Aspectos Da Teologia Dos Escritos Joaninos
Dissertações: Aspectos Da Teologia Dos Escritos Joaninos. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: moniha • 17/9/2013 • 1.195 Palavras (5 Páginas) • 758 Visualizações
Faculdade Unida Teologia do Novo Testamento 1
Deus como Pai
Aspectos da Teologia dos Escritos Joaninos
(MORRIS, Leon. Teologia do Novo Testamento.
São Paulo: Vida Nova, 2003, p. 297-300.)
Introdução
Retomamos, neste tópico, o tema da paternidade de Deus, desta vez
nos escritos joaninos. Enquanto no estudo deste tema nos Sinóticos nossa
atenção dirigiu-se à paternidade de Deus em relação aos seres humanos,
neste tópico, enfocaremos a paternidade de Deus em relação a Jesus. Como
base para nossa reflexão, usaremos o seguinte texto do biblista evangélico
australiano Leon Morris.
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“Para João, Deus é pai, e, de fato, ele se prende a esse conceito. Ele
usa o termo ‘Pai’ 137 vezes, o maior número de ocorrências em todo o Novo
Testamento. Mateus tem a palavra 64 vezes (o segundo em número de
casos); Marcos, 18, e Lucas, 56 vezes. Portanto, João usa o termo mais que o
dobro de vezes do que o segundo. E ele o usa quase sempre em referência a
Deus (122 vezes). Foi o hábito de João que levou a igreja a falar de Deus
como ‘Pai’ de modo tão característico. Outros escritores usam o termo, mas
ele não é dominante como em João. Ele usa a palavra ‘Deus’ 83 vezes, um
número bastante alto. Mas sua palavra característica é ‘Pai’.
O Pai e o Filho
Num grande número de casos o Pai e o Filho estão ligados de alguma
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forma. João pode falar do que o Pai está fazendo ou do que é em si mesmo,
ou pode referir-se ao relacionamento do Pai com as pessoas. Mas o que dá
ao termo ‘Pai’ sua profundidade de sentido é o que aprendemos sobre sua
ligação com Cristo. É no envio do Filho e no que Deus fez por meio do Filho
que vemos o que significa o fato de Deus ser pai.
A ligação que João faz entre o Pai e o Filho começa no prólogo. Ali
ficamos sabendo que o Logos estava no princípio, estava com Deus, e era
Deus (1.1; cf. v. 18). No fim do Evangelho, Tomé diz a Jesus: ‘Meu Senhor e
meu Deus!’ (20.28). Jesus foi acusado de se fazer igual a Deus (5.18) e de se
fazer Deus (10.33). Ele procede de modo especial do Pai (1.14; cf. 16.27-28),
ele ‘está no seio do Pai’ e revelou o Pai (1.18). A palavra ‘seio’ indica
intimidade e afeto, e aqui mostra que ele vem a nós do próprio coração de
Deus. Por causa desse relacionamento íntimo é que ele pode revelar a Deus
do modo como o faz. Ele nos dá um conhecimento genuíno e íntimo do Pai,
por causa do seu relacionamento com o Pai. Ele ‘veio de Deus’ (8.42).
Jesus tem um relacionamento especial com Deus, pois somente ele viu
o Pai (6.46). Os judeus reconheceram que ele considerava Deus seu pai em
um sentido especial; eles viram essa relação como blasfêmia e tentaram
matá-lo por isso (5.18); eles perguntaram a Jesus onde seu Pai estava (8.19).
Quando Jesus disse: ‘Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e
vosso Deus’ (20.17), ele deixou claro que há uma diferença entre seu
relacionamento com o Pai e o nosso.
Um aspecto persistente do ensino de João é que o Pai e o Filho, em
certo sentido, são um (10.30). Isso deve ser entendido com cuidado, pois
também há um sentido em que Jesus dizia: ‘o Pai é maior do que eu’ (14.28).
Isso provavelmente deve ser entendido em termos da encarnação, que
significa a aceitação voluntária de certas limitações. Mas os dois estão muito
próximos, e isso está muito claro em todo o evangelho. Jesus veio ‘em nome’
do seu Pai (5.43). Repetidas vezes ele atribui seu ensino ao Pai (8.38,40;
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12.49-50; 14,24) e disse receber ordens dele (10.18; 14.31; 15.10). Suas
ações eram ‘as obras do Pai’, que este lhe dera para fazer (5.36; cf.
10.32,37); elas foram feitas ‘no nome’ do Pai (10.25) e, na verdade, foi o Pai,
habitando em Cristo, quem as fez (14.10). ‘De Deus’ caracteriza seus
relacionamentos; ele é o ‘Filho de Deus’ (1.34 e muitas outras referências), o
‘cordeiro de Deus’ (1.29,36), o ‘pão de Deus’ (6.33), o ‘Santo de Deus’ (6.69).
Conhecer o Filho significa conhecer o Pai (8.19; 14.7; 16.3); parece que
nem o Pai nem o Filho podem ser conhecidos um sem o outro. Deus está com
Jesus, que é ‘um Mestre vindo da parte de Deus’ (3.2). Ver o Filho equivale a
ver o Pai (14.9). Havia
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