A Análise de Romanos
Por: iltavares • 24/10/2020 • Trabalho acadêmico • 2.026 Palavras (9 Páginas) • 296 Visualizações
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO DO BETEL BRASILEIRO
IAGO LIASCH TAVARES
ANÁLISE DE ROMANOS
ANÁLISE DO VERSÍCULO 17 DO CAPÍTULO 1 COM BASE NA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ
São Paulo
2019
Introdução:
“Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: "O justo viverá pela fé".
Romanos 1:17
Se tivéssemos de pegar apenas um versículo que sintetizasse a mensagem inteira do livro de romanos, este com certeza seria um dos fortes candidatos. De fato, Paulo o utiliza na introdução à carta. E essa é uma estratégia recorrente de Paulo em suas cartas, se nos atentarmos com sutileza às introduções de cada carta, desde a saudação, veremos o futuro conteúdo da Carta. Romanos, no entanto, não é uma carta como Coríntios por exemplo que trata bem forte de problemas de santificação, ou Filipenses que trata sobre a necessidade do cristão de alegrar em Deus, Romanos é basicamente (ironicamente falando) a carta de Paulo que trata profundamente, sobre o Evangelho, e o que é este Evangelho.
Lembra sobre o que foi dito em que Paulo as introduções nos trazem pinceladas do seu conteúdo? Vejamos por exemplo as cartas de Coríntios e Filipenses e dois versículos em suas introduções que nos deixam claro seus respectivos enfoques listados previamente:
Filipenses -
“Agradeço a meu Deus toda vez que me lembro de vocês.
Em todas as minhas orações em favor de vocês, sempre oro com alegria
por causa da cooperação que vocês têm dado ao evangelho, desde o primeiro dia até agora.
Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus.”
Filipenses 1:3-6
Se lermos mais adiante fica claro o enfoque de que Paulo quer que os crentes se alegrem.
Agora vamos para Coríntios:
Coríntios –
“Paulo, chamado para ser apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, e o irmão Sóstenes,
à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus e chamados para serem santos, juntamente com todos os que, em toda parte, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso:”
1 Coríntios 1:1,2
Aqui em Coríntios o enfoque da justiça em Deus e santificação (tema amplamente tratado na carta) ficam em evidência, a defesa do apostolado também abordado com ênfase na carta fica claro no primeiro verso.
Em Romanos não é diferente, vamos à observação:
Romanos –
Paulo, servo de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus,
o qual foi prometido por ele de antemão por meio dos seus profetas nas Escrituras Sagradas,
acerca de seu Filho, que, como homem, era descendente de Davi,
e que mediante o Espírito de santidade foi declarado Filho de Deus com poder, pela sua ressurreição dentre os mortos: Jesus Cristo, nosso Senhor.
Por meio dele e por causa do seu nome, recebemos graça e apostolado para chamar dentre todas as nações um povo para a obediência que vem pela fé.
Romanos 1:1-5
Paulo logo nos primeiros três versículos já apresenta o conteúdo da carta com maestria, ele fala do evangelho de Deus, ele fala que este evangelho não é uma história separada mas uma história que Deus começou a escrever desde o antigo testamento através da lei e dos profetas, e que essa história culmina em seu filho, a concentração do evangelho está na pessoa de Jesus Cristo, e no que ele fez, e para fechar com chave de ouro Paulo já deixa claro que a obediência a este evangelho se dá pela fé.
Paulo em suas palavras, inspirado pelo Santo Espírito de Deus, já abria o coração do leitor e lhe apresentava o assunto magno desta carta: O Evangelho de Deus.
Não bastasse essa breve e profunda introdução, Paulo no versículo 17, após a poderosa afirmação: “Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”, nos traz as palavras:
“Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: "O justo viverá pela fé".
17a.
No Evangelho é Revelada a Justiça de Deus. John Stott (1921, p. 65-69) nos traz três possíveis afirmações acerca do que seria a justiça de Deus que é revelada.
- A primeira é que este termo se trata do atributo da justiça de Deus, tem a ver com a sua fidelidade à sua promessa previamente estabelecida, aqui a palavra justiça de Deus tem um aspecto mais estático e concentrado no caráter de Deus como sendo um Deus justo, ou seja, o caráter de Deus como sendo Justo nos é revelado
- A segunda possível interpretação é de que esse termo se trata da ação divina de Deus em prol de seu povo, manifestando a salvação, portanto através de sua justiça e fidelidade a sua salvação é manifesta.
- A terceira interpretação se refere ao estado do homem o qual lhe é imputado a justiça, uma conquista divina que propicia ao homem a justiça de Cristo, que o torna santo.
Stott acredita que estes três conceitos não precisam necessariamente ser escolhidos em detrimento do outro para a compreensão do que o versículo quer nos dizer, e que os três em conjunto definem essa o termo justiça de Deus, em suas palavras:
Parece legítimo afirmar, portanto, que a “justiça de Deus” é a iniciativa justa tomada por Deus ao justificar os pecadores consigo mesmo, concedendo-lhes uma justiça que não lhes pertence, mas que vem do próprio Deus. “A justiça de Deus” é a justificação justa do injusto, sua maneira justa de declarar justo o injusto, através da qual ele demonstra sua justiça e ao mesmo tempo, nos confere justiça. Ele o fez através de Cristo, o justo, que morreu pelos injustos, como Paulo explica mais adiante, E ele o faz pela fé quando confiamos nele, clamando a ele por misericórdia. (STOTT, 1921, p. 68)
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