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Uma Análise Sobre A Renúncia Do Papa Bento XVI: Renovação Na Igreja Católica

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Por:   •  23/11/2014  •  Tese  •  2.583 Palavras (11 Páginas)  •  307 Visualizações

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JUSTIFICATIVA E METODOLOGIA

A religiosidade sempre esteve presente na história da humanidade. Ao longo dos séculos, ela tem desempenhado diferentes papeis, que variam de acordo com o momento histórico, o contexto político, social, cultural, dentre outros fatores. O presente trabalho usa como ponto de partida o texto do sociólogo norte-americano James Petras As crises religiosas e sociais e suas conseqüências políticas, que discute o declínio da religiosidade nos Estados Unidos no século XXI. Para o autor, este fato está diretamente atrelado às crises sociais e políticas e ao crescente descrédito das instituições públicas. Petras defende que a religião não consegue explicar tais fenômenos e que seu discurso passivo e conformista não mais se enquadra no perfil de cidadão do cenário atual - por isso ela tende a encontrar cada vez menos espaço na vida dos indivíduos.

Foram estas considerações de Petras que motivaram a pesquisa a seguir, levando em conta que o que ele apresenta sobre religiosidade nos EUA é muito distinto do que acontece no Brasil, onde a religião ainda ocupa papel de destaque. Enquanto que nos EUA o protestantismo é a religião historicamente predominante e enfrenta um processo de decadência, aqui a religião majoritária é o catolicismo, que apesar de vir perdendo cada vez mais espaço para as religiões neopentecostais, ainda detêm significativo poder para interferir nas mais diversas esferas sociais. Foi para avaliar até que ponto essa informação é verdadeira que se resolveu fazer uma pesquisa de opinião, com uma pequena amostragem, para confrontar as idéias de Petras e verificar sua aplicabilidade no contexto brasileiro. Para ajudar nessa tarefa, foi escolhido em tema bastante debatido nos últimos dois meses – a renúncia do Papa Bento XVI, maior representante da Igreja Católica. Como não era possível realizar uma pesquisa que contemplasse todas as religiões existentes no Brasil, optou-se por trazer algo relacionado à sua maior religião, que mobiliza milhares de pessoas e ocupa significativo espaço nos meios de comunicação de massa. Aqui ela aparece representando não a instituição católica em si, mas a religiosidade do brasileiro.

Para realizar a pesquisa, foram entrevistadas dezesseis pessoas, que foram divididas em dois grupos: um formado somente por católicos, com oito pessoas, e outro formado por indivíduos de religiões diversas ou sem religião. Os objetivos eram: 1) entender como elas enxergam a religião atualmente – que aqui está representada pela igreja católica; 2) saber se elas estabelecem alguma relação entre religião e política e religião e mídia; 3) saber o que é reconhecido como papel da religião atualmente; e 4) conhecer um pouco das expectativas dos que se dizem católicos em relação aos rumos que a Igreja irá tomar com a mudança do seu líder maior. A técnica utilizada foi a de pequena entrevista, composta por três perguntas que foram feitas pessoalmente ou por email. Para o grupo de católicos, foram feitas as seguintes perguntas:

1) O que você acha sobre a renúncia do papa?

2) O que você acha sobre a repercussão da renúncia do papa?

3) Na sua opinião, qual seria o melhor perfil do novo papa: conservador ou

progressista? Por quê?

Já para o grupo de não-católicos, as perguntas foram:

1) O que você acha sobre a renúncia do papa?

2) O que você acha sobre a repercussão da renúncia do papa?

3) Como você enxerga o papel da igreja católica no Brasil atualmente?

As respostas a essas perguntas foram analisadas e as conclusões estão descritas a seguir.

A RENÚNCIA SOB A ÓTICA DOS NÃO-CATÓLICOS

O grupo consultado

Foram entrevistadas oito pessoas não pertencentes à Igreja Católica - três mulheres, quatro homens e um homossexual. Dentre elas, duas eram evangélicas, duas adeptas do candomblé, uma espírita e três que se declararam sem religião. Todos os consultados tinham idade entre 21 e 28 anos, pertenciam à classe média e possuíam nível superior.

As respostas

Ao serem indagadas sobre o que acharam da renúncia do Papa Bento XVI, as respostas foram diversas, mas seguiram a mesma linha de desconfiança: em geral, os entrevistados apresentaram uma suspeita de que houve outras motivações além da declarada pela ex-autoridade religiosa. Duas pessoas afirmaram que a renúncia foi um indício de uma crise interna, já que a Igreja Católica tem enfrentado muitas denúncias nos últimos anos, dentre elas de corrupção e pedofilia. Para eles, tais denúncias têm enfraquecido a imagem da igreja e ocasionado desentendimentos entre suas autoridades, o que levou à renúncia. Com um raciocínio semelhante, outros dois entrevistados afirmaram que a mesma foi uma consequência natural das pressões que a igreja vem sofrendo por conta dos escândalos e do posicionamento conservador de Bento XVI. A diferença aqui é que eles acreditam que ela foi motivada por pressões externas, e não por pressões advindas de dentro da própria igreja. A questão política no Vaticano foi mencionada como motivo para a renúncia por outros dois entrevistados, que levantaram a suspeita de haver uma disputa de poder entre os ocupantes dos altos cargos do clero. Apenas um entrevistado afirmou acreditar na justificativa dada por Bento XVI de que estava deixando o papado por motivos de saúde. Por outro lado, somente uma pessoa dentre os entrevistados mostrou-se ainda surpresa com o fato, não conseguindo ver motivos para justificá-lo.

Quanto à repercussão da renúncia nos meios de comunicação de massa, quatro entrevistados não demonstraram surpresa com o tratamento dado ao assunto, pois, para eles, o excesso de exposição foi condizente com o papel que a igreja ocupa no país, já que a religião católica ainda é majoritária no Brasil. Além disso, eles consideraram que a renúncia de um papa é um fato raro e isso justifica o destaque nos meios de comunicação e nas redes sociais por tanto tempo. Dois entrevistados mostraram-se surpresos com a repercussão, que para eles demonstrou o quanto a igreja ainda é poderosa nos dia de hoje, fato que eles não acreditavam ser verdade. Um entrevistado afirmou que tamanha repercussão se deveu ao fato de a mídia gostar de explorar polêmicas e, por isso, ter aproveitado a renúncia para relembrar as crises nas

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