Resenha do Livro Eu Creio na Pregação de John Stott
Por: farnela • 19/10/2017 • Resenha • 1.926 Palavras (8 Páginas) • 1.992 Visualizações
EU CREIO NA PREGAÇÃO
A todos que amam a pregação da Palavra de Deus o livro “Eu creio na pregação” serve como um estímulo a continuar valorizando esta atividade tão importante, pois nos mostra que a pregação faz parte da história desde a época de Jesus, os apóstolos e os pais da igreja até os dias atuais, e que mesmo que muitos hoje tentem desprezá-la, sempre haverá margem para a sua defesa. O contexto desta obra tem como objetivo o ensinar que pregação é indispensável, tanto para o crescimento como para a edificação da Igreja. Aquele que se dedica a esta atividade precisa entender o seu valor e preparar-se de maneira adequada para a sua ministração.
A obra tem como autor John Robert Walmsley Stott (1921 – 2011), que foi um pastor e teólogo anglicano britânico, conhecido como um dos grandes nomes mundiais evangélicos. Foi um dos principais autores do pacto de Lausana, em 1974. Em 2005, a revista Time classificou Stott entre as 100 pessoas mais influentes do mundo. É o mesmo autor dos livros: Cristianismo Básico, Crer é Também Pensar, Porque Sou Cristão, A Cruz de Cristo, Firmados na Fé, Cristianismo Equilibrado, Entenda a Bíblia, Cristianismo Autêntico, O discípulo radical, entre outros.
O autor inicia sua obra com a afirmação de que o cristianismo é uma religião na qual Deus decidiu revelar-se como salvador e que essa revelação é essencialmente apreendida pelos homens por meio da Palavra de Deus, que é ministrada ao longo da sua história por meio da pregação.
E é justamente essa que história demonstra como é longa e ampla a tradição cristã que atribui muita importância à pregação. Tal relação abarca quase vinte séculos, a partir de Jesus e de seus apóstolos, que continua através dos pais da igreja e dos grandes teólogos-pregadores pós-nicenos, e culminando nos clérigos modernos dos séculos XIX e XX.
John Stott, monta um panorama histórico por meio do exercício da pregação por diversos pregadores da Palavra, ressaltando a importância que cada um dava a esse ministério. A começar por Jesus Cristo e de seus apóstolos, nomes como Justino, Tertuliano, Lutero, Francisco de Assis, George Whitefield, Bonhoeffer e Dr. M. L. Jones, são citados a fim de demonstrar quanto a pregação da Palavra de Deus sempre teve bons representantes.
A pregação sempre foi importante para o cristão no decurso dos séculos pelo fato de haver algo diferente de sentimento e percepção do que ocorre em outras religiões. Nas outras, os mestres são oficialmente aceitos, sejam gurus hindus, sejam rabinos judaicos, sejam mulás muçulmanos. Eles são identificados como instrutores da religião e da ética, mesmo dotados de autoridade oficial, são na essência expositores de uma tradição antiga. Os pregadores do Evangelho, pelo contrário, são considerados verdadeiros arautos das boas-novas da parte de Deus e ousam pensar em si mesmos como seus embaixadores ou representantes que realmente transmitem a Palavra de Deus. Por tal motivo, a pregação é algo intimamente cristão.
Com o passar do tempo parece que essa percepção de importância pode estar diminuindo por parte dos pregadores que tendem a não acreditar mais no seu poder, no entanto, não se pode deixar de lado algo de uma tradição tão forte que já se torna intrínseco ao próprio cristianismo. O que se deve fazer é enxergar o momento pelo qual a pregação passa e enfrentar os desafios com honestidade e dedicação.
A pregação contemporânea não tem a honra que deveria, ou seja, nos dias atuais enfrenta obstáculos, dentre os quais podem ser destacados: o estado antiautoridade, a revolução cibernética, e a perda de confiança no evangelho.
O estado antiautoridade é descrito por Stott, como a oposição contra qualquer tipo de absolutismo institucional ou ideológico, por parte de pessoas que admitem não poder existir no mundo moderno qualquer tipo de autoridade absoluta, seja ela o estado, a Bíblia, ou a religião.
A revolução cibernética trata do avanço da tecnologia de comunicação em massa, como a televisão, que tem conseguido minar certas atitudes críticas das pessoas, bem como sua criatividade e emoções.
A perda de confiança no evangelho: um ceticismo peculiar à época de Stott, mas que é também nossa, em que a pessoas duvidavam em haver qualquer coisa relevante no cristianismo ou mesmo a possibilidade de crer nele como saída para os problemas da era moderna.
Neste cenário de indisposição ao ouvir ou ao praticar o evangelho, é importante que o pregador, em vez de ficar preso apenas à técnica, tenha convicções muito bem formadas. Uma pregação de fato cristã tem sido cada vez mais rara em nossos dias. O que se deve fazer antes de ministrar uma pregação é ter clarificado de que é isso o que deve ser feito. São destacadas cinco convicções necessárias ao pregador.
A primeira base que precisa estar firmada é a convicção a respeito de Deus. O que creio sobre Deus influenciará diretamente na pregação. O pregador precisa partir dos pressupostos de que Deus é luz, Ele tem agido e Ele tem falado.
Outra convicção que a pregação precisa é aquela a respeito das Escrituras. A Escritura é a Palavra de Deus escrita. Declarar isto é crer que Deus tem falado inspirando os profetas e os apóstolos para interpretar as suas ações. O fato da Palavra de Deus estar registrada dá a possibilidade de ela ser aplicada em todas as eras e lugares. Conhecemos Jesus e a sua obra por meio da palavra escrita e da ação do Espírito Santo que vivifica essa mensagem.
A convicção a respeito da igreja, parte da compreensão de que a Igreja é criada por Deus mediante a sua Palavra. Ele a mantém e a sustenta, a dirige, a santifica e a renova. Jesus governa a Igreja pela sua Palavra. O povo de Deus depende da Palavra de Deus. Do início ao fim das Escrituras, Deus se dirige ao seu povo para que andem com Ele e sempre se voltem a Ele. O povo de Deus vive e frutifica somente quando crê na sua palavra e a obedece. A história nos mostra que os períodos de decadência da igreja sempre estiveram ligados ao declínio da pregação da Palavra de Deus. Para o reavivamento da Igreja no mundo é necessária uma recuperação da pregação bíblica fiel e poderosa.
A convicção a respeito do pastorado é importante para enfrentar o fato de que a moral do clero sofreu perdas com o decorrer do tempo, pois existe um questionamento a respeito dele, ou seja, se um ministério profissional seria necessário. No entanto, é preciso reafirmar a doutrina neotestamentária de que Jesus Cristo ainda dá superintendentes à sua Igreja e deve-se resgatar a denominação também neotestamentária de “pastor”, como sendo o termo mais exato que traz à tona o modelo pastoral de Cristo, modelo permanente para todos os pastores. Neste compêndio, perceber que o aspecto do Ministério da Palavra é quádruplo – alimentar e guiar (as ovelhas se desgarram facilmente), guardar (contra lobos predatórios) e curar (atar as feridas das acidentadas).
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