Teorias do Turismo - Japão
Por: bel.schneider • 28/5/2016 • Trabalho acadêmico • 1.749 Palavras (7 Páginas) • 410 Visualizações
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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Humanas e Sociais
Escola de Turismo
Relação do turismo ocidental no Japão e os conceitos de teoria geral do turismo I
Isabel Delgado Schneider
Rio de Janeiro
2015
No texto “Ócio, lazer e tempo livre na sociedade do consumo e do trabalho” os autores falam do período pós-revolução industrial onde há um grande foco no trabalho. Entretanto, o trabalho como o fator mais importante na estrutura social começou a ser discutido, surgindo novos pensamentos, onde o tempo livre, o ócio e o lazer passam a ser integrantes importantes na estrutura do novo contexto social. Cássio Aquino e José Martins explicam no texto que na pesquisa deles esses termos aparecem muito como sinônimos, mas tem, na verdade, significados diferentes.
Os autores explicam esses elementos de diversas maneiras, como, por exemplo, as seguintes: “(...) tempo livre, que se refere às ações humanas realizadas sem que ocorra uma necessidade externa”, “(...) existe uma relação forte da palavra ócio em espanhol com a palavra grega scholé, carregada do sentido de um lugar para o livre desenvolvimento individual”, “O lazer encontra-se submetido a um lugar de destaque, com funções de descanso, desenvolvimento da personalidade e diversão”. Eles também afirmam que “(...) os fenômenos lazer e ócio necessitam de um tempo liberado ou livre e resguardam relação com liberdade”.
Atualmente, a palavra “lazer” é muito relacionada com o turismo, pois este é popularmente conhecido como o ato de viajar com fins de lazer. O livro “O Olhar do Turista” de John Urry analisa o turismo (as férias, as viagens) e o motivo pelo qual esse ocorre, definindo algumas características necessárias, para que a prática seja considerada “turismo”. Algumas dessas características são, resumidamente: ser atividade de lazer, possuir movimento para diversos destinos e permanência temporárias nestes, destino e viagem fogem das normas da residência/trabalho e há intenção de voltar “para casa” dentro de um tempo curto. Segundo Urry, “o olhar do turista depende daquilo com que ele contrasta; quais são as formas de uma experiência não-turística”, ou seja, o turista busca a saída de sua rotina, o diferente. Dessa maneira, o foco desse ensaio será o turismo no Japão pelo povo ocidental.
O Japão é um país da Ásia oriental, este é uma grande potência econômica, sendo a sua capital Tóquio uma das maiores cidades do mundo. Esse país não foi colonizado por uma nação europeia e, portanto, possui uma cultura imensamente diferente do mundo ocidental. Entretanto, com a globalização e com a intervenção e ajuda dos EUA após a segunda guerra mundial, houve certa “ocidentalização” do país, havendo assim uma mistura da história e cultura tradicional com a global. O Japão também é um grande polo turístico mundial, possuindo quatorze patrimônios mundiais da UNESCO e atraindo milhões de turistas todos os anos.
Segundo o modelo existencial na sociedade industrial de Krippendorf, a viagem é a evasão do cotidiano para o anti-cotidiano e o motivo dessa é, muitas vezes, a influência social (“status”). Assim, levando em conta que o turista busca o diferente da sua rotina, o anti-cotidiano, o Japão é um destino ideal. Além de o país oferecer um alto “status” para o viajante (por ser um lugar caro e diferente de se visitar), o turista ocidental visitando o Japão vai fugir completamente do seu cotidiano, ele não só passará o dia se divertindo em vez de trabalhando, como irá presenciar uma cultura absolutamente distinta do seu habitual, desde a alimentação, religião e arquitetura local até a forma de agir e a educação da população. Essas diferenças atraem aqueles que buscam novas sensações e conhecimentos, aventuras e fuga do dia-a-dia. No olhar do turista, o que pode parecer banal para um cidadão local (como uma mulher andando na rua de kimono, por exemplo) vira algo mágico e especial, como Urry afirma em seu livro: “A contemplação visual torna extraordinárias certas atividades que, caso contrário, seriam apenas mundanas”. Além disso, muitos veem viagens, principalmente essas onde a pessoa tem a possibilidade de observar e apreciar uma vida e cultura díspar da sua própria, como um rito de passagem, uma jornada que leva ao crescimento individual.
Outra discussão importante que pode ser aplicada ao tema é a de autenticidade no turismo. Nessa discussão, é debatido se o turismo é de fato autentico ou se a economia e o turismo de massa fazem com que haja uma encenação falsa dessa cultura local. No texto “Olhares contemporâneos sobre o turismo”, os autores afirmam que “a ‘autenticidade encenada’ – decorrente não do desejo frívolo do turista por amenidades, mas pela própria dinâmica do desenvolvimento do turismo de massa que levará inevitavelmente os grupos visitados à representação ‘artificial’ de sua cultura”. No Japão, isso pode ser discutido, por exemplo, com a cerimônia tradicional do chá. Turistas podem pagar para observarem essas cerimônias, às vezes em templos ou até mesmo hotéis. Assim, muitos acham que essa cerimônia sendo feita somente para os turistas a torna inautêntica, apenas um bem de consumo. Já outros acreditam que só porque essa esta sendo feita para turistas não faz com que deixe de ser tradicional e, portanto, autêntica da cultura japonesa. Uma boa interpretação seria, como dito por Urry no texto “Olhar do turista”, “(...) é necessário distinguir entre a autenticidade de cenário e a autenticidade das pessoas que são objeto do olhar”.
O debate de autenticidade esta ligado também com o conceito de pseudo-acontecimento. Esse seria um acontecimento puramente manipulado pela indústria turística, mas que os turistas acreditam fazer parte da cultura local, como é afirmado no texto “Olhares contemporâneos sobre o turismo”: “O turismo estaria fechado como num circuito de ilusões, e o turista somente conseguiria observar a cultura alheia protegido por uma ‘bolha ambiental’”. Assim, alguns afirmariam que essa experiência não seria autêntica.
O turismo no Japão não pode ser definido simplesmente como “autêntico” ou “inautêntico”, pois o país possui diversos tipos de turismo e de turistas. Tanto o turista alocêntrico (o qual procura novas realidades e experiências), quanto o psicocêntrico (que procura serviços padrões, destinos conhecidos e de massa) e o mesocêntrico (que varia entre o alo e o psicocêntrico) podem achar destinos turísticos dentro do Japão. Dessa forma, não se pode generalizar as experiências turísticas no país como somente autênticas ou somente inautênticas.
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