O SENTIDO DA VIDA
Por: Valdeir Vieira • 1/9/2019 • Dissertação • 13.676 Palavras (55 Páginas) • 191 Visualizações
O LEIGO ENQUANTO CRISTÃO
O presente capítulo apresenta o leigo em sua condição de cristão. Este, pelo batismo, foi incorporado a Cristo[1] e, com isso, torna-se co-responsável na realização da missão da Igreja, que Jesus Cristo confiou a seus apóstolos e a seus sucessores junto com todos os fiéis cristãos leigos.
Enquanto cristão, o leigo é, sim, um membro integrante da Igreja, com função definida e de capital importância para a vida da mesma Igreja. Para entender isso, João Paulo II analisa o significado do mistério da vinha:
A Bíblia emprega a imagem da vinha de muitas maneiras e com diversos significados: ela serve particularmente para exprimir o mistério do povo de Deus. Nesta perspectiva mais interior, os fiéis leigos não são simplesmente os agricultores que trabalham na vinha, mas são parte dessa mesma vinha: ‘Eu sou a videira, vós os ramos’, diz Jesus (Jo 15,5) [2].
Assim, o leigo pertence à Igreja por efeito do batismo. Participa da tríplice missão: sacerdotal, profética e régia. Há formas de participação do leigo como membro de Cristo, definidas e entendidas pela Igreja: no múnus sacerdotal, no múnus profético e no múnus real.
O tema indicado no título requer a apresentação dos seguintes aspectos: a noção teológica de cristão; a noção teológica de leigo; o leigo e o chamado universal à santidade; o sacerdócio comum dos cristãos; da secularidade da Igreja à secularidade do leigo (secularidade: dimensão e índole); a diversidade da vocação laical (criança, mulher, ancião); a família lugar teológico do cultivo da vocação laical; o apostolado do leigo; a formação do leigo.
2.1 A noção teológica de cristão
João Paulo II lembra que “o batismo, como sacramento, ou seja, como sinal visível da graça invisível, é a através da qual Deus atua na alma, para unir em Cristo e na Igreja[3]”. É verdade que o batismo faz entrar na Igreja, corpo de Cristo. Este sacramento faz com que o ser humano viva da mesma vida de Cristo. Para uma compreensão do que é ser cristão, é importante dizer que, para se configurar essa característica no ser humano, é necessário que se viva a vida de Cristo, ou seja, em conformidade com o compromisso recebido no batismo.
João Paulo II recorda que “da santificação batismal derivam, nos cristãos, indivíduos e comunidades, a possibilidade e a obrigação de uma vida santa”[4]. Essa deve ser a meta que identifica o cristão, sua conduta de vida.
Na verdade, somos filhos de Deus pelo batismo. Regenerados como “filhos no Filho’, os batizados são inseparavelmente ‘membros de Cristo e membros do corpo da Igreja’, como ensina João Paulo II”[5].
O batismo ‘imprime’ no fiel cristão a índole da responsabilidade, o comprometimento com a causa do Evangelho. Ele deve tornar-se um anunciador feliz, pois a maravilha operada nele o torna vivo e forte para anunciar.
João Paulo II lembra:
Regenerados como ‘filhos no Filho’, os batizados são inseparavelmente ‘membros de Cristo e membros do corpo da Igreja’[6]. Recordamos nas palavras de Paulo o eco fiel da doutrina do próprio Jesus, que revelou a unidade misteriosa dos seus discípulos com ele e entre si, apresentando-a como imagem e prolongamento daquela arcana comunhão que une o Pai ao Filho e o Filho ao Pai no vínculo amoroso do Espírito Santo[7].
João Paulo II apresenta seu pensamento acerca da ação do Espírito Santo:
Uma outra forma de ver essa imagem é na comparação dos batizados como pessoas vivas. Todos são importantes para a edificação do edifício espiritual, e essa vida vem da força do Espírito Santo, que dá vida nova e vigor. O Espírito Santo imprime a marca indelével, a própria marca do Espírito. Por essa razão, o batismo torna o novo membro de Cristo um ser de coragem e disponibilidade para a missão[8].
A Igreja crê e ensina o verdadeiro significado do batismo e o que ele passa a significar na vida do batizado. Sua inserção no corpo de Cristo o torna membro idêntico com seu Senhor, ele passa a ser como membro fiel de Cristo. “E essa pertença é definitiva, é o caráter indelével”[9]. Com isso, o batizado torna-se participante do real mistério de Jesus Cristo, morre junto e ressuscita junto, ambos tornam-se um só corpo:
Através do Sacramento do Batismo, tornamo-nos parte integrante do corpo de Cristo, tanto na morte como na ressurreição[10]. Há uma modificação do homem, ele é transformado numa nova criatura. Os que são batizados ficam revestidos de Cristo. Os muitos que eram, agora, com a ação do Batismo, tornam-se um só, em Cristo, como na imagem da videira. Como apóstolos de Cristo, todos vivemos D’ele[11].
Todo batizado é missionário, e, portanto, anunciador da boa noticia, não importando se é clérigo ou se é leigo. A verdade é que seu estado leigo não o isenta da responsabilidade, do compromisso com a missão redentora de Jesus. Ele deve ir pelo mundo anunciar o que viu ou o que crê.
Conclui-se que, de ‘posse’ do batismo e da crisma, cada cristão torna-se responsável, não só por si, mas também por seu irmão, no cuidado com ele, na ajuda, na caridade, na compreensão, no amor fraterno, na disponibilidade, etc. Assim estará contribuindo para seu crescimento e o crescimento do outro, e juntos poderão ser vistos como cristãos que verdadeiramente se amam. O amor é o maior dos mandamentos.
A responsabilidade da missão se dá na compreensão de que todo batizado é missionário. O envio é para todos, ninguém está dispensado dessa tarefa. Essa é uma obra, um serviço assumido pela Igreja, a partir do mandato de Cristo. Ele foi quem primeiro anunciou a salvação, ele operou milagres, dentre os mais fracos, curando doentes e perdoando pecados, sinais da presença do Reino. Mas, ser cristão não envolve apenas o aspecto da missão:,,,,,,
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