Clarice LIspector, Introspecção

Por que há uma complexidade na criação de textos introspectivos, qual o segredo que para entende- los?

Qual a influência de Lacan nas obras de Clarice?

Quais os questionamentos interiores de personagem e narrador?

Como identificar a realidade

JUSTIFICATIVA

Clarice Lispector é uma das escritoras mais importantes do Brasil, devido a sua forma de escrever, onde nota- se um mergulho no subconsciente, sua primeira obra Perto do coração selvagem causou estranheza a princípio, mas logo caiu no gosto da crítica devido ao mergulho no mundo interior. A complexidade de sua técnica torna indispensável a análise de suas obras pela constante busca, pela forma introspectiva com que escrevia, deslocando o olhar do leitor para um novo ângulo, onde os fatos ganham uma dimensão, inusitada, intensa e transcendente. Clarice se interessava por processos interiores e pela forma que eles promovem uma revolução nas relações dos personagens com si próprios e com o mundo.

O modo inovador de Lispector a tornou um mito da literatura brasileira no Modernismo, assim torna-se essencial compreender sua técnica em suas obras primas, onde a história tinha pouca relevância o que ganhava enfoque eram os monólogos internos de cada personagem, o mergulho no inconsciente era o foco da autora.

OBJETIVO GERAL:

Compreender a complexidade na criação de textos introspectivos, observando a obra de Clarice, os dramas interiores sofridos pelas personagens e a influência no desenvolvimento deles dentro da história. Entender se o drama de Clarice com o mundo era espelhado em suas personagens, como uma catarse diante dos sofrimentos que afligiam a sua vida, observando as mensagens interrogativas sobre o processo de compreensão da autora sobre si, sobre sua existência e importância à sociedade, ao meio.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Observar a razão da complexidade da criação e interpretação de textos introspectivos.

Verificar se obra de Clarice, a constante análise do interior de seus personagens seria uma auto-análise da autora.

Mostrar a constante busca por solução e causa dos problemas no íntimo de cada personagem, para compreender o diálogo entre a mente e o indivíduo.

Notar os conflitos interiores, na formação das personagens presentes em trechos da obra.

Observar os traços de Lacan que influenciaram a criação dos romances de Lispector.

REFERENCIAL TEÓRICO

A segunda fase do Modernismo, a chamada Geração de 1945, nasce em um período de oscilação entre enfatizar o nacionalismo e reprimi- lo, entre resgatar o passado e descobrir o que o futuro reservava, entre a necessidade de testemunhar as mudanças políticas presentes e a aura mítica, os conflitos internalizados no indivíduo. Nas obras deste período verificou- se uma continuação do Neorrealismo, tanto nas críticas urbanas quanto na vertente regionalista, além desta característica entra em cena a prosa intimista, de investigação psicológica característica marcante de Clarice Lispector, maior representante da introspecção, que denota uma crise não do ser com o mundo mas consigo mesmo.

Clarice Lispector é uma das melhores escritoras, representa os gênios proporcionados pelo Modernismo, sua carreira inicia- se aos 24 anos quando traz ao público sua obra Perto do coração selvagem, onde ao invés de descrever o perfil físico de sua personagem Joana, expõe seus pensamentos, o diálogo entre a personagem e seu eu-interior, a introspecção, a conversa entre mente e alma, um processo de complexidade extrema em sua compreensão, para entender se a personagem tem uma conversa com si mesmo ou com o meio social que o envolve.

A autora trouxe uma novidade para as pessoas da época, no entanto mal sabiam eles que esta analise começara com Machado de Assis, quando Bentinho desconfia da traição de Capitu, e mentalmente cria hipóteses, dialoga consigo mesmo para tentar compreender se houve algo entre ela e Escobar, pois ao falecimento do amigo nota que no velório sua esposachora bem mais que a viúva do morto e questiona- se sobre a possibilidade de ter sido enganado observando seu próprio filho comparando- o com o amigo,supostamente traidor.

Esta é uma característica dos romances com discurso indireto livre, onde o autor faz diálogos comparando as ações dos indivíduos, por vezes até conversando com eles, os dramas interiores, as relações deles com a sociedade, deixando a seguinte dúvida no ar, o autor falava com si mesmo ou com as outras personagens, a esse respeito Vargas Lhosa, dizia:

Fazendo