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UM MODELO COMPORTAMENTAL DA ANÁLISE DOS SONHOS

Por:   •  23/3/2020  •  Monografia  •  2.512 Palavras (11 Páginas)  •  361 Visualizações

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

CURSO DE PSICOLOGIA

ISADORA FIDELIS VERGÍLIO - N2650G7

UM MODELO COMPORTAMENTAL DA ANÁLISE DOS SONHOS

BAURU

2019

ISADORA FIDELIS VERGÍLIO – N2650G7

UM MODELO COMPORTAMENTAL DA ANÁLISE DOS SONHOS

                                                                                        Atividade complementar obrigatória

                                                                                        de resumo e apreciação

                                                                                        destinado ao professor

                                                                                        Dr. Fernando Del Mando Lucchesi

BAURU

2019

INTRODUÇÃO

Profissionais, e até mesmo alunos de psicologia, tendo contato com a Análise Experimental do Comportamento e com outras versões do behaviorismo, se questionam, o que a Terapia Comportamental faz com os acontecimentos internos, como os conceitua e como faz para lidar com eles num contexto clínico.

Respostas insatisfatórias a estas perguntas foi o que levou um importante contingente de estudiosos a perder o interesse da proposta comportamental para atuação clínica, assim como têm feito e solidificado críticas, muitas delas injustificáveis, contra o behaviorismo. A posição de Skinner (1974), dizendo que o behaviorismo radical, diferente de outras versões do behaviorismo, não ignora os acontecimentos internos (pensamentos, fantasias e sonhos.), trouxe um alívio para os seus seguidores, em particular aqueles que trabalham com clínica. “Skinner escreveu extensamente sobre o comportamento humano complexo, elaborando intrigantes análises conceituais e, seguramente, mais da metade dos seus textos referem-se a análises funcionais não experimentais, isto é, à identificação (ou tentativa) de variáveis dependentes e independentes e de processos de interação em exemplos de comportamento humano” (Todorov, 1982).

Todavia, Skinner não sugeriu e não fez ataques sistemáticos pelo universo clínico, não fornecendo, portanto, um modelo teórico-experimental voltado à prática clínica.

Sua proposta inclui a atuação terapêutica, se assim for desejado, de forma que a transposição das análises skinnerianas para o contexto terapêutico ficou como uma tarefa a ser desenvolvida por aqueles diretamente interessados nesse desafio. O texto representa um esforço nessa direção. Tem objetivo de explicar como a análise de acontecimentos internos, em particular os sonhos, pode ser feita dentro do contexto do behaviorismo radical e apresenta um modelo inicial de como a análise dos sonhos pode ser incorporada ao conjunto de recursos terapêuticos a disposição do terapeuta comportamental, com orientação behaviorista radical.

Os sonhos sempre fascinaram a todos e estiveram envolvidos em auras místicas. Dois tipos de dúvidas básicas surgem para aqueles que o estudam: o que é o sonho e qual a sua natureza, por um lado; qual o seu significado e o que representam, por outro. Há fascinantes ensaios sobre os sonhos, propostos por Freud e Jung, para citar dois exemplos mais conhecidos e influentes. Para o behaviorismo radical, sonhar é comportar-se. O sonho é conceituado como um comportamento como qualquer outro, sujeito, portanto, às mesmas leis que os comportamentos manifestos. Na sua manifestação encoberta ou interna só é acessível ao indivíduo que sonha. Para se ter acesso a ele e poder estudá-lo há necessidade do uso da auto observação (uma forma de introspecção) e o relato verbal. A introspecção, aqui, não é a mesma das escolas mentalistas, porém, pois se questionam a natureza do que é “introspecionado” e a fidedignidade das observações. Não se trata da busca dos eventos mentais; o que se observa é o próprio organismo. Não se trata de uma pesquisa fisiológica, já que esse não é o objeto de estudo da psicologia. O que o sujeito (que sonha) observa, via introspecção, não é nenhum mundo imaterial da consciência, da mente ou da vida mental mas, uma manifestação, uma classe de comportamentos emitida pelo próprio corpo do observador (Skinner, 1974, pp. 16 e 17).

O fato de um indivíduo se comportar durante o sono não deve causar estranheza. Há exemplos de discriminações durante o sono: uma mãe acorda com o balbuciar de seu filho (SD para comportamento de atendê-lo) e não acorda diante de um ruído mais intenso que não tem função discriminativa para seu comportamento de acordar. As pessoas fazem discriminações temporais durante o sono e são capazes de acordar no mesmo horário sem o uso de despertadores; acordam, mesmo, em horários não usuais quando se propõem a fazê-lo, sem necessidade de relógios. O organismo, durante o sono, também se comporta. Não há razão para supor que os comportamentos, durante o sono, sejam regidos por leis diferentes daquelas que operam na vigília. A topografia e magnitude das respostas podem ser diferentes, mas não sua natureza. Os sonhos podem ser conceituados como comportamentos perceptivos que ocorrem durante o sono.

O relato do sonho é um comportamento verbal, sob controle de estímulos verbais e ambientais, presentes no momento do relato. Para um melhor entendimento de como conceituar os sonhos (evento privado) é esclarecedor lembrar como o behaviorismo radical lida com termos, conceitos e construtos. Segundo Skinner (1945, pp. 274 e 275),

“conquista-se uma considerável vantagem ao lidar com eles na forma em que são observados: como respostas verbais. Significados. conteúdos e referências devem ser encontrados entre os determinantes da resposta e, não entre suas propriedades. Uma classe de respostas verbais não é definida só por sua forma fonética, mas por suas relações funcionais. O que se deseja saber no caso de muitos termos psicológicos tradicionais é, primeiramente, as condições estimuladoras específicas sob as quais eles são emitidos (isto corresponde a “encontrar os referentes”) e, em segundo lugar (e esta é uma questão sistemática mais importante) por que uma resposta é controlada por sua condição correspondente. O indivíduo adquire a linguagem a partir da sociedade, mas a ação reforçadora da comunidade verbal continua a desempenhar um papel importante na manutenção das relações específicas 4 entre respostas e estímulos, os quais são essenciais para o funcionamento apropriado do comportamento verbal. A maneira pela qual a linguagem é adquirida é, portanto, apenas parte de um problema mais amplo”.

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