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RESENHASEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO REVERENDO

Por:   •  9/10/2021  •  Resenha  •  3.041 Palavras (13 Páginas)  •  277 Visualizações

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO

REVERENDO

ASHBEL GREEN SIMONTON

Sem. DANIEL MIRANDA

RESENHA “O Drama da Doutrina”

Rio de Janeiro

2021

DANIEL MIRANDA

RESENHA “O Drama da Doutrina”

Trabalho apresentado ao Departamento de Teologia Sistemática da Faculdade de Teologia e Formação Pastoral, no Seminário Teológico Presbiteriano Reverendo Ashbel Green  Simonton.

Área de Concentração: Teologia Sistemática I.

Professor: Rev. Daniel Kozlowski.

Rio de Janeiro

2021

VANHOOZER, Kevin. O Drama da doutrina. São Paulo: Vida Nova, 2016. P. 17-50.

O livro “O Drama da Doutrina”, é um livro complexo, e propõe diversas questões quanto ao papel da teologia. Kevin J. Vanhoozer é um grande escritor e professor de Teologia. Seus estudos em Westminster e Cambridge, bem como sua atuação profissional em Edinburgh, referendam seu cartão de visitas. Títulos acadêmicos ou experiências profissionais não são os requisitos para fazer de alguém um especialista ou teórico em sua área. Porém, “a obra de Vanhoozer autentica o que já era de se esperar de um Ph.D. formado em Cambridge”. O autor chama a atenção para qual seria a nossa origem, qual ciência possui mais importância na definição do ser? Ele destaca que, apesar de termos avançado a tal ponto de “mapear a galáxia” ainda não conseguimos nos situar totalmente. O capítulo é mais analítico do que descritivo, e usa principalmente as questões relativas aos pressupostos que se evidenciam quando fazemos essas perguntas.

Nas páginas que serão observadas aqui (17-50), trataremos da introdução do livro, que destacará, dentre outras coisas, os pressupostos do autor, a natureza da doutrina, a verdade, a situação ‘dramática’ das questões suscitadas.  Kevin Vanhoozer, desenvolve seu método teológico sob a analogia da dramaturgia.

Esta introdução, que tem por título “O caminho da verdade; a matéria da vida”, expressa realmente, o que o autor propõe: os caminhos que cada área de estudo percorre até encontrar a ‘ sua verdade’. Mas a pergunta que ele quer responder, e consegue com louvor demonstrando o drama que é a doutrina e toda a história da redenção, é qual o papel da teologia na vida prática do cristão. Como disse o filósofo puritano William Ames: “A teologia é a ciência de viver na presença de Deus”.

O Cenário: A teologia e a virada linguístico-cultural

O autor inicia seu diagnóstico sobre a igreja atual: “Desprovida da sã doutrina (...) é levada por modismos culturais e intelectuais”. O excesso de acomodações filosóficas e culturais tem descaracterizado a igreja e a tornado fraca, deixando a sã doutrina de lado. Muitos teólogos hoje, ao invés de terem uma base de autoridade, estão confusos quanto que base vão usar. Não obstante não usarem as Escrituras como infalível autoridade, tendo em vista que, se assim não for, nada mais faz sentido uma vez que tudo o que cremos é oriunda dela, hesitam quanto qual fonte de autoridade utilizar.

Vanhoozer então, destaca quatro candidatos a revelação divina: As proposições bíblicas, a pessoa de Cristo, a espiritualidade cristã e as práticas da igreja. Basicamente, todos esses candidatos, não possuem firmamento e são derrubados em suas argumentações pois, cada um deles considera a doutrina como uma formulação de “segunda ordem” de algo que é de primeira ordem. Em outra obra, Vanhoozer trata dos prolegômenos, a saber, com o que devo começar a Teologia? Com a Bíblia, com Deus, com a igreja? Sua resposta está na obra Teologia Primeira’. A Bíblia coincide com a revelação, ou um testemunho da revelação, ou uma expressão da experiência de alguém sobre a revelação ou o produto da linguagem e da vida da igreja.

Este problema não é novo, o que é novidade é o declínio da influência do Iluminismo e a crescente influência da modernidade em legitimar toda ação humana. Logo, toda doutrina criada a partir dessa virada linguístico-cultural está debaixo da acomodação dos teólogos atuais as condições pós-modernas. Na ânsia de ser relevantes a doutrina deixa de ser vital, e agora assume um papel de figuração na nova linguagem.

Uma premissa importante para o autor é que a Bíblia fala à nossa mente e a nossas emoções, a imaginação é uma ferramenta cognitiva. Devido a isso, o autor utiliza a dramaturgia como metáfora e analogia para explicar a teologia, ou a doutrina. Pois, para que haja dramaturgia deve haver fala e ato.

Um novo “fosso horrendo”

“Nenhuma dicotomia é tão fatal para a noção de teologia doutrinária quanto a ideia de teoria e prática”. Para o autor, o que nos permitirá atravessar esse fosso horrendo da dicotomia entre teoria e prática, é o entendimento da teologia como sabedoria. O caminho que se demonstra sobre essa ponte, é o caminho que Cristo ensinou nas Escrituras. A verdade, como “no sentido de confiável”. A verdade também o é no sentido de aquilo que Deus pensa. Ora, a verdade não é apenas o caminho confiável, mas é o que Deus pensa em sua mente, revela-nos em sua Palavra, logo verdade é pensar como Deus pensa. A vida é estar incluído, por meio de Cristo, na vida do próprio Deus. Ressoando Agostinho: “Eis que estavas dentro e eu fora! Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Estavas comigo e não eu Contigo…”

Notamos que, até aqui Vanhoozer evidencia a influência de Nicholas Lash, seu preceptor no doutorado. Vanhoozer desenvolveu essa perspectiva teológica a partir do descaso para com a doutrina, até mesmo nos arraiais conservadores. Doutrinas são roteiros, vagos, mas definitivos, que as pessoas de fé encenam; doutrinas são o drama em que vivemos a vida”. A fim de superarmos a divisão entre teoria e prática, ao invés de termos que escolher dentre elas, ao invés de preterir uma em função doutra, podemos adotar esse pensamento diante delas.

E se, a doutrina é um drama, seu suspense reside nisto, a saber: será que os leitores encontrarão o caminho? No “teatro de operações exegéticas o autor expõe as n interpretações possíveis para as Escrituras e demonstra como, com o passar do tempo, os exegetas se afastaram das Escrituras e se tornaram frios no seu trato. Procurando não se envolver com a interpretação teológica das Escrituras, resta então, algumas opções: desconstrução, estruturalismo ou até mesmo linguística. Por exemplo, John Mackintosh Shaw, ex-professor de Teologia Sistemática no Queen's College, refere-se à termos: resgate, justificação, propiciação, expiação e reconciliação como metáforas ou figuras de linguagem (Christian Doctrine, 207). A partir deste tipo de visão, pode e conclui-se que a revelação divina não pode ser uma comunicação da verdade.

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