O fenômeno do turismo
Tese: O fenômeno do turismo. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: makuna • 2/6/2014 • Tese • 4.459 Palavras (18 Páginas) • 314 Visualizações
O fenômeno do turismo
Numa análise histórica a respeito do turismo, podemos constatar as diferentes
maneiras que essa “prática social e essa atividade econômica” modificaram não só o
conceito, mas também os usos do que se compreende hoje como turismo. A sociedade
como agente de transformação e, por conseguinte produtora daquilo que necessita para
se reproduzir, ao longo do tempo modifica também, o modo como produz e cria novas
necessidades e significados para sua existência. Nesse sentido como sistematizar e
pensar uma atividade que atualmente nos parece cada vez mais uma invenção pura e
simplesmente direcionada para a reprodução do capital, mediada quase exclusivamente
pelas necessidades do mercado? Não negamos aqui a subjetividade do indivíduo, ou
mesmo de um coletivo, ao conhecer novos lugares, do prazer pela viagem à
possibilidade de novos contatos e o que isso desperta às pessoas fazem da atividade
turística um fenômeno prazeroso e uma prática para além do cotidianamente vivido.
Mas o turismo como nos alerta Boyer:”... é um tipo de consumo diferente dos
outros...” “...o turismo é um produto da evolução sociocultural...”p.16. Um produto que
ganhou força e muito interesse principalmente com a revolução industrial, onde o
desenvolvimento das comunicações e dos transportes possibilitou esse desenvolvimento
também. Portanto o turismo tal como conhecemos nasceu a partir dessa evolução, tem
fases históricas e essa compreensão é determinante para que possamos seguir nossa
argumentação, que novamente apoiada nas palavras de Boyer nos complementam: ”O
turismo nem sempre existiu. O fenômeno designado, na época romântica, por uma nova
palavra, por um neologismo, decorre de The Tour, termo que, apesar da aparência, não
era entendido pela “Europa Francesa” do século 18. The Tour, fenômeno original,
nasceu e se desenvolveu na Inglaterra do século 18 que fez todas as revoluções:
Industrial, agrícola, financeira. Acrescentamos a Revolução Turística.”p39. O turismo
moderno ganha força e se sistematiza a partir deste período histórico, outro autor define
o momento da seguinte maneira: “... De facto foi nestes dois últimos séculos que,
lentamente, se acumularam as condições (culturais, materiais e organizativas) que
permitiram ao turismo conquistar a alargada base social que hoje o caracteriza e passar a
participar efetivamente nas rotinas da vida familiar. Foi a nova ordem social, econômica
e cultural instaurada pela Revolução Industrial que possibilitou, em ultima análise, o
desenvolvimento do turismo moderno.” (Henriques p.28)
A produção do turismo
Como um produto da moderna sociedade produtora de mercadorias, a atividade
do turismo está inserida na lógica da diferenciação, da espetacularização, de
especializações e homogeneização da prática, é uma mercadoria onde o consumo do
espaço é determinante para essa reprodução. A invenção dos lugares nesse contexto se
faz necessária, uma vez, que o turismo é fetichizado como qualquer outra mercadoria,
representa status, um privilegio. O turismo cada vez mais é motivado pelo lucro, o uso,
o viver a prática do turismo mediante as necessidades e descobertas humanas não
importa, quando falamos em homogeneização nos referimos a isso, o lugar inventado
para o consumo direcionado, as atividades importantes são aquelas que a propaganda
diz que são legais e a melhor a se fazer, sem falar nos lugares higienizados como
shoppings, clubes, resorts, colônias, bares e uma infinidade de espaços particulares, que
novamente cumprem seu papel de diferenciação e barreiras de classes. Não queremos
dizer com isso que o turismo é uma coisa ruim em si, até porque como dissemos no
começo do texto, o turismo é uma prática social e como tal é norteado pela sociedade
que o reproduz. Porem não podemos aqui deixar de criticar essa face que a professora
Ana Fani A. Carlos assim diz: “Constata-se, hoje, a tendência segundo a qual cada vez
mais os espaços são destinados à troca, o que significa que a apropriação e os modos de
uso tendem a se subordinar cada vez mais ao mercado. Em última instância isso
significa que existe uma tendência à diminuição dos espaços, onde o uso não se reduz à
esfera da mercadoria e o acesso não se associa à compra e venda de um “direito de uso
temporário”. Há cada vez mais o lazer e o consumo; o corpo, os passos são restritos a
lugares vigiados, normatizados, privatizados. Esse fato é consequência da “vitoria do
valor de troca sobre o valor de uso”, isto é, o espaço se reproduz, no mundo moderno,
alavancado pela tendência que o transforma em mercadoria – o que limitaria seu uso às
formas de apropriação privada” (Carlos p.178).
Sob essa
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