Candomblé E Intolerância Religiosa
Monografias: Candomblé E Intolerância Religiosa. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: iasmincalhau • 31/5/2013 • 1.624 Palavras (7 Páginas) • 2.419 Visualizações
RESUMO:
Conhecer um pouco sobre a religião Candomblé ,sua história, origem, e costumes nos dará uma visão maior e não mais preconceituosa sobre o tema, assim obteremos uma maior tolerância religiosa, reconhecendo que cada povo, cada cultura, cada comunidade tem o direito de possuir sua própria religião e um modo próprio de reverenciar suas divindades.
O candomblé é uma religião africana trazida para o Brasil no período em que os negros desembarcaram para serem escravos. Os escravos provinham das mais diferentes partes da África, mas os grandes grupos que mais influenciaram a cultura brasileira foram os bantos até o século XVIII e os sudaneses depois.
Na segunda metade do século XIX, em diversas cidades do Brasil surgiram grupos organizados de escravos que recriavam cultos religiosos que reproduziam não somente a religião africana, mas também outros aspectos da sua cultura na África. Nascia a religião afro-brasileira chamada candomblé primeiro na Bahia e depois pelo país afora.
Os principais criadores dessa religião foram os negros das nações iorubás ou nagôs e os das nações fons ou jejes. Os grupos religiosos permitiam recriar relações de hierarquia, subordinação e lealdade baseadas nos padrões familiares e de parentesco existentes na África, fazendo-se da família-de-santo uma espécie de miniatura simbólica da família iorubá.
Nesse período, a Igreja Católica proibia o ritual africano e ainda tinha o apoio do governo, que julgava o ato como criminoso, por isso os escravos cultuavam seus Orixás, Inquices e Vodus omitindo-os em santos católicos.
Os orixás, para o candomblé, são os deuses supremos, elementos da natureza, cada orixá representa uma força da natureza. Ao cultuarem seus orixás, estão cultuando as forças elementares oriundas da água, da terra, do ar, do fogo, etc. Para eles essas forças em equilíbrio, produzem uma enorme energia (asé), que auxilia no dia a dia, ajudando para que seus destinos se tornem cada vez mais favoráveis.
Ao dizer que adoram deuses, eles se referem a estar adorando as forças da natureza, forças essas pertencentes a criação do grande pai. Pai esse conhecido por eles como "Ólorun"ou Olodumaré (Deus supremo). No candomblé, não há incorporação de espíritos, já que os orixás que são incorporados são divindades da natureza.
Os rituais do candomblé são realizados em templos chamados casas, roças ou terreiros que podem ser de linhagem matriarcal (quando somente as mulheres podem assumir a liderança), patriarcal (quando somente homens podem assumir a liderança) ou mista (quando homens e mulheres podem assumir a liderança do terreiro).
Casas de linhagem matriarcal: (só mulheres) assumem a liderança da casa como Iyalorixá .
• Ilé Axé Iyá Nassô Oká - Casa Branca- Engenho Velho - considerada a primeira casa a ser aberta em Salvador, Bahia
• Ilê Maroiá Lájié -Mãe Olga de Alaketu - Fundada em 1636 no Matatu de Brotas por Otampé Ojarô
• Ilé Iyá Omi Axé Iyámase do Gantois - Terreiro do Gantois - Salvador, Bahia
• Ilé Axé Opó Afonjá -Opó Afojá - Salvador, Bahia e Coelho da Rocha, Rio de Janeiro
• Zoogodô Bogum Malê Rondó -Terreiro do Bogum - Salvador, Bahia
• Querebentan de Zomadônu -Casa das Minas - fundada +/- 1796 - São Luiz, Maranhão
• Kwe Kpodaba - Asé Podaba - fundado em 1851 - Rio de Janeiro
• Ile Axé Íyà Atara Magbá - Santa Cruz da Serra - RJ. Fundada e dirigida até hoje por Omindarewa de Yemanja
• Ilé Omo Oyá Legi - Mesquita, Rio de Janeiro
Casas de linhagem patriarcal: (só homens) assumem a liderança da casa como Babalorixá no Culto aos Orixá ou Babaojé no Culto aos Egungun.
• Ilê Agboulá - Ilha de Itaparica
• Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Axipá -Ilê Axipá - Salvador, Bahia
Casas de linhagem mista: tanto homens como mulheres podem/poderão assumir a liderança da casa.
• Ilé Axé Oxumarê -Casa de Oxumare - Salvador, Bahia
• Ilé Axé Odó Ogè - Terreiro Pilão de Prata - Salvador, Bahia
• Obá Ogunté - Terreiro Obá Ogunté - Recife, Pernambuco
• Kwé Ceja Houndé -Roça do Ventura - Cachoeira e São Felix, Bahia
• Ilê Axé Iyá Ogunté - Casa de Iemanjá 16 - Maceió, Alagoas
• Terreiro Viva Deus - Asepo Eran Opé Oluwá - Cachoeira - Bahia. Fundada por José Domingos de Santana- Zé do Vapor de Ogum, que teve como babalaxé Luiz Sergio Barbosa de Oxalufã, já falecido.
• Ilê Ásé Igba Onin Odé Akueran - Casa Pai Francisco - Curitiba - Paraná. Fundada por José Francisco -Odé Otaioci. Dirigido hoje pela Iyálàsé Tutty.
• Kunzo Nkisi Caxuté Teempu Mavula - Terreiro Caxuté - Valença, Bahia
Dentro da própria religião havia pré-conceito. A homossexualidade é amplamente aceita e discutida apenas nos dias atuais, pois antigamente os homens e homossexuais não podiam ser iniciados como rodantes (termo usado para pessoas que entram em transe), não era permitido em festas que um homem dançasse na roda de candomblé mesmo que estivesse em transe.
A intolerância e a perseguição às religiões afro-brasileiras existe até hoje, a Liberdade Religiosa constante da Constituição Brasileira nem sempre é respeitada. A Constituição Federal garante liberdade religiosa a todo cidadão brasileiro. Isso inclui o direito de escolher a religião que deseja e o de expressar as tradições e ritos da crença escolhida.
A lei federal nº. 6.292 de 15 de Dezembro de 1975 protege os terreiros de candomblé no Brasil, contra qualquer tipo de alteração de sua formação material ou imaterial. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Instituto Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) são os responsáveis pelo tombamento das casas.
Em todo o Brasil grupos afro-religiosos unem-se para pedir o fim da discriminação e intolerância religiosa. Tem sido comum, caminhadas e fóruns, nos quais, o segmento afro-religioso, e até artistas, intelectuais e representantes de várias crenças, denunciam o preconceito e a perseguição
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