Fernando Pessoa
Exames: Fernando Pessoa. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: CristianoLima • 25/3/2013 • 3.533 Palavras (15 Páginas) • 1.045 Visualizações
Pessoa Ortónimo
Na poesia de Ortónimo coexistem duas vertentes: a tradicional e a modernista. Algumas das suas composições seguem na continuidade do lirismo português, com marcas do saudosismo; outras iniciam o processo de ruptura, que se concretiza nos heterónimos ou nas experiências modernistas;
A poesia, cujo conjunto Pessoa queria dar o título Cancioneiro, é marcada pelo conflito entre o pensar e o sentir, ou entre a ambição da felicidade pura e a frustração que a consciência de si implica;
Pessoa procura, através da fragmentação do eu, a totalidade que lhe permita conciliar o pensar e o sentir. A fragmentação está evidente, por exemplo, em Meu coração é um pórtico partido, ou nos poemas intervencionistas Hora Absurda e Chuva Obliqua;
O intervencionismo entre o material e o sonho, a realidade e a idealidade surge como tentativa para encontrar a unidade entre a experiência sensível e a inteligência;
O Ortónimo tem uma ascendência simbolista evidente desde os tempos de Orpheu e do Paulismo;
A poesia do Ortónimo revela a despersonalização do poeta fingidor que fala e que se identifica com a própria criação poética, como impõe a modernidade. O poeta recorre à ironia para por tudo em causa, inclusive a própria sinceridade que, com o fingimento, possibilita a construção da arte;
As temáticas:
1. O sonho; a intersecção entre o sonho e a realidade;
2. A angústia existencial e nostalgia;
3. A distância entre o idealizado e o realizado – e a consequente frustração;
4. A mascara e o fingimento como elaboração mental dos conceitos que exprimem as emoções ou o que quer comunicar;
5. A intelectualização das emoções e dos sentimentos para elaboração da arte;
6. O ocultismo e o hermetismo;
7. O sebastianismo;
8. Tradução dos sentimentos na linguagem do leitor, pois o que sente é incomunicável;
Características temáticas:
. Identidade perdida (“Quem me dirá sou?”) e incapacidade de auto-definição (“Gato que brincas na rua (...)/ Todo o nada que és é teu./ Eu vejo-me e estou sem mim./ Conhece-me e não sou eu.”)
. Consciência do absurdo da existência
. Recusa da realidade, enquanto aparência (“Há entre mim e o real um véu/à própria concepção impenetrável”)
. Tensão sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência
. Oposição sentir/pensar, pensamento/vontade, esperança/desilusão
. Anti-sentimentalismo: intelectualização da emoção (“Eu simplesmente sinto/ Com a imaginação./ Não uso o coração.” – Isto)
. Estados negativos: egotismo, solidão, cepticismo, tédio, angústia, cansaço, náusea, desespero.
. Inquietação metafísica, dor de viver
. Neoplatonismo
. Tentativa de superação da dor, do presente, etc., através de:
- evocação da infância, idade de ouro, onde a felicidade ficou perdida e onde não existia o doloroso sentir: “Com que ânsia tão raiva/ Quero aquele outrora!” – “Pobre velha música”
- refúgio no sonho, na música e na noite
- ocultismo (correspondência entre o visível e o invisível)
- criação dos heterónimos (“Sê plural como o Universo!”)
. Intuição de um destino colectivo e épico para o seu País (Mensagem)
. Renovador de mitos
. Parte de uma percepção da realidade exterior para uma atitude reflexiva (constrói uma analogia entre as duas realidades transmitidas: a visão do mundo exterior é fabricada em função do sentimento interior)
. Reflexão sobre o problema do tempo como vivência e como factor de fragmentação do “eu”
. A vida é sentida como uma cadeia de instantes que uns aos outros se vão sucedendo, sem qualquer relação entre eles, provocando no poeta o sentimento da fragmentação e da falta de identidade
. O presente é o único tempo por ele experimentado (em cada momento se é diferente do que se foi)
. O passado não existe numa relação de continuidade com o presente
. Tem uma visão negativa e pessimista da existência; o futuro aumentará a sua angústia porque é o resultado de sucessivos presentes carregados de negatividade
Características estilísticas:
. A simplicidade formal; rimas externas e internas; redondilha maior (gosto pelo popular) que dá uma ideia de simplicidade e espontaneidade
. Grande sensibilidade musical:
- eufonia – harmonia de sons
- aliterações, encavalgamentos, transportes, rimas, ritmo
- verso geralmente curto (2 a 7 sílabas)
- predomínio da quadra e da quintilha
. Adjectivação expressiva
. Economia de meios:
- Linguagem sóbria e nobre – equilíbrio clássico
. Pontuação emotiva
. Uso frequente de frases nominais
. Associações inesperadas [por vezes desvios sintácticos – enálage (“Pobre velha música”)]
. Comparações, metáforas originais, oxímoros
. Uso de símbolos
. Reaproveitamento de símbolos tradicionais (água, rio, mar...)
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Características:
. Dor de pensar
. Angústia existencial
. Nostalgia
. Desilusão
. Visão negativa do mundo e
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