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Por:   •  23/11/2014  •  Seminário  •  504 Palavras (3 Páginas)  •  162 Visualizações

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Podemos dizer que o jornal pressupõe que seu leitor faça uma reflexão mais demorada sobre os indicativos econômicos para estabelecer suas implicações na vida cotidiana e que este leitor está interessado em saber destes dados e terá a formação necessária para realizar essa reflexão.

Outra característica é a ordem que o jornal impresso é lido ou que o telejornal é assistido. Os jornais impressos apresentam as principais notícias de sua edição na capa, conforme a classificação de seu editor. Na capa há uma hierarquização importante dos assuntos tratados, sendo que o quadrante superior é o mais valorizado, por ser aquele que fica exposto nas bancas de jornal, chamando a atenção dos consumidores.

Assim, há uma hierarquia estabelecida entre os assuntos apresentados em cada página do jornal e há também uma flexibilidade pela qual o leitor pode estabelecer a ordem em que deseja ler as notícias – e esta ordem de leitura também é determinante do discurso –, começando pelos assuntos políticos, ou pelos esportes, cultura, pulando uma ou outra notícia, enfim, ele pode estabelecer a ordem que desejar, apesar do jornal propor a sua ordem de leitura através da sequencia das notícias e dos cadernos.

Já na televisão, a flexibilização é bem menor. Um telejornal, muitas vezes, é iniciado com o que se chama de "escalada", ou seja, uma rápida apresentação dos principais assuntos que serão tratados naquela edição, também conforme a classificação de um editor. Mas, diferentemente do jornal impresso, a ordem de leitura das notícias de um telejornal não pode ser alterada. Se o telespectador perde uma notícia não terá como assisti-la posteriormente, a não ser que ele grave a edição, o que, certamente, não é habitual.

Por fim, uma característica importante da televisão faz com que o telejornal seja muito diferente do jornal impresso: a utilização da imagem como base essencial de sua produção e os efeitos da linguagem não-verbal em movimento na produção de um discurso. Retomando a discussão sobre a imparcialidade da mídia, referencio o estudo de Orlandi (1995) no qual a autora afirma que o não-verbal produz um efeito de transparência que "já é um efeito ideológico que se produz entre os diferentes sistemas significantes dentro de uma história social determinada”, dando sustentação aos mitos discutidos anteriormente.

Bourdieu (1997) faz uma outra abordagem deste assunto, colocando a potencialidade do que ele define como efeito de real:

“A imagem tem a particularidade de poder produzir o que os críticos literários chamam efeito de real, ela pode fazer ver e fazer crer no que faz ver. Esse poder de evocação tem efeitos de mobilização. Ela pode fazer existir idéias ou representações, mas também grupos”.

Para a maioria das pessoas, mostrar é diferente de contar. Com isto podemos observar, por exemplo, em vários ditados populares, tais como "é preciso ver para crer", "só acredito vendo" e "pago pra ver”

O jornal impresso reproduz estes efeitos de sentido de imparcialidade através da linguagem verbal, da isenção da primeira pessoa nas reportagens (com exceção das colunas e artigos assinados), entre outras características. Mas a linguagem não-verbal reforça estes efeitos no telejornal.

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