Ie Oeieoeie
Exames: Ie Oeieoeie. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: suhaiushudh • 3/11/2013 • 688 Palavras (3 Páginas) • 215 Visualizações
minha sensação de insegurança", diz. "Abrimos mão de morar numa casa, porque sentimos que
estávamos vulneráveis. À noite, se a gente ouvia qualquer barulhinho, já imaginava que era algum ladrão tentando entrar."
A dona de casa Angélica da Costa, de 51 anos, do Rio de Janeiro, parece sentir um medo patológico da violência. Ela diz que, há 31 anos, no início da vida adulta, foi assaltada por
dois garotos na Ilha do Governador, na região metropolitana do Rio. Depois disso, perdeu a coragem de encarar a rua sozinha. Acabou abandonando o curso de Pedagogia que fazia
na época e diz que nunca mais voltou a estudar. Com o passar do tempo, conta que procurou profissionais para ajudá -la a superar o trauma. Recebeu também ajuda do marido e da
filha. Mas até hoje afirma sofrer as conseqüências do assalto de que foi vítima. "Já tive várias crises de depressão."
Os casos de Angélica, Solange e Corbera mostram como o medo da violência está afetando, de forma dramática, nossa vida, independentemente de idade, sexo e condição
socioeconômica, em especial nas grandes cidades. Segundo uma pesquisa do Instituto Futuro Brasil (IFB), especializado em estudos sobre a economia, o medo da violência
tornou-se hoje um problema tão nefasto quanto a violência em si. A pesquisa do IFB ouviu cerca de 20 mil pessoas, em 5 mil domicílios de São Paulo, em agosto do ano passado.
Constatou que 73% dos entrevistados declararam sentir medo da violência. Não por acaso, hoje a segurança é a segunda maior preocupação dos brasileiros, atrás apenas da
corrupção, de acordo com uma pesquisa realizada em dezembro pelo Ibope para a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Não é preciso ter sido vítima da violência para sentir medo dela. De acordo com uma pesquisa feita pelo psiquiatra Arieh Shalev, da Hadassa University, de Jerusalém, apresentada
durante o encontro anual da Sociedade Americana de Psiquiatria em 2003, nem sempre quem é mais afetado pela violência vai sofrer o maior impacto psicológico. O medo da
violência independe de a pessoa ser sua vítima. Tornou -se uma questão que preocupa tanto quanto a violência propriamente dita. "Mesmo quem não sofreu com a violência pode ser
considerado uma vítima", diz o psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos, coordenador do grupo de atendimento a vítimas de seqüestros do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas
de São Paulo. "O clima de insegurança gera ansiedade nas pessoas mais suscetíveis, que acaba em medo."
Isso tem sido constatado em consultórios. "Os pacientes costumavam nos procurar por sintomas físicos", diz a médica homeopata carioca Míria de Amorim. "De dois anos para cá,
são os transtornos psicológicos que predominam." Segundo uma pesquisa britânica, o British Crime Survey, realizada em 2002 e 2003, o medo da violência pode gerar perda de
confiança, insônia, depressão e ansiedade ou pânico. "As fobias atingem não só quem vivencia o estresse, mas quem vê também", diz a psiquiatra Analice Gigliotti, do Rio. "As
seqüelas podem durar meses."
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