Análise do Livro: Terra Sonâmbula

Análise do Livro: Terra Sonâmbula

    Terra Sonâmbula, de Mia Couto, é uma obra moçambicana do período pós-independência, e retrata os conflitos sociais em Moçambique durante a guerra civil (1977 – 1992).

    O título da obra faz referência à instabilidade do país e, portanto, à falta de descanso da terra que permanece “sonâmbula”. A realidade e o sonho são dois elementos fundamentais na narrativa.

    O objetivo central é revelar os horrores e desgraças que envolveram a guerra no país. Os conflitos, o cotidiano, os sonhos, a esperança e a luta pela sobrevivência são os pontos mais relevantes do enredo. Além disso, na narrativa, em meio a acontecimentos fantásticos, há também elementos da cultura moçambicana, de forma a enaltecer e valorizar a identidade nacional, a partir de um olhar lírico, mas também crítico.

    Com uma linguagem marcada pelo lirismo e pela coloquialidade, o romance conta com a presença de neologismos, alegorias e elementos do realismo mágico ou fantástico. Traz também uma narrativa de tom memorialístico, que dá voz aos seres anônimos que lutaram pela sobrevivência durante o conflito armado.

    “Terra Sonâmbula” é escrito em prosa poética e não tem um gênero específico. Ele é de gênero híbrido, pois contêm diário, carta, lenda e provérbios. Sua narração é paralela, misturando o presente e o passado, e há uma oscilação no foco narrativo que vai entre a terceira e primeira pessoa. O enredo da obra não é linear, ou seja, momentos da história dos personagens são intercalados com outros.

    Os conflitos na obra são bem descritos, nos dando uma visão mais detalhada sobre a época, o dia a dia durante este período, e uma melhor compreensão dos efeitos dos conflitos. Também é bom para conhecer mais sobre esse continente, suas culturas e política que são assuntos trabalhados no livro.

    A leitura é interessante, agregou compreensão e outras perspectivas de realidade ao meu conhecimento, e é uma boa forma para iniciar na leitura africana.

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