A HOSPITALIDADE URBANA: AMPLIANDO O CONCEITO
Por: Natália Reis • 18/11/2021 • Trabalho acadêmico • 3.100 Palavras (13 Páginas) • 169 Visualizações
HOSPITALIDADE URBANA: AMPLIANDO O CONCEITO
SEVERINI, Valéria Ferraz. HOSPITALIDADE URBANA: AMPLIANDO O CONCEITO. Revista Iberoamericana de Turismo – RITUR, Penedo, vol. 3, n.2, p. 84-99, 2013. Disponível em: http://www.seer.ufal.br/index.php/ritur. Acesso em: 17 set. 2021.
1 - INTRODUÇÃO: HOSPITALIDADE URBANA E QUALIDADE DE VIDA
Considerada um fenômeno social que se manifesta em contexto doméstico, comercial ou público, a hospitalidade é o ato humano de recepcionar, hospedar, alimentar e entreter pessoas temporariamente deslocadas de seu hábitat (CAMARGO, 2003). Mas, enquanto objeto de estudo acadêmico, a hospitalidade é bastante recente, apenas a partir de meados da década de 2000 é que congressos, seminários e colóquios ligados ao tema começaram a se consolidar; Camargo (2003, 2004, 2008) e Grinover (2002, 2007) são os pioneiros no assunto no Brasil e destacam a hospitalidade a partir de diferentes perspectivas. Trazendo uma visão ampla e multidisciplinar, eles passaram a introduzir áreas como História, Turismo, Arquitetura e Urbanismo no campo da hospitalidade urbana.
Diferentemente da atividade turística, a atividade hospitaleira estuda o “receber” a partir da perspectiva não só do turista (no caso, o hóspede), mas também do morador (que pode ser pensando como anfitrião como será visto mais adiante neste artigo), e, portanto, associados aos estudos sobre qualidade de vida. Sem uma definição clara e normalmente muito subjetiva, a qualidade de vida está atrelada aos desejos dos indivíduos e às possibilidades de atendimento desses anseios. Para alguns autores, ela se dá por meio de um somatório de fatores que envolvem aspectos espaciais, biológicos, sociais e econômicos (VARGAS e RIBEIRO, 2004). Mas ela incorpora também os conceitos de funcionamento da cidade e faz referência ao desempenho das diversas atividades urbanas (VARGAS, 1999).
O inchaço das cidades demanda ações sociais urbanas cada vez maiores nos setores públicos e uma reorganização do espaço, mas que nem sempre são realizadas. O crescimento populacional das cidades, desacompanhado de um desenvolvimento social e de um aumento da infraestrutura urbana acabou por fazer perder seu significado de local de acolhimento e de fortalecimento do vínculo social, dando a impressão de que as relações sociais urbanas são fragmentadas e efêmeras (CASELLA, 2006). Apesar de todos os problemas, é para as cidades que as pessoas são atraídas. Tidas como locais onde se podem encontrar oportunidades de trabalho e de negócios, educação, saúde e cultura, as cidades estão entre os destinos mais procurados por migrantes e turistas em todo o mundo. Isso porque, num mesmo espaço físico, as cidades conseguem reunir diferentes atividades urbanas para variados grupos sociais com diversos propósitos.
O turismo urbano é definido em função das motivações dos visitantes assim como das formas e atributos das cidades que atraem os consumidores. Para Vargas (2000), o turismo urbano, dividido em turismo de negócios e de eventos, está relacionado às atividades de recreação, cultura, lazer e compras, e é usufruído também pela população local. Trata-se, portanto, de um conjunto de atividades que se dão numa realidade urbana existente, afinal “as atividades turísticas estão imiscuídas à dinâmica urbana per se e a todas suas atividades (comércio, indústria, transportes, sociabilidade etc.)”. Ao perceber essa capacidade natural de atratividade, alguns gestores públicos perceberam que uma cidade boa para se viver também é uma cidade boa para se visitar. E não ao contrário. Ou seja, a preocupação passa a ser em primeiro lugar com o anfitrião – o ser que recebe -, e em segundo lugar com o hóspede, ou como o turista – aquele que é recebido.
Resumo
Para alguns autores, ela se dá por meio de um somatório de fatores que envolvem aspectos espaciais, biológicos, sociais e econômicos. O inchaço das cidades demanda ações sociais urbanas cada vez maiores nos setores públicos e uma reorganização do espaço, mas que nem sempre são realizadas. O crescimento populacional das cidades, desacompanhado de um desenvolvimento social e de um aumento da infraestrutura urbana acabou por fazer perder seu significado de local de acolhimento e de fortalecimento do vínculo social, dando a impressão de que as relações sociais urbanas são fragmentadas e efêmeras. Apesar de todos os problemas, é para as cidades que as pessoas são atraídas.
Tidas como locais onde se podem encontrar oportunidades de trabalho e de negócios, educação, saúde e cultura, as cidades estão entre os destinos mais procurados por migrantes e turistas em todo o mundo. Isso porque, num mesmo espaço físico, as cidades conseguem reunir diferentes atividades urbanas para variados grupos sociais com diversos propósitos. O turismo urbano é definido em função das motivações dos visitantes assim como das formas e atributos das cidades que atraem os consumidores. Para Vargas , o turismo urbano, dividido em turismo de negócios e de eventos, está relacionado às atividades de recreação, cultura, lazer e compras, e é usufruído também pela população local.
Ao perceber essa capacidade natural de atratividade, alguns gestores públicos perceberam que uma cidade boa para se viver também é uma cidade boa para se visitar
Tidas como locais onde se podem encontrar oportunidades de trabalho e de negócios, educação, saúde e cultura, as cidades estão entre os destinos mais procurados por migrantes e turistas em todo o mundo. Isso porque, num mesmo espaço físico, as cidades conseguem reunir diferentes atividades urbanas para variados grupos sociais com diversos propósitos. O turismo urbano é definido em função das motivações dos visitantes assim como das formas e atributos das cidades que atraem os consumidores. Ao perceber essa capacidade natural de atratividade, alguns gestores públicos perceberam que uma cidade boa para se viver também é uma cidade boa para se visitar
2 - OS ESPAÇOS DA HOSPITALIDADE E SEUS AGENTES
A hospitalidade se concretiza no encontro de alguém que recebe (anfitrião) e alguém que é recebido (hóspede) num determinado espaço. Espaço este, que pode ser o espaço doméstico (a casa), o espaço comercial (o hotel) ou o espaço da cidade (o espaço público), sendo este último, o objeto desta pesquisa (FERRAZ, 2013). Tida como a esfera mais tradicional, a hospitalidade doméstica é onde o ato de receber, alojar, alimentar ou entreter pessoas mais se estabelece (CAMARGO, 2003). Isso porque é no “espaço da casa” que os pequenos gestos do dia a dia se processam e onde a intimidade ocorre com mais frequência. É também na esfera da hospitalidade que os papéis dos agentes da hospitalidade ficam mais claros: o dono da casa é o anfitrião e a pessoa que é recebida é o hóspede.
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