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Análise Textual De Felicidade Clandestina (Clarice Lispector)

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Por:   •  11/9/2013  •  319 Palavras (2 Páginas)  •  2.275 Visualizações

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No texto “Felicidade Clandestina” de Clarice Lispector, podemos observar a complexidade e as contradições dos relacionamentos humanos, que envolvem, no caso da narradora, a servidão voluntária em nome de um benefício eventual e, no caso da antagonista, a compensação dos traumas de sua “inferioridade” pelo exercício do poder. O texto aborda a experiência do prazer advindo da leitura e narra a busca da protagonista por um livro que satisfaça esse desejo.

A narradora do conto é um exemplo claro das personagens claricianas, pois em sua introspecção e em seu amor pela leitura é capaz de suportar até mesmo as piores humilhações, tematizando o sofrimento, para ter em sua posse um objeto, prometido por uma sádica colega de escola, ao qual atribui poderes quase transcendentais, capazes de gerar uma epifania na protagonista.

Mesmo adiando o encontro com o tão desejado “soberano bem” – felicidade personificada na imagem do livro Reinações de Narizinho – a autora soluciona essa espera criando a possibilidade de torna-la invisível, ou clandestina. A narradora passa a ideia de que a felicidade clandestina não é obtida pela leitura do livro tão desejado, mas pela conquista do desejado livro.

A menina, já com o livro em mãos, descreve o momento como valioso, já que, em sua visão, valia mais a pena ter o livro por tempo indeterminado do que possuí-lo para sempre. Essa afirmação da menina nos faz compreender o título do conto – “Felicidade Clandestina”-, já que ter algo sem ser o dono legítimo nos torna clandestino; no caso da menina, o livro de Monteiro Lobato.

As atitudes que ainda seguem à conquista da menina nos mostram seu “desnorteio” e sua alegria. Entretanto, a clandestinidade da garota pode ainda ser observada na linha final do conto quando Clarice, ciente de todas as atitudes, compara a relação da menina com o livro como uma mulher e seu amante, ou seja, uma relação que pode chegar ao fim, mas na clandestinidade indefinida.

Gina Reis

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