Como Fazer Uma Resenha
Artigo: Como Fazer Uma Resenha. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: FABIDRI • 1/10/2014 • 2.740 Palavras (11 Páginas) • 423 Visualizações
Resenha: o que é e como se faz
RESENHA: O QUE É E COMO SE FAZ
Ronaldo Martins
Você já deve saber que o que nós chamamos "texto" corresponde a um conjunto de
coisas bastante diversas. Sua certidão de nascimento, um bilhete deixado na porta da
geladeira, um editorial publicado em um jornal, o romance à venda nas livrarias, as falas de
uma personagem em uma telenovela, tudo é "texto". Percebe-se, então, o quanto é
problemática a definição do que é "texto". Somos mesmo tentados a dizer que qualquer
conjunto (ordenado) de palavras ou frases constitui um texto, mas o que se observa é que em
geral um texto é muito mais do que isso. Uma certidão de nascimento não é apenas um
conjunto ordenado de frases sobre o lugar e a data do seu nascimento e quem são seus pais e
avós: essas coisas devem ser ditas de determinada forma, bastante rígida, e assinadas por um
tabelião, para que a certidão tenha valor legal. O mesmo acontece com todos os outros tipos
de texto. Um conjunto ordenado de frases sobre determinado tema não garante ao editor um
editorial: é preciso que esse conjunto ordenado de frases convença o leitor de alguma coisa,
pois é exatamente para isso que servem os editoriais. Um bilhete na geladeira que diga
apenas "Fui lá com ela e volto em dez minutos" somente se torna interpretável se o leitor
compartilha com o autor os referentes de lá, ela, e do momento em que o bilhete foi escrito;
se isso não acontece, o bilhete não cumpre a sua função. Enfim: há regras socialmente
estabelecidas para a produção de textos, e elas variam de acordo com o tipo de texto a ser
produzido. Infringir essas regras pode significar, em muitos casos, produzir textos sem valor
legal (caso das certidões, procurações, atas, acordos, etc.) ou produzir textos que não servem
para nada (bilhetes que nada informam, ou editorais que não convencem ninguém, por
exemplo).
Tudo isso vale também para as resenhas. Assim como para todos os outros textos, há
regras para a produção de resenhas. Se você quer que as suas resenhas efetivamente
resenhem alguma coisa, se você quer que as suas resenhas possam ser publicadas, se você
quer receber boas notas do professor pelas suas resenhas, é fundamental que você siga as
regras. Essas regras não são tão rígidas quanto as que governam a produção de textos legais
(atas e certidões, por exemplo), e é possível que você encontre interpretações divergentes
para as mesmas regras dentro de sua própria Faculdade. Mas é importante que você perceba
que, ainda que vagas, as regras existem, e são essas regras que definem o que é e o que não é
uma (boa) resenha.
1. O que é uma resenha?
Resenha, ou recensão, é, segundo o dicionário, uma "apreciação breve de um livro ou
de um escrito"1. A definição do dicionário pode ser dividida em três partes, que devem servir
de orientação para que você possa entender o que é uma resenha. A primeira parte está
representada pela palavra "apreciação"; a segunda parte é a que concerne ao adjetivo
"breve"; e a terceira e última parte diz respeito ao sintagma "de um livro ou de um escrito".
O primeiro elemento a ser destacado nas resenhas é o fato de que tratam, todas elas,
de uma apreciação. Ou seja, a resenha tem por finalidade: (1) fazer uma análise, um exame;
e (2) emitir um julgamento, uma opinião. O objetivo da resenha é, pois, duplo. A resenha
pretende decompor o objeto resenhado em suas unidades constituintes, proceder a um exame
pormenorizado, investigá-lo a fundo; e, a partir dessa análise, a resenha deve se posicionar
em relação ao objeto resenhado, deve julgá-lo, avaliá-lo. É importante que você perceba que
esses dois objetivos estão combinados: para que você tenha elementos para julgar alguma
coisa, é preciso que seja feita antes uma análise; e a finalidade da análise é exatamente
1 FERREIRA, A. B. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Nova Fronteira, 1996.
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fornecer elementos para o julgamento. Na resenha, esses dois objetivos são solidários: um
não existe sem o outro.
O segundo elemento presente na definição é o adjetivo "breve". A resenha é um texto
rápido, pequeno. Você deve fazer a análise e emitir o julgamento em um tempo
consideravelmente restrito (geralmente em torno de duas a três laudas em espaço duplo).
Isso não significa que sua análise deva ser rasa, superficial, ou que o seu julgamento possa ser
precipitado. Não é isso. A principal implicação das limitações de tempo e espaço é que você
deve ser seletivo. Você sabe, desde o início, que não vai conseguir esgotar a obra, investigar
todos os seus pontos, examinar tudo pormenorizadamente. Logo, você deve eleger um
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