A DISSERTAÇÃO SOBRE A ARTE DE FALAR COM ADOLESCENTES
Por: bekhakk • 5/10/2022 • Dissertação • 1.496 Palavras (6 Páginas) • 811 Visualizações
Rebeca de Souza Gomes
Clube Âncora – 3° região – AP
DISSERTAÇÃO SOBRE A ARTE DE FALAR COM ADOLESCENTES
2022
A arte de falar com adolescentes
Como aspirante a líder de desbravadores, reconheço a imensa dificuldade que é de lidar e se relacionar com adolescentes, e quanto a isso, independentemente do ano, década ou século será sempre difícil. Mas como líder que sou e que pretendo ser, preciso estar disposta a aprender a me relacionar com os que estão passando por essa tão importante e complicada fase da vida. Por isso, eis aqui essa dissertação.
Antes de tentar conversar com um adolescente é importante saber quem eles são, muitas vezes nós lidamos com eles de forma muito superficial, sempre como se seus comportamentos e ações não fossem importantes e não compreendemos como o cérebro deles funciona e nem porque eles agem como agem, mas para todas essas questões há uma resposta.
Antes da adolescência começa a puberdade, que é a fase durante o corpo de uma criança passa a se tornar a de um adulto com capacidade de reprodução, quando começam a ser enviados hormônios para os testículos e ovários, que estimulam ainda mais a produção de hormônios, o que começa a causar mudanças em todo o corpo. Além de mudanças no corpo também começam as mudanças sociais, já que começam a ter responsabilidades diferentes de quando eram crianças. Toda essa mudança física e psicológica é conhecida como a famosa adolescência.
Durante a adolescência ocorre o aumento das capacidades cognitivas como a memória, atenção, a velocidade de processamento e metacognição, que é a capacidade de pensar sobre o pensamento, o que proporciona uma maior capacidade de resolução de problemas e pensamento abstrato.
É justamente nessa fase em que a maioria das pessoas apresenta maior comportamento de risco, como o uso de drogas, transgressões da lei e primeira experiencia sexual. Pesquisadores acreditam que muito provavelmente isso ocorre porque há alteração no sistema de recompensa do cérebro, que está fortemente ligado à sensação de prazer, o que os deixa mais suscetíveis às recompensas e menos preocupados com as consequências de seus atos e o segundo motivo é pelo fato de que a parte do cérebro que regula o autocontrole só estará completamente desenvolvida aos 25 anos (eis o motivo pelo qual muitos pesquisadores afirmam que a adolescência só acaba aos 24 anos), então com a capacidade de se controlar e o forte estimulo de buscar experiencias prazerosas, não é de se admirar que muitos se arrisquem tanto. Mas apesar dos apesares, esse tipo de comportamento não vai definir quem serão pelo resto da vida, muito pelo contrário, a tendência é que deixem de cometer os mesmos riscos à medida que vão chegando à fase adulta.
A adolescência e difícil tanto para nós quanto para eles, que estão passando por momentos conflituosos e diferentes. Depois de entendermos um pouco o porquê de eles serem como são, chegou a hora de aprendermos a lidar com eles.
Primeiro de tudo, a base de qualquer relacionamento duradouro é o diálogo, mas antes de saber falar é preciso saber ouvir. É importante ouvir o que ele tem a dizer, aquele que não conversa com o adolescente não sabe quem ele é. Deixe-o falar. Muitas vezes queremos que eles nos ouçam, sigam o que dissemos, mas no fundo nem nós mesmos sabemos ouvir o que o outro tem a dizer. Se quisermos ser ouvidos, precisamos ouvir.
É necessário mostrar para eles que nos importamos, que queremos saber quem são, do que gostam, de suas opiniões e convicções, o que eles pensam sobre o mundo e o que veem a sua volta. Tudo para eles é novo e confuso, e cabe a nós não desprezar esses sentimentos. Para eles é importante que o ouçamos reclamar sobre a vida, sobre uma besteira que falaram sobre ele na escola, que muitas vezes para nós não tem importância, mas para eles representa a sua vida, afinal, é só isso o que eles têm. É preciso ouvir, perguntar, se interessar, mas nunca, nunca desprezar. Mas isso também não significa que podemos falar sobre tudo com eles, existem centenas de coisas que eles ainda não estão preparados para ouvir, moderação.
Nem sempre alguns comportamentos são explicados pela fase a qual passa, algumas vezes certas ações são decorrentes de problemas aos quais os adolescentes estão sendo submetidos, por isso, é importante que estejamos atentos à vida particular e familiar desse jovem, mostrar confiança para que ele se sinta confortável em se abrir sobre todo o tipo de assunto é crucial na hora de lidar com eles.
É bom um espaço de diálogo onde possa haver um debate sobre as questões da vida, como drogas, sexualidade e problemas familiares, é necessário compreender o que pensam e mostrar que está ali tanto para brincar quanto para falar sobre suas dificuldades e problemas.
Além de saber ouvir também é importante saber falar. Lembrando um pouco de quando eu era adolescente, lembro-me de vezes que falaram coisas que eu não estava preparada para escutar e também me lembro de não falarem o que eu precisava ouvir. Há hora para tudo. Uma coisa que aprendi com diretor do meu antigo clube, o David Bener, é preciso saber o que falar, quando falar e para quem. Você nunca deve repreender seu desbravador na frente dos outros, fale em um local reservado, não o constranja na frente dos colegas, pense antes no que dizer e se mostre interessado em ajudá-lo no que for preciso.
Não adianta confrontar. Bater de frente com uma criança ou adolescente só faz você perder o respeito do resto do grupo, além de sair feio para você. Além disso, ao perceber que te tirou do sério ele vai se sentir satisfeito e motivado a fazer de novo. Como diz a psicopedagoga Maria Helena Barthollo, “educar não é um jogo onde se determina quem ganha e quem perde”. Ela sugere que a vida com eles dê lugar a acordos e parcerias onde os dois saiam ganhando.
Seja sincero com seu desbravador. Quando ele fizer uma pergunta não tenha medo de responder. Crianças são como cães, eles farejam o medo. Como em uma frase que li no livro O Sol é Para Todos, de Harper Lee, “quando uma criança faz uma pergunta você deve responder, por mais difícil que seja, se você se confundir ou querer fugir do assunto ela vai perceber e isso só a deixará mais confusa”. Mostre a ele que você também é vulnerável e que nem sempre sabe de tudo. Ao mostrar para ele que você não sabe de tudo e mostrando que também já cometeu erros ele se sentirá acolhido e o ajudará a lidar com seus próprios erros.
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