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Teologico Seculo Xx

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Por:   •  10/3/2014  •  1.772 Palavras (8 Páginas)  •  370 Visualizações

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As idéias que ajudaram a modelar o pensamento teológico do século vinte

Teologia é um vocábulo que encontra sua origem na junção de duas palavras gregas: “Theos”, que significa Deus,e “logos”, que significa discurso ou razão. Logo, a teologia é o estudo de Deus e de sua relação com o universo. Ela é também o estudo das doutrinas religiosas e das questões de divindade. Toda dissertação ou raciocínio sobre Deus, constitui uma teologia.

O estudo de Deus é da máxima importância. Como disse o reformador João Calvino: “Quase toda sabedoria que possuímos, ou seja, a sabedoria verdadeira e sadia, consiste em duas partes: o conhecimento de Deus e de nós mesmos”.

O homem é irremediavelmente um animal religioso. Desde a antiguidade, Deus tem sido a principal preocupação do escrutínio humano. Sócrates, Platão, Aristóteles e todos os pensadores gregos importantes formularam teorias teológicas especulativas sobre Deus. A existência de Deus para esses homens era algo totalmente racional e necessário.

Diferentemente da teodicéia Socrática, Platônica ou Aristotélica, o cristianismo apresenta-se como religião revelada. Há pouca necessidade de especulações e elucubrações metafísicas, pois ele já parte do pressuposto de que Deus se revelou em sua Palavra, e na plenitude dos tempos nos falou por meio do seu filho Jesus, que andou entre nós pregando e fazendo milagres, sendo crucificado no tempo em que Pôncio Pilatos era governador da Judéia. Os apóstolos, encarregados por ele de pregar a sua mensagem ao mundo, escreveram sua biografia e eventos relacionados ao cristianismo. Esses registros documentais começaram a surgir após um breve hiato, não maior que trinta anos. É interessante notar que quando os primeiros relatos começaram a circular, muitas das testemunhas oculares dos fatos por eles narrados ainda estavam vivas. Ora, caso a narrativa apresentada por eles fosse considerada fantasiosa ou mítica, não faltariam pessoas para desmascará-los. No entanto, nos dias apostólicos não houve alguém que pudesse por em dúvida a historicidade de Jesus. Nem mesmo o Talmude, em todo o seu zelo judaico, nega que Jesus de Nazaré tenha feito milagres.

Ainda segundo a narrativa bíblica, esse Jesus nasceu de uma virgem, exatamente como vaticinara o profeta Isaías cerca de setecentos anos antes do seu nascimento. Ele era da descendência de Davi, e ressuscitou ao terceiro dia, havendo aparecido aos seus apóstolos e a uma multidão de mais de quinhentas pessoas (1Coríntios 15.6). Sua morte não foi um evento fortuito, contingente – ela foi providencial. Através do seu sacrifício, todos nós podemos chegar perto de Deus e, confessando as nossas iniqüidades, receber o seu imerecido perdão.

Os dois últimos parágrafos são um resumo do cristianismo bíblico e ortodoxo. Por ortodoxo, entende-se o bojo essencial do cristianismo histórico. Essa visão ortodoxa das Escrituras foi preservada ao longo dos anos, embora em alguns períodos da história não faltassem grupos para elaborar uma teologia diferente, apresentando novos e estranhos pressupostos sob os quais a Bíblia deveria ser interpretada.

As primeiras controvérsias surgiram quando o cristianismo ainda era uma religião recente: Primeiro os judaizantes, depois os docetistas, no século segundo foram os gnósticos, no século terceiro, Ário, e nos séculos seguintes também não faltaram homens controversos cujo exacerbado intento era comprometer a ortodoxia. O auge da controvérsia ocorreu na idade média e no início da era moderna quando o romanismo, em seu afã de arrecadar fundos para a construção da basílica de São Pedro, espoliou o povo europeu sob promessa de livrar as pobres almas do purgatório, e isso sem falar na comercialização de ícones, tais como espinhos da coroa de Cristo, pedaços da cruz na qual ele morreu, crânios (isso mesmo, plural – crânios) de João Batista, e tantas outras invencionices humanas que o “infalível” Papa e a “Santa” Igreja Católica homologavam sem nenhuma inibição. Tal era o abandono da Bíblia.

Caso a situação continuasse assim, seria realmente o fim da ortodoxia. Porém, nesse mesmo tempo houveram homens impulsionados pelo zelo ardoroso da verdade, que assumiram a tarefa de lutar pela manutenção da ortodoxia. Foi então que surgiram nomes como Martinho Lutero, João Calvino, Felipe Melanchton e Zuínglio, que não temendo a fúria de Roma, expuseram os abusos do clero católico e iniciaram o movimento que hoje conhecemos como a Reforma. Sua alcunha era Sola Fide, Sola Gratia, Sola Scriptura e Soli Deo Gloria. Desde então o movimento protestante, oriundo da Reforma religiosa, tem sido o principal preservador da ortodoxia.

Desde a época da Reforma, o mundo passou por uma série de transformações, e porque não dizer, pelas maiores transformações de toda a nossa história. Das caravela ao ônibus espacial, da bússula ao GPS, o mundo sentiu o impacto da tecnologia e essa mudança teve grande influência no pensamento ocidental. O Renascimento no século dezesseis, o Racionalismo do século dezoito, o Romantismo do século dezenove e todas as mudanças pela qual o mundo passou tiveram seu impacto sobre a teologia. O Renascimento trouxe de volta a ortodoxia, o Racionalismo, por sua vez, introduziu a crítica, a teologia liberal e o deísmo, e o Romantismo foi o portão de acesso para o existencialismo cristão, ou neo-ortodoxia.

Todo pensador está de certo modo envolvido com as idéias do seu tempo. Esse é um axioma antigo, porém válido. O contexto sócio-cultural, os conceitos filosóficos, o progresso tecnológico, a economia e os conflitos mundiais interferem indubitavelmente na maneira de pensar, e desde a Reforma até os nossos dias, não faltaram mudanças. Isso ocorreu de tal maneira e em tão grande quantidade que, se fossemos enumerá-las uma a uma, milhares de páginas seriam escritas, e isso não é nenhuma hipérbole.

Embora não seja possível listar de forma exaustiva os pensadores que exerceram influência no cenário teológico contemporâneo, faz-se necessário mencionar ao menos três deles: Immanuel Kant, Charles Darwin e Karl Marx.

O pensamento de Immanuel Kant é, sem dúvida, o grande divisor de águas da filosofia moderna, de modo que seu nome representa para a filosofia o mesmo que Copérnico representa para a ciência. Sua formação é um pouco eclética, para não dizer estranha: começou seu estudo dentro do pietismo, sendo depois influenciado pelo Iluminismo, em especial por Jean-Jacques Rousseau e Christian Wolff. Um dos filósofos da sua época, G.E. Lessing, propôs que “os eventos contingentes da história não podem servir de base para o conhecimento do mundo transcendente, eterno”. Segundo essa concepção, existe um

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