Diversidade Linguistica
Dissertações: Diversidade Linguistica. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Belzinha • 22/5/2014 • 866 Palavras (4 Páginas) • 465 Visualizações
Diversidade e mudança linguística
Em geral, por causa da influência da gramática, temos a tendência de imaginar a língua como uma realidade que não admite variação nem mudança. No entanto, a ciência linguística tem demonstrado que as línguas são inerentemente variáveis e mutáveis. Isso ocorre porque os fatos linguísticos estão sujeitos às variações e mudanças que ocorrem na interior de uma sociedade e de uma cultura.
Assim, do mesmo jeito que é absurdo pensar numa sociedade em que todas as pessoas tenham o mesmo nível educacional, o mesmo nível econômico e o mesmo nível de poder, assim também é absurdo pensar numa sociedade em que todos falem da mesma forma.
Portanto, podemos definir língua como um conjunto de variedades linguísticas que existem num dado espaço geográfico e num dado momento histórico. Já a expressão variedade linguística pode ser definida como um conjunto de formas linguísticas (formas de dizer alguma coisa) características de um grupo social que tem algumas afinidades sociais (faixa etária, gênero, status econômico, grau de escolaridade etc.) e/ou geográficas.
Variação linguística e valor
Vamos agora a um ponto bastante intrigante. Se as línguas são inerentemente variáveis e mutáveis, por que a sociedade em geral resiste tanto às formas linguísticas não abonadas pela norma-padrão? Por que as pessoas tendem a zombar de expressões linguísticas diferentes, especialmente aquelas associadas à vida rural? Por que existem tantas pessoas com medo da língua portuguesa ser corrompida, destruída?
A resistência à variação e à mudança linguística existe porque nossa concepção de língua está carregada de valores ideológicos. Podemos nos perguntar: Por que algumas formas linguísticas são aceitas e outras não? Simplesmente porque as línguas, a exemplo de outras atividades culturais como alimentação e vestuário, não estão isentas de valores ideológicos.
Quando classificamos uma forma linguística como elegante e correta, tal classificação não ocorre por causa de uma questão especificamente linguística, mas por causa de valores ideológicos. Mais uma pergunta: por que algumas variedades linguísticas são mais elogiadas, valorizadas e reconhecidas que outras? Simplesmente porque o grupo social que usa essa variedade tem mais poder e autoridade nas relações sociais e econômicas, o que faz com que o seu jeito de falar e escrever seja elevado à condição de modelo da língua.
Estamos acostumados a dividir as formas linguísticas em dois grupos: as formas certas e as erradas. Geralmente, o critério usado para definir o que é certo e errado numa língua são as regras apresentadas na Gramática, que toma como base a noção de beleza e elegância verbal. A Linguística não segue esse critério para dizer o que é e o que não é um erro linguístico. Em termos científicos, não podemos fazer uma avaliação ética e estética de um objeto estudado.
Para a Linguística, uma língua é o que é, ou seja, é aquilo que os falantes realmente falam, e não o que os gramáticos, ou as pessoas letradas gostariam que fosse. Se as línguas fossem determinadas pelo desejo dos gramáticos, certamente você não estaria lendo esse texto em português, mas sim em Latim Clássico.
O que estamos acostumados a chamar de erro é, na verdade, apenas forma alternativa de dizer uma mesma
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