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Verdade Histórica Dos Evangelhos

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Por:   •  10/4/2013  •  2.661 Palavras (11 Páginas)  •  1.453 Visualizações

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INSTRUÇÃO

DA PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA

SOBRE A VERDADE HISTÓRICA DOS EVANGELHOS

SANCTA MATER ECCLESIA

A SANTA MÃE IGREJA, “coluna e fundamento da verdade” (1Tm 3,15), em sua missão de salvar as almas, serviu-se sempre da Sagrada Escritura e constantemente a defendeu contra qualquer falsa interpretação. E como nunca faltam questões complexas, o exegeta católico jamais deve perder o ânimo, seja na exposição da palavra de Deus, seja na solução de dificuldades que a ela se opõem. Procure mesmo, com todo o empenho, tornar sempre mais claro o sentido genuíno das Escrituras, confiando não apenas em suas forças, mas também e sobretudo na ajuda de Deus e na luz da Igreja.

É com grande satisfação que hoje encontramos não poucos filhos fiéis da Igreja que, peritos em ciências bíblicas, segundo as exigências de nossos tempos, e seguindo as exortações dos Sumos Pontífices, se dedicam com afinco e sem descanso a esta grave e árdua tarefa. “Lembrem-se todos os filhos da Igreja que devem julgar não apenas com justiça, mas também com suma caridade os esforços e as fadigas destes valorosos operários da vinha do Senhor” (Divino Afflante Spiritu, AAS 1942, p. 346; EB 564), pois que, também intérpretes muito famosos, como o próprio são Jerônimo, por vezes conseguiram um resultado apenas relativo em suas tentativas de resolver as questões mais difíceis (cf. Spiritus Paraclitus, EB 451). Atenda-se a que “no ardor das disputas não se ultrapassem os limites da mútua caridade, nem se deixe a impressão, na polêmica, de pôr em dúvida as próprias palavras reveladas e as tradições divinas. Porquanto sem concórdia dos ânimos e sem o discutível respeito dos princípios nesta disciplina não se podem esperar grandes progressos dos vários estudos feitos por muitos” (Carta Apostólica Vigilantiae, EB 143).

O esforço dos exegetas é hoje tanto mais necessário quanto mais se divulgam numerosos escritos nos quais se põe em dúvida a verdade dos ditos e dos fatos contidos nos Evangelhos. Movida por este fato a Pontifícia Comissão para os Estudos Bíblicos, a fim de cumprir o encargo a ela confiado pelos Sumos Pontífices, achou por bem expor e inculcar quanto segue.

1. O exegeta católico, sob a orientação do magistério eclesiástico, faça uso de todos os resultados obtidos pelos exegetas que o precederam, especialmente pelos Santos Padres e Doutores da Igreja, acerca da compreensão do sagrado texto, e se empenhe em prosseguir nesta obra. Com o fim de colocar em plena luz a perene verdade e autoridade dos Evangelhos, seguindo fielmente as normas da hermenêutica racional e católica, servir-se-á solertemente dos novos meios de exegese, especialmente dos que lhe são oferecidos pelo método histórico universalmente aceito. Este método estuda com cuidado as fontes, define-lhes a natureza e o valor servindo-se da crítica textual, da crítica literária e do conhecimento das línguas. O exegeta seguirá a admoestação de Pio XII, de feliz memória, que o obriga a “prudentemente... procurar... quanto a forma de dizer ou o gênero literário adotado pelo hagiógrafo possam conduzir à reta e genuína interpretação; e se persuada que esta parte de sua tarefa não pode ser negligenciada sem grande prejuízo para a exegese católica” (Divino Afflante Spiritu, AAS 1943, p. 343; EB 560). Com essa admoestação Pio XII, de feliz memória, enuncia uma regra geral de hermenêutica, válida para a interpretação dos livros tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, já que, para redigi-los, os hagiógrafos seguiram o método de pensar e de escrever de seus contemporâneos. Em resumo, o exegeta se aproveitará de todos os meios com os quais possa penetrar mais profundamente na índole do testemunho dos Evangelhos, na vida religiosa das primitivas comunidades cristãs, no sentido e no valor da tradição apostólica.

Quando convenha será lícito ao exegeta examinar os eventuais elementos positivos oferecidos pelo “método da história das formas” a fim de dele se servir devidamente para uma mais larga compreensão dos Evangelhos. Fá-lo-a, porém, com cautela porque muitas vezes o mencionado método está conexo com princípios filosóficos e teológicos inadmissíveis e que viciam não poucas vezes seja o método como tal, sejam as conclusões em matéria literária. Com efeito alguns fautores deste método, movidos por preconceitos racionalistas, negam-se a reconhecer a existência da ordem sobrenatural e a intervenção de um Deus pessoal no mundo mediante a revelação propriamente dita, como também contestam a possibilidade dos milagres e das profecias. Outros partem de um falso conceito de fé, como se esta não se preocupasse da verdade histórica, ou com esta fosse até incompatível. Outros negam a priori o valor histórico e a índole dos documentos da revelação. Outros finalmente, tendo em pouca conta a autoridade dos Apóstolos, enquanto testemunhas de Jesus Cristo, bem como sua função e influxo na comunidade primitiva, exageram o poder criador da mencionada comunidade. Tudo isso é não apenas contrário à doutrina católica, mas igualmente falto de fundamento científico e estranho aos corretos princípios do método histórico.

2. O exegeta, para afirmar a boa fundamentação daquilo que os Evangelhos nos referem, considere diligentemente as três fases por que passaram o ensinamento e a vida de Jesus antes de chegar até nós.

Cristo Nosso Senhor escolheu os discípulos (cf. Mc 3,14; Lc 6,13), que o acompanharam desde o início (cf. Lc 1,2; At 1,21-22), viram suas obras, ouviram suas palavras, estando assim em condições de tornarem-se testemunhas de sua vida e de seu ensinamento (Lc 24,48; Jo 15,27; At 1,8; 10,39; 13,31). O Senhor quando expunha de viva voz sua doutrina seguia as formas de pensamento e de expressão então usuais, adaptando-se assim à mentalidade dos ouvintes e fazendo com que seu ensino se imprimisse firmemente na memória deles e pudesse ser guardado com facilidade pelos discípulos. Estes perceberam bem os milagres e os demais acontecimentos da vida de Jesus como fatos operados e dispostos com a finalidade de levar à fé em Cristo e de aceitar com fé sua mensagem de salvação.

Os Apóstolos anunciavam antes de tudo a morte e a ressurreição do Senhor, dando testemunho de Jesus (Lc 24,44-48; At 2,32; 3,15; 5,30-32), narravam fielmente sua vida, repetiam suas palavras (cf. At 10,36-41), tendo presentes ao pregar as exigências dos diferentes ouvintes (cf. At 13,16-41 com At 17,22-31). Depois que Jesus ressuscitou dos mortos e sua divindade apareceu de modo claro (At 2,36; Jo 20,28), a fé não somente

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