ano de 207 que Tertuliano viria a se tornar um montanista, outra característica que lhe aumentou a notoriedade na história: seu envolvimento com aquele movimento (considerado herético pela maioria) levou o catolicismo, mais tarde, a não considerá-lo um dos pais da Igreja.[3]

A união de Tertuliano, o inimigo dos hereges e defensor tenaz da autoridade da Igreja, ao Montanismo, causou surpresa. O que provavelmente o atraiu foi o rigor do movimento, pois ele era legalista, ordeiro, e cria que haviam imperfeições demais - que não poderia suportar - na Igreja Católica.

Com a mesma amargura com que estigmatizava, quando católico, o procedimento dos procônsules gentios e atacava a religião gentílica como tal, ridicularizando-a, insurgiu-se, mais tarde, quando montanista, contra o suposto laxismo da Igreja católica, chegando mesmo a, sem repugnância, levantar, mediante obscuras alusões, graves suspeitas acerca da celebração dos ágapes.[4]

Embora tenha se tornado um líder entre os seguidores de Montano, logo desentendeu-se também com eles por considerá-los insuficientemente austeros! Antes de morrer, fundou sua própria seita, a dos tertulianistas, que pelo menos até o tempo de Agostinho da Hipona, possuía uma basílica em Cartago.

Sua vida poderia ser dividida em três fases: o católico, o transitório e o montanista. Mesmo após ingressar no movimento, não deixou de atacar aqueles que, ao seu parecer, torciam a fé cristã. Na verdade, várias de suas obras mais importantes foram escritas no período do montanismo.

Tertuliano escreveu obras apologéticas e ascéticas, de edificação e de polêmica. Combateu os gnósticos, os pagãos, os judeus, os modalistas e, por, fim os católicos. O acervo de seus escritos forma um conjunto de mais de trinta obras. Segundo alguns estudiosos, desses, onze estão perdidas. Os mais importantes são: Apologético, ou Defesa dos cristãos contra os pagãos, Contra Márcion, Contra Práxeas e  O testemunho da alma. Escreveu ainda: A ressurreição da alma, O batismo, Sobre a pudicidade, Sobre o manto, e outros.

A REFLEXÃO BÍBLICA DE TERTULIANO

  1. Personalidade marcante e influente

Cremos que, talvez, conhecendo melhor o temperamento característico e peculiar de Tertuliano de Cartago faça-se mais fácil compreendermos os rumos de sua reflexão bíblica. Todos os autores consultados destacam sua personalidade marcante com adjetivos que vão de “rigorista e sombrio” a “exaltado e inflexível”, ou ainda, “fogoso e apaixonado”.

Entre os escritores eclesiásticos de língua latina, Tertuliano é um dos mais originais e dos mais pessoais, excetuando-se Agostinho. A seu ardor religioso aliava-se a penetrante inteligência, arrebatadora eloqüência, extraordinária erudição em todos os domínios e arte de replicar com chiste. Dominava, como nenhum outro, a língua latina, manejando-a livremente e forjando formas totalmente novas.[5]

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