Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica
Por: Hildiene • 4/10/2016 • Resenha • 1.658 Palavras (7 Páginas) • 1.561 Visualizações
Resenha Narrativa do livro
Teologia sistemática, histórica e filosófica
Capítulo 5 - Passo Inicial: As preliminares
Alister E. McGrath
O capítulo “Passo Inicial: As preliminares”, do livro Teologia sistemática, histórica e filosófica. (MCGRATH: 2005. p. 175), escrito por Alister E. McGrath, um renomado teólogo cristão, apologista, pesquisador, ex-ateu, professor, atualmente é Professor Andreas Idreos da Ciência e Religião na Universidade de Oxford. McGrath detém dois doutorados da Universidade de Oxford, um Ph.D. em Biofísica Molecular e um Doutorado em Divindade em Teologia. É considerado um dos mais influentes pensadores cristãos da atualidade. Seu principal interesse se concentra na história do pensamento cristão, com ênfase particular na relação entre as ciências naturais e a fé cristã tema abordado em várias de suas palestras onde ele promove a "teologia científica" e se opõe fortemente a corrente antirreligiosa.
O autor apresenta, em termos gerais de sua obra temas básicos para o público que não têm o conhecimento profundo da Teologia Cristã, no intuito de prepará-lo a construir sua própria opinião. Neste capítulo em especial, enfoca dar base de onde surgiu e em que se baseia esta disciplina. Para tanto, o capítulo é composto de 6 seções, a primeira intitulada de “Uma definição prática de teologia”, a segunda de “evolução da teologia como disciplina acadêmica”, a terceira de “A arquitetura da teologia”, a quarta de “A questão do prolegomena”, a quinta intitulada de “Compromisso e imparcialidade na teologia”, e finalmente a sexta e última de “Ortodoxia e heresia”. O capítulo possui 20 páginas [175 - 195 ] seu foco narrativo é predominantemente na 3° pessoa.
O capítulo é descrito pelo próprio McGrath como uma base para o estudo da teologia cristã, traz uma série de conceitos e questões que permeiam a teologia desde o seu surgimento até os dias de hoje.
A definição para teologia vem da própria definição das palavras em grego: theos (Deus) e logos (palavra), que McGrath define em outras palavras como “Discursar sobre Deus” e logo depois conclui que a teologia representa a reflexão a respeito do Deus a quem os cristãos louvam e adoram.
Considerando que o cristianismo surgiu em um período politeísta, ao se falar de teologia fazia-se necessário distinguir sobre qual deus os teólogos cristãos estavam falando, porém ao longo dos anos, até o início da Idade Média, na Europa, não era mais necessário fazer tal distinção, pois o politeísmo passou a ser algo ultrapassado e o Deus dos cristãos passou a ser considerado o único Deus.
A partir dos séculos XII e XIII, o conceito de teologia passou por alterações, o termo teologia que, inicialmente significava a “doutrina de Deus” passou a significar “a disciplina da ciência sagrada” para atender uma designação para o estudo sistemático, de nível universitário, voltado à fé cristã. Posteriormente, com o advento do estudo das religiões, a teologia passou a ser uma mera análise de crenças religiosas. Sendo assim, McGrath utiliza o termo teologia cristã para designar o estudo sistemático das ideias fundamentais da fé cristã.
A teologia como disciplina acadêmica está descrita na segunda seção, o autor aborda questões a respeito do surgimento do tema, de que forma a teologia veio fazer parte do currículo acadêmico, bem como suas raízes históricas.
A palavra teologia foi utilizada ocasionalmente no período patrístico, neste período os autores Clemente de Alexandria e Eusébio de Cesaréia faziam referência à teologia como “verdades cristãs acerca de Deus” e “a visão cristã de Deus” respectivamente. Como disciplina acadêmica, era considerada uma faculdade superior, as demais eram Direito e Medicina. Quando ministrada em monastérios e catedrais era considerada como a disciplina voltada para questões práticas, porém após a fundação de universidades começou a ser ministrada em universidades da arena pública passando a ser considerada uma disciplina teórica o que causou a preocupação de muitos teólogos como Boaventura de Alexandre de Hales e escritores espirituais como Thomas à Kempis. Na época da Reforma Martinho Lutero e João Calvino tentaram resgatar os aspectos práticos da teologia, no entanto outros escritores do contexto universitário continuaram com a visão que a teologia era uma matéria subjetiva.
Já no contexto acadêmico a teologia cada vez perdia mais espaço, foram surgindo questionamentos oriundos de escritores iluministas e a filosofia passou a ser encarada como disciplina que acadêmica que se preocupava como as questões acercada verdade. O argumento destes escritores era que a teologia era baseada em “artigos de fé”. Logo a teologia seria praticamente excluída do curriculum universitário.
Nos Estados Unidos, após a alegação que nenhuma religião deveria ser privilegiada em detrimento de outras, foram criadas as “faculdades de religião” que estudavam várias religiões e não apenas a religião cristã. Surgiu um novo debate acerca do propósito adequado da teologia. Edward Farley (1983) defendeu a tese que houve uma mudança no significado da teologia do sentido clássico de um “conhecimento genuíno das coisas divinas” para o domínio de técnicas diversas e desvinculadas entre si, ou seja, deixou de ser uma disciplina homogênea. McGrath afirma que hoje o debate foi mais além, e começa a analisar a arquitetura da teologia.
McGrath afirma que a teologia cristã é uma disciplina complexa, que reúne uma série de áreas relacionadas, tendo a Bíblia como fonte fundamental. O autor discorre a respeito de uma arquitetura que abrange: os estudos bíblicos, ou seja, a Bíblia como fonte fundamental da teologia cristã; a teologia sistemática que significa “algo organizado com base em interesses educacionais ou explicativos” ou “algo organizado com base com base em pressupostos metodológicos” dependendo da corrente; a histórica como o ramo da teologia que busca investigar as circunstâncias históricas em que as ideias se desenvolveram ou foram especificamente formuladas e tem por objetivo desvendar que há entre contexto e teologia; a pastoral onde a teologia é vista como algo que oferece modelos para a ação transformadora, e não como reflexão puramente teórica; a filosófica que é voltada para encontrar o “ponto comum” entre a fé cristã e as demais áreas da atividade intelectual; e a teologia mística ou espiritual que mesmo sem uma definição precisa é abordada, de modo geral, como algo relacionado à uma experiência com Deus e à transformação de vidas resultante dessa experiência.
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