Importantes cartógrafos
Tese: Importantes cartógrafos. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: nataliaarr • 25/11/2014 • Tese • 1.650 Palavras (7 Páginas) • 401 Visualizações
Cartógrafos importantes, como Ortelius (criador do primeiro Atlas Moderno “Theatrum Orbis Terrarum”), Waldseemüller (responsável pela nomeação do continente americano) e Mercator (autor da primeira projeção cilíndrica do globo terrestre) viam a cartografia como um negócio rentável na venda de mapas autoritários, observarando a oportunidade de capitalizar este desenvolvimento com a contratação de cartógrafos para criarem gráficos manuscritos e mapas impressos (já que a Holanda não possuía o dinheiro que Portugal e Espanha tinham, porém possuíam uma extensa indústria de impressão), promovendo uma rota mais rápida e mais rentável para outra, além de criar equipes para padronizar as informações e encorajar a cooperação e a competição comercial. Com isso várias empresas passaram a competir para ajudar no desenvolvimento do comércio exterior. Ocorrem também privilégios como o caso de Cornelis Claesz (1551-1609) para vender vários mapas a serem comprados por qualquer valor.
Segundo Jerry Brotton (2013, p. 264).
Mapas foram se tornando um comércio relativamente rentável, e seus criadores foram sendo gradualmente contratados pelas empresas que precisavam deles. [...] O Português tinha introduzido a arte científica da cartografia moderna, mas foram os holandeses que a transformaram em uma indústria.
A relação entre a produção de mapas por necessidades comerciais deriva no dinheiro, poder econômico. Em outras palavras o autor ressalta que “Todos os cantos da Terra, estavam sendo mapeados e demarcados de acordo com as possibilidades comerciais, um novo mundo estava sendo definido por novas maneiras de fazer dinheiro.” (BROTTON, 2013, p 264).
A maior contribuição para a cartografia de Blaeu é sem dúvidas a publicação cartográfica produzida no século XVII chamado de “Grandes Atlas ou Cosmografia de Blaeu”, publicado em 1662. Falar em Atlas não significa que deveria ser o mais atualizado, pelo menos não nesse contexto, que foi o mais abrangente da época, além do fato de mostrar uma nova face da história caracterizada por conflitos religiosos, rivalidade intelectual, inovação comercial e investimento financeiro, alterando o status da função da geografia e do cartógrafo para com a cultura.
O cartógrafo passou um tempo fazendo observações de estudos com o astrônomo Brahe e contribuiu de diversas formas no seu modo de trabalhar, além de adquirir conhecimento e habilidade básica em cosmografia celestial e cartografia. Com isso ele abraçou o modelo heliocêntrico, um risco, j uma vez que o mundo estava acostumado com as ideias ptolomaicas. Entretanto, com seu trabalho, a Holanda conseguiu ultrapassar Veneza como centro de comércio de livros europeus, o que consequentemente levou Blaeu a tornar-se um dos maiores vendedores de livros e tipógrafos que trabalhavam na cidade. Criou então seu próprio negócio de impressão em Amsterdã, no qual publicava poesias e guias práticos para marinheiros, bem como o “Light of Navigation de 1608”.
Para se destacar entre os cartógrafos concorrentes, Blaeu em 1604 lança três mapas do mundo distintos, com projeções individuais. As questões da Holanda da época como preocupações políticas, econômicas e etnográficas perduram no começo do século XVII. Ao descrever o mapa “Nova Totius Terrarum Orbis Geographica ac Hydrographica Tabula” consegue-se perceber de certa forma uma visão eurocêntrica em sua projeção.
Podemos considerar a grande relevância do mapa de Willem Blaeu, pois esse refletia em detalhamento,0 aspectos importantes da República Holandesa (cidades imperiais, gama de pessoas e os imperativos mercantis). Essa cobertura cartográfica da Holanda consequentemente refletia a potencialidade da Europa como a grande exportadora de produtos. De acordo com Brotton (2012, p. 272) podemos comprovar que a Europa era:
[...] avaliada em todos os lugares do mundo pelo seu potencial comercial, da Europa como uma personificação do comércio, para a África e os mexicanos, oferecendo seus produtos para se enriquecer de comércio, como continente preeminente do globo.
O sucesso dos mapas de Blaeu pode ser explicado pelo quão longe suas produções cartográficas foram representadas em pinturas de interiores holandeses e naturezas mortas por vários pintores holandeses do século XVII. Um bom exemplo citado pelo autor foi Johannes Vermeer. Na pintura “O geógrafo” de Vermeer, identifica um mapa, logo atrás dos protagonistas na obra, como sendo o “Sea Chart of Europe” (1605) de Blaeu. Outros pintores como Nicolaes Maes e Jacob Ochtervelt também se destacaram pelo interesse em mapas e suas representações, porém, esses não compartilhavam da mesma precisão que Vermeer. Outra pintura importante desse artista foi “Officer with a Laughing Girl” (1657) onde:
[...] mostra um mapa da Holanda e do Ocidente Friesland (orientado como a oeste, na parte superior), que está pendurado na parede por trás da cena doméstica de uma mulher e um soldado; a sua presença é visualmente tão interessante quanto os temas principais da pintura. (BROTTON, 2012, p. 272)
De acordo com Brotton (2012), na escolha de reproduzir um mapa das províncias holandesas em sua pintura, Vermeer expressa o orgulho popular na unidade política e geográfica da República que havia recentemente se tornado independente.
O mapa exibido na pintura é identificado como a criação do cartógrafo holandês contemporâneo Balthasar Florisz Van Berckenrode. Não tendo muita sorte em suas vendas, Berckenrode vendeu seus privilégios de publicações a Willem Blaeu em 1621. Embora Blaeu não tenha sido o autor do mapa, assinou-o como sendo de sua autoria, o que levou Vermeer a compreender dessa forma ao se utilizar do mapa na pintura. Era frequente a apropriação de mapas feita por Blaeu e seus filhos, num intuito de prosperarem e possuírem vantagem comercial. No final da segunda década do século XVII Blaeu havia se estabelecido como um dos principais impressores e cartógrafos de Amsterdã.
Seu sucesso foi, em parte, devido aos seus talentos como cientista gravador e homem de negócios, uma combinação que a maioria de seus rivais não tinha. (BROTTON, 2012, p. 273)
Entretanto, não sendo apenas isso, Blaeu surgiu em um momento crucial na história da República. Ele estava em uma posição na qual poderia aproveitar as oportunidades comerciais fornecidas pelos doze anos de trégua acordada entre Espanha e a República Holandesa, em 1609, que rapidamente permitiu à República prosseguir
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