PENSAMENTOS DO PAPA BENTO XVI, SOBRE TAXAS CARDINAL
Tese: PENSAMENTOS DO PAPA BENTO XVI, SOBRE TAXAS CARDINAL. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: ADelgado • 2/9/2014 • Tese • 3.877 Palavras (16 Páginas) • 345 Visualizações
O PENSAMENTO DO PAPA BENTO XVI,
SEGUNDO O CARDEAL RATZINGER
O anúncio de Cristo e seu Evangelho em um mundo relativista é para o novo Papa, Bento XVI, um dos desafios centrais da Igreja. Foi o que explicou o cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação vaticana para a Doutrina da Fé, neste encontro com jornalistas, em 30 de novembro de 2002, ocorrido na Universidade Católica Santo Antonio de Múrcia, ao participar no Congresso Internacional de Cristologia.
Alguns interpretam em muitas ocasiões o fato de anunciar a Cristo como uma ruptura no diálogo com as demais religiões. Como é possível anunciar a Cristo e dialogar ao mesmo tempo? Cardeal Ratzinger: Diria que hoje realmente se dá um domínio do relativismo. Quem não é relativista parece que é alguém intolerante. Pensar que se pode compreender a verdade essencial é visto já como algo intolerante. Mas na realidade esta exclusão da verdade é um tipo de intolerância muito grave e reduz as coisas essenciais da vida humana ao subjetivismo. Deste modo, nas coisas essenciais já não teremos uma visão comum. Cada um poderá e deverá decidir como pode. Perdemos assim os fundamentos éticos de nossa vida comum. Cristo é totalmente diferente a todos os fundadores de outras religiões, e não pode ser reduzido a um Buda, ou a um Sócrates, ou um Confúcio. É realmente a ponte entre o céu e a terra, a luz da verdade que se apresentou a nós. O dom de conhecer Jesus não significa que não tenha fragmentos importantes de verdade em outras religiões. À luz de Cristo, podemos instaurar um diálogo fecundo com um ponto de referência no qual podemos ver como todos estes fragmentos de verdade contribuem a um aprofundamento de nossa própria fé e a uma autêntica comunhão espiritual da humanidade. O que o senhor diria a um jovem teólogo? Que aspectos da cristologia lhe aconselharia estudar? Cardeal Ratzinger: É importante, antes de tudo, conhecer a Sagrada Escritura, o testemunho vivo dos Evangelhos, tanto dos sinóticos como do Evangelho de São João, para escutar a autêntica voz. Em segundo lugar, são muito importantes os grandes concílios, sobretudo o Concílio de Calcedônia, assim como os sucessivos Concílios que declararam o significado dessa grande fórmula sobre Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. A novidade de que realmente é Filho de Deus, e realmente homem, não é uma aparência, pelo contrário, une Deus ao homem. Em terceiro lugar, sugiro aprofundar no mistério pascal: conhecer este mistério do sofrimento e da ressurreição do Senhor e deste modo conhecer o que é a Redenção. A novidade de que Deus, na pessoa de Jesus, sofre, leva nossos sofrimentos, compartilha nossa vida, e deste modo cria o passo à autêntica vida na Ressurreição. Trata-se de todo o problema da libertação da vida humana, que hoje está compreendida no mistério pascal, por uma parte se relaciona com a vida concreta de nosso tempo e, por outra, representa-se na liturgia. Parece-me central precisamente este nexo entre liturgia e vida, ambas fundadas no mistério pascal. O que o cardeal Ratzinger aprendeu que não sabia já o teólogo Ratzinger? Cardeal Ratzinger: A substância de minha fé em Cristo seguiu sendo sempre a mesma: conhecer este homem que é Deus que me conhece, que, como diz São Paulo, se entregou por mim. Está presente para ajudar-me e guiar-me. Esta substância continuou sendo sempre igual. No transcurso
de minha vida li os Padres da Igreja, os grandes teólogos, assim como a teologia presente. Quando eu era jovem, era determinante na Alemanha a teologia de Bultmann, a teologia existencialista; depois foi mais determinante a teologia de Moltmann, teologia de influência marxista, por assim dizer. Diria que no momento atual o diálogo com as demais religiões é o ponto mais importante: compreender como por uma parte Cristo é único, e por outra parte como responde a todos os demais, que são precursores de Cristo, e que estão em diálogo com Cristo. Que deve fazer uma Universidade católica, portadora da verdade de Cristo, para fazer presente a missão evangelizadora do cristianismo? Cardeal Ratzinger: É importante que em uma Universidade católica não se aprenda só a preparação para uma certa profissão. Uma Universidade é algo mais que uma escola profissional, na qual aprendo física, sociologia, química... é muito importante uma boa formação profissional, mas se for só isto não seria mais que um prédio de escolas profissionais diferentes. Uma Universidade tem de ter como fundamento a construção de uma interpretação válida da existência humana. À luz deste fundamento, podemos ver o lugar que ocupa cada uma das ciências, assim como nossa fé cristã, que deve estar presente a um alto nível intelectual. Por este motivo, na escola católica, tem de se dar uma formação fundamental nas questões da fé e sobretudo um diálogo interdisciplinar entre professores e estudantes para que juntos possam compreender a missão de um intelectual católico em nosso mundo. Ante a busca atual de espiritualidade, muita gente recorre à meditação transcendental. Que diferença há entre a meditação transcendental e a meditação cristã? Cardeal Ratzinger: Em poucas palavras, diria que o essencial da meditação transcendental é que o homem se expropria do próprio eu, une-se com a universal essência do mundo; portanto, fica um pouco despersonalizado. Pelo contrário, na meditação cristã, não perco minha personalidade, entro em uma relação pessoal com a pessoa de Cristo, entro em relação com o "Tu" de Cristo, e deste modo este "eu" não se perde, mantém sua identidade e responsabilidade. Ao mesmo tempo abre-se, entra em uma unidade mais profunda, que é a unidade do amor que não destrói. Portanto, diria em poucas palavras, simplificando um pouco, que a meditação transcendental é impessoal, e neste sentido "despersonalizante". Enquanto que a meditação cristã "é personalizante" e abre a uma unidade profunda que nasce do amor e não da dissolução do eu. O senhor é prefeito para a Congregação para a Doutrina da Fé, o que antes se chamava a Inquisição. Muita gente desconhece os dicastérios vaticanos. Crêem que é um lugar de condenação. Em que consiste seu trabalho? Cardeal Ratzinger: É difícil responder a isto em duas palavras: temos duas seções principais: uma disciplinar e outra doutrinal. A disciplinar tem de se ocupar de problemas de delitos de sacerdotes, que, infelizmente, existem na Igreja. Agora temos o grande problema da pedofilia, como sabeis. Neste caso, devemos sobretudo ajudar os bispos a encontrar os procedimentos adequados e somos uma espécie de tribunal de apelação: se alguém se sente tratado injustamente pelo bispo, pode recorrer a nós. A outra seção, mais conhecida, é doutrinal.
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