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O Apocalipse De São João

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Por:   •  28/9/2013  •  5.076 Palavras (21 Páginas)  •  442 Visualizações

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A Sagrada Escritura

Quando pensamos em Sagrada Escritura pensamos em uma “experiência de enamoramento”.

Sendo assim, antes de considerarmos a Bíblia como um conjunto de livros é fundamental reconhecer que ela nasceu como fruto de um encontro marcado por um dinamismo amoroso que assumiu formas históricas precisas num relacionamento prolífico que recebeu o nome de “Aliança”.

Tema central de ambos os Testamentos ela é resumo de todos os dons conferidos na comunhão com o Senhor desde que Israel permaneça fiel à Lei (cf. Dt 11, 22-28).

Assim temos as “duas referências fundamentais” da Sagrada Escritura: A Aliança do Sinai (cf. Ex. 3, 1-20. 12, 1-14. 20, 1-20; Dt 4, 32- 39; 7, 7-8), e A Aliança instituída pela Paixão Morte e Ressurreição de Jesus (cf. Lc. 22, 19-20 e Jr 31, 31-34; I Cor 1, 18-24; 15, 3-5.12-17; Rm 5, 12-21).

Ao falar de “Aliança” o A.T. apresenta dois “modelos” diferentes: a) o “Pacto de fidelidade”, que se assemelha aos tratados políticos da época e onde se acentua a obrigação dos servos (o povo de Israel) para com o Imperador (Iahweh). Confira a respeito: Ex 19, 16-20, 21. Ex 24, 9-11. É por causa dessa aproximação que Deus assume ares de Juiz exigente e vingador; b) a Relação Matrimonial (Casamento), onde Iahweh é feito Esposo de Israel, a esposa que nem é sempre fiel. Nesta aproximação, vemos um Deus cheio de misericórdia que perdoa as faltas de sua esposa infiel (infidelidade = sinônimo de idolatria). O Deserto é apresentado, aqui, como lugar das núpcias de Deus com Seu povo (Os 2, 4-19; Jr 2, 1-7; Ez 16, 1-15).

O fato é que não podemos perder de vista que toda relação afetiva, de entrega de si e abertura de coração, exige um processo de maturação que vai desde o mais discreto flerte até o Esponsal Perfeito de uma Comunhão de Intimidade sem reservas!

E Deus se revelou: o Diálogo aconteceu! Não com perguntas e respostas, mas com intuições, atitudes, sentimentos e reflexões foi se desenhando a consciência de que há um Horizonte bem mais amplo a ser contemplado. A sede de transcendência foi aos poucos ganhando um perfil inequívoco e o povo percebeu-se acompanhando por um Deus que não era uma “simples projeção de todas as aspirações humanas de sentido, segurança ou bem-estar” que podia ser representada por um pedaço de metal, uma pedra ou qualquer figura animal, mas uma realidade autônoma com identidade própria cuja “representação” podia ser encontrada em cada membro do gênero humano, pois aí se via refletida a Imagem do Eterno!

Assim, inspirado pela Sagrada Presença o Povo foi descobrindo aos poucos que desde suas origens fora convidado a trilhar um caminho novo: a estrada da Vida Plena!

Primeiro, o Encontro, o Envolvimento e a Experiência do Novo. Depois, a reflexão, a releitura dos acontecimentos iluminados pela fé e o testemunho escrito.

Palavras que comunicam a Vida!

Quando falamos em Sagrada Escritura falamos necessariamente em História. Logo, é impossível iniciar um trabalho de interpretação dos textos inspirados sem levar em conta que eles são também obras literárias nascidas nas mais diversas situações vitais que marcaram profundamente os passos da trajetória de um Povo convidado a uma relação única com Deus.

Assim, a própria índole dos textos bíblicos nos faz considerar a importância e, sobretudo, a necessidade de outras ciências, além da Teologia, para nos aproximarmos o mais possível dos contornos culturais que desenharam os limites e os alcances desta experiência sem precedentes.Porém, à medida que os livros vão se afastando cronologicamente da época em que foram concebidos vão encontrando culturas marcadas por outros esquemas mentais ou formas de pensamento que estabelecem, por sua vez, o horizonte de significados dentro do qual tais livros vão ser lidos e interpretados. Face a isto surge a peremptória necessidade de uma “volta às fontes”, isto é, uma “reorientação de perspectivas” a fim de que os textos não sejam “violentados” por serem mal compreendidos, pois quanto mais um texto se afasta da época em que foi escrito mais se faz necessário interpretá-lo.

Doravante, houve épocas nas quais se pôde observar momentos de crise em que a ingerência de pensamentos estranhos ao ambiente vital e, portanto, ao contexto semântico do Primeiro e do Segundo Testamentos determinaram abordagens que comprometeram a própria verdade dos acontecimentos. Aliás, a relação entre Verdade, História, Fatos e Significado sempre suscitou debates acalorados ao longo da história das tentativas de interpretação dos mais diferentes textos bíblicos.

Para que isso não aconteça algumas questões importantes devem ser levadas em conta, pois se constituem “chaves de leitura” indispensáveis para uma reta compreensão dos textos bíblicos. Assim temos:

a) A intenção do Autor e a contribuição do redator:

A Sagrada Escritura tem Deus por autor. Portanto, a motivação da Escritura é Divina. Por ela, cremos, Deus nos fala buscando estabelecer um diálogo. No entanto, não há diálogo sem um interlocutor. E é aí que a Palavra de Deus se faz Palavra Humana. Assim, importante é saber que atrás de um escrito há sempre um (ou mais) redator(es). Este(s), vivendo sob determinadas condições sócio-econômicas e culturais, de modo algum nega(m) sua condição histórica ao consignar por escrito tudo o que lhes foi inspirado por Deus. Mediante este processo a Mensagem Divina torna-se livro. Portanto, para entender um texto bíblico a Teologia se utiliza também do auxílio de outras ciências como, por exemplo, a História, a Arqueologia, a Paleografia, entre outras.

b) A concepção de “Gênero Literário” (DV 12) :

O que acabamos de expor torna-se evidente pela compreensão que se tem de Gênero Literário. Sendo o escrito direcionado a um (ou mais) destinatário(s) preciso(s) é lógico que a realidade ou a situação vital deste(s) ajude a determinar a índole do texto, ou seja, a mensagem se revestirá de Lei, Poesia, Profecia, Conto, Evangelho, Apocalipse ... e terá, não obstante, um tom mais ameno ou grave, com expressões fortes ou não: o “rosto” do texto será moldado conforme o gênero literário escolhido pelo redator. Conforme dizemos, todo Texto nasce de um Pré-texto e visa um determinado Contexto;

c) A peculiaridade da “Semântica bíblica”:

Alguns exemplos: os termos: lembrar, ouvir-escutar, louvar, esquecer, Deserto, Aliança, Sangue, Água, Fidelidade, Bênção, Poço, Prostituição, Virgindade, Esterilidade,

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