História da religião cristã e da Igreja

Este artigo apresenta o século IV como decisivo na história da religião cristã e da Igreja. A liberdade do culto concedida em 313 pelo poder imperial abre novas perspectivas de expansão da fé cristã. No entanto, significará também uma aproximação entre a comunidade cristã e o poder imperial tardo romano. Neste contexto, o presente artigo demonstra como a Igreja assume um papel importante na definição identitária do homem medieval, e do próprio cristão, nesta nova realidade.

Dessa forma, essa abordagem demonstra a reconstrução de uma identidade da antiguidade, para o mundo medieval com base na religião, pois define a fé cristã, ou o ser cristão, como o elemento que dimensionou a relação de um indivíduo com o outro e com o meio nesta sociedade.

Para o autor, após a conversão de Constantino a Igreja cristã recebe proteção do estado romano, se transformando num elemento ativo dentro do império, se destacando em termos sociais, econômicos e jurídicos. Em virtude do apoio dos imperadores e da liberdade de culto, as conversões de multiplicam.

Apesar do crescimento considerável da Igreja, a sua proximidade com o poder secular acarretou também problemas para as autoridades cristãs, pois passaram a perder sua independência, fazendo surgir certa crise espiritual. Para o estado romano, o cristianismo se pautaria em sustentar o regime politico, sob um âmbito de unidade.

Neste contexto, devido a esse movimento de crescimento do cristianismo, a Igreja passa por um aperfeiçoamento institucional, que segundo Marcus Cruz, sustenta e orienta a expansão cristã.

Este autor aponta ainda, que a principal influência da estrutura imperial na organização monástica nascente, foi a concentração e centralização de poder, que se manifestou com a hierarquização da Igreja e o aumento do prestigio do sacerdócio, modelo que perdurou por toda a Idade Média. Este prestígio do sacerdócio, crescente nesta sociedade, é fruto de uma diferenciação crescente entre clérigos e fiéis, que veio se firmar nos primórdios da Idade Média.

Segundo Marcus Cruz, esse processo de crescimento da instituição e hierarquização do clero, ocorre paralelamente com a hierarquização da sociedade e com a busca da centralização do poder na figura do imperador.