A Flor

A FLOR

Em um dia chuvoso, Catarina andava pela rua quando viu-se em frente ao lugar que lhe trazia lembranças de alguém que já se fora, o cemitério. Entrou e foi em direção ao túmulo de sua mãe, chorou e contemplou a lápide sem vida e, ao retornar, encontrou caída ao chão uma linda rosa vermelha e, como se estivesse hipnotizada por ela, pegou-a e levou-a consigo para casa.

Chegando em casa, colocou-a em belo vaso, pôs ao lado de sua cama e foi fazer suas tarefas diárias.

Depois de um dia cansativo, deitou-se e adormeceu. Perdida em seus sonhos, ouviu o som familiar de seu celular tocando, ao atendê-lo, escutou uma voz rouca do outro lado da linha que dizia:

-Eu a quero de volta, devolva-a!!!

-O quê?? Você quer o quê de volta?? Quem está falando???

Já não havia mais ninguém na linha para escutá-la, então voltou a deitar-se.

O dia amanheceu e Catarina preparou-se para ir trabalhar quando então seu celular tocou novamente:

-Devolva-a!!!

Sem dar muita atenção, ela seguiu seu caminho normalmente quando encontrou seu vizinho, alguém que perdeu seus pais num trágico acidente e, fazia visitas diárias ao cemitério, os dois se dão um formal "BOM DIA" e continuam andando.

Catarina tenta continuar sua rotina, mas as ligações da estranha voz a atormentam durante dias, e então ela se dá conta de que sua flor foi tirada de um cemitério e começa a acreditar na ideia de que seja um morto que a está pedindo de volta para si. Mas não tinha coragem de voltar ao cemitério para levar a flor, e o medo estava cada vez mais afligindo-a.

Meses se passaram, mas o defunto a perseguia todos os dias, com numerosas ligações.

-Devolva-a!! Traga-a para mim!! Ela é minha!! Devolva-a!!!

Dando um grito ensurdecedor, Catarina foi para sua cozinha e viu a solução desse problema, pegou uma faca e cortou seus próprios pulsos, e deixou-se ali, angustiando-se até a morte.

No funeral de Catarina, havia muitos de seus parentes, e também alguém em especial, seu vizinho, que chorava amargamente por ter infernizado-a dia e noite durante meses com suas ligações, e o que era uma brincadeira teve um fim trágico.

Voltando para sua casa, o antes vizinho de Catarina, contempla a rosa que foi o motivo da morte, ele não teve coragem de deixá-la junto da defunta, pois achou que seria um insulto a sua memória. Ele foi para o seu quarto e deixou a flor ao lado de sua cama, como lembrança do assassino que era e derrepente, seu telefone toca, ele o atende e gélido, escuta:

-Devolva-a, ela agora é minha, e eu a quero!!!

Era a voz de Catarina pedindo aquela linda rosa vermelha!!