A Colonização do Piauí: Guerras, extermínio e as reivindicações do século XXI
Por: Josereinaldo • 10/8/2018 • Trabalho acadêmico • 3.509 Palavras (15 Páginas) • 299 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO – UNIVASF
COLEGIADO DE ANTROPOLOGIA
Disciplina: Antropologia no Nordeste Brasileiro
Professor (a): Camila Galan de Paula Período: III período
Aluno: Jose Reinaldo Oliveira Paes Filho Data: 05\04\2018
A colonização do Piauí:
Guerras, extermínio e as reinvindicações do século XXI.
SÃO RAIMUNDO NONATO- PIAUÍ
05 de abril de 2018.
Sumario
A colonização do Piauí____________________________________________3
Guerras contra os indígenas e seu extermínio?_________________________4
As reinvindicações no século XXI____________________________________6
Carta dos povos indígenas Kariri (Cariri) e Tabajara. (Anexo1).____________9
Conclusão_____________________________________________________13
Referencias Bibliográficas________________________________________14
A Colonização do Piaui.
A conquista das terras correspondente ao atual estado do Piauí foi a mais tardia de todas as capitanias no período colonial, pois só teve inicio no fim do século XVII, no ano de 1674 quando o bandeirante Domingos Afonso Sertão chega à região, com intensão de povoar a mesma.
Durante esse período acontecia à expansão da economia açucareira no nordeste, ocasionando uma carência por novos espaços para a criação de gado bovino, e se viu no Piauí um território ideal para desenvolver essa prática econômica, pois a capitania disponibilizava de áreas de caatinga e de cerrado propicias para o pastoril.
Porém para expandir o pastoril é necessário terras em abundância para essa prática, e o Piauí fica entre duas bacias hidrográficas, a amazônica e a do Parnaíba então o estado virou um corredor migratório para os indígenas, e alguns acabaram se instalando na capitania, é impreciso o numero de grupos que ali se estabeleceram, mas eram dezenas de acordo com dados de Pe. Carvalho.
Por isso gerou diversos atritos entre os colonizadores e os indígenas que ali habitavam, pois para expandir a criação de gado era necessário desapropriar os indígenas de suas terras, o que acabou desencadeando em inúmeras guerras constantes.
No entanto os colonos se disponibilizavam de armas de fogos, as quais os indígenas desconheciam que favoreceu os colonos no resultado dos embates entre ambos, por esse fato os índios estavam sendo expulsos de suas terras e realocados em aldeamentos distantes, e alguns sendo escravizados para trabalharem nas fazendas de gado.
O autor João Pacheco de Oliveira (2004) aborda o processo de territorialização para explicar os acontecimentos ocorridos com os indígenas durante os séculos XVII à XX, a qual vou me auxiliar para explicar a questão dos aldeamentos indígenas.
Pois durante o século XVIII os indígenas foram realocados em aldeamentos missionários, com finalidade de sedentarizar e catequizar os mesmo, distantes dos demais colonos e do principal empreendimento, que na questão era as fazendas de gado, em sua maioria eram “índios mansos” que posteriormente se incorporavam ao Estado colonial português, e nisso alguns foram recrutados como mão de obra pra auxiliar no pastoril do gado.
“O recrutamento de mão de obra para a atividade criatória não parece haver constituído problema, pois o elemento indígena se adaptava facilmente a mesma (...) tudo indica que foi com base na mão de obra local que se fez a expansão da atividade criatória”. (MOTT, P. 235)
Mas alguns grupos indígenas se recusavam a ceder aos aldeamentos missionários e reagiam com hostilidade ao avanço das fazendas de gado, e esse repudio dos indígenas ocasionou em diversas guerras.
Guerras contra os indígenas e seu extermínio?
Como relatado anteriormente o Piauí foi colonizado no sentido de incorporar o gado como principal atividade econômica, já que a capitania não dispunha de fatores necessários para agricultura, viu na pecuária a melhor opção para ser desenvolvida, e foi uma aposta que deu frutos, resultou no conhecimento do estado como curral e açougue das áreas canavieiras.
Mas para esse reconhecimento foi necessário de desapropriar os indígenas de suas terras originarias e realocarem em aldeamentos, porém isso não aconteceu tão facilmente, pois os indígenas relutaram em aceitar tal processo realizado pelos colonizadores e iniciou-se diversos atritos entre ambos.
O Pe. Miguel de Carvalho (1938) referia os índios do Piauí como sendo os mais bravos e guerreiros que se encontrava no Brasil, por isso não devia esperar uma convivência pacifica com grupos tão hostis e de interesse e estilos tão diferentes.
Por isso no século XVIII a colonização chegou a ser ameaçada e o processo não ter continuidade, pelo o índio Mandu Landino, o qual estava aldeados em missões jesuítas e conseguiu escapar juntamente com uma horda de outros índios que proferiam um verdadeiro terror aos vaqueiros e donos de fazendas, chegando a matar cerca de 60 colonos e destruir muitas casas e fazendas.
“Não só haviam de matar a todos, mas chegar até a me cortar a cabeça e fazerem-se senhores de toda a Capitania [...]”. (PINHEIRO, 1747)
Os colonos começaram a denominar este grupo como sendo “os Pimenteiras”, pois os mesmos estariam estabelecidos num sitio denominado as Pimenteiras, e estes índios são os principais na historicidade piauiense, por conta de todas narrativas que os citavam, desde o século XVIII até o século XIX, ficando como imagem um grupo de índios bravos que relutavam em aceitar o processo de colonização e a desapropriação de suas terras.
Os primeiros governadores do Piauí começaram a promover uma perseguição aos Pimenteiras, com finalidade de amansá-los ou se fosse o caso de os mata-los, e a cada investida contra os indígenas, os mesmos revidavam tais atos, colocando fogo em fazendas, matando colonos e gados, e para freia as ondas de ataques dos Pimenteiras o governador incumbiu a função para João do Rego conhecido como “El Matador”.
“Projeta-se, então, uma entrada contra os Pimenteiras, a qual é confiada a João do Rego, sempre propenso a movimento dessa natureza. Talvez servisse a iniciativa apenas de alvissareiro pretexto aos desajustados compartes de governo, para que celebrassem uma trégua em suas discórdias”. (NUNES, 2007, p.178).
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