José Lins Do Rego - Fogo Morto

Vida do autor:

* Nasceu no engenho Corredor, em Pilar (Paraíba), no dia 3 de junho de 1901 como um menino rico. Filho de João do Rego Cavalcanti e de Amélia Lins Cavalcanti, a mãe morreu quando ele era muito pequeno, não sabemos exatamente como ou quando, mas algumas fontes dizem que ela foi morta por João do Rego.

*Desde muito jovem se interessou por literatura, e leu obras de autores como Raul Pompeia e Machado de Assis.

* Formou-se na Faculdade de Direito do Recife, Pernambuco.

* Uma de suas maiores influências foi Gilberto Freyre, que como escritor, dedicou-se a interpretar o Brasil sob ângulos da sociologia, antropologia e história. Foi também autor de ficção, jornalista, poeta e pintor.É considerado um dos mais importantes sociólogos do século XX e recebeu da Rainha Elizabeth II o título de Sir, sendo um dos poucos brasileiros que recebeu essa honra da coroa britânica.

* Casou-se em 1924 com Filomena (Naná) Masa Lins do Rego, e transferiu-se em 1926 para a capital de Alagoas.

* Em Maceió, José Lins do Rego conviveu com o meio literário formado por Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge de Lima e outros, vindo a formar sua consciência regionalista.

* Sua obra de estréia foi "Menino de Engenho”, que é basicamente a história de um menino que perdeu a mãe, assassinada pelo pai, e é levado para o engenho do avô materno, que é senhor de engenho, onde passa o resto da vida.

* Em 15 de setembro de 1955 é eleito para a Academia Brasileira de Letras.

* Suas principais obras são: "Menino de Engenho", "Doidinho", "Bangüê", "Usina", "Riacho Doce" e "Fogo Morto".

* Em 12 de setembro de 1957 falece no Rio de Janeiro. Ele agüentou a cirrose do fígado por mais de 9 meses até que seu mal agravou-se, não suportou mais e morreu aos 56 anos.

IMAGEM DO AUTOR

Características literárias da obra e do autor:

* Faz parte da 2ª fase do Modernismo.

* Alguns críticos atribuem a José Lins do Rego a invenção do novo romance modernista brasileiro, devido ao uso que fez do “ritmo oral” nas suas narrativas. Esta liberdade não era encontrada nos movimentos literários anteriores, porém para o modernismo tem o jeito certo, já que um dos objetivos do movimento era caracterizar a literatura brasileira.

*Sobre a forma e o estilo: a ordem é direta; o sujeito, claro e ele segue o estilo utilizado no jornal.

*Tem profundo lirismo, uma linguagem cheia de vocábulos regionais e tem inspiração na literatura de cordel, dando ênfase à oralidade.

* O romance, narrado em terceira pessoa, é dividido em três partes. Cada uma conta com seu próprio protagonista, como se fossem três histórias distintas e sucessivas. Os três protagonistas "são expressões maduras dos conflitos humanos de um Nordeste decadente", ou seja, cada um representa uma classe social da população nordestina.

* A história se passa no mundo rural do Nordeste, com as fazendas, as senzalas e os engenhos. Mostra a transição dos engenhos de cana de açúcar para as poderosas usinas.

* Sua obra se caracteriza pela denúncia sociopolítica, pela sua sensibilidade e autenticidade em falar de modo realista dos fatos da vida, pela forma como retratava a vida, os costumes e até a oralidade do povo nordestino que vivia nos engenhos de cana-de-açúcar.

* O conjunto de sua obra representa o declínio do Nordeste canavieiro, o qual é descrito por ele como por nenhum outro.

* O livro tem características da situação histórico-social de sua região; linguagem de forte oralidade e recordações da infância com registros da vida de pessoas da região.

* Com a ascensão das usinas, que passaram a comprar dos engenhos sua produção bruta, a cana de açúcar ainda não processada, para fabricar o açúcar, a maior parte desses engenhos foi, aos poucos, deixando de moer a cana para a fabricação do açúcar. Passam, então, apenas a vender a matéria prima às usinas, tornando-se engenhos "de fogo morto". Perdem, assim, boa parte de seu poder, tornando-se reféns dos preços pagos pelas usinas. É como se encontra, ao final de Fogo Morto, o decadente engenho Santa Fé.

CANGACEIROS: CONSCIÊNCIA REGIONALISTA (CANGACEIROS ERAM TÍPICOS DO NORDESTE)

ENGENHO: PORQUE A HISTÓRIA SE PASSA EM UM ENGENHO

Personagens:

*Mestre José Amaro: é branco e sente-se orgulhoso por isso. É explorado por seu patrão, mas sabe que não tem outra alternativa. É um trabalhador livre, tem coragem e apoio do cangaço.

*Seu Lula (Lúis César de Holanda Chacon): é preguiçoso e autoritário, acaba perdendo toda a herança que recebeu e arruinando o Engenho Santa Fé. Após perder tudo, refugia-se na religião.

*Capitão Vitorino Carneiro da Cunha (Papa-Rabo): é o defensor dos mais pobres e dos oprimidos. Embora plebeu, por ter parentesco com o Coronel José Paulino, diz-se capitão.

*Coronel José Paulino: é um poderoso senhor de engenho.

*Sinhá: é a mulher do Mestre José Amaro.

* Marta: filha do Mestre Amaro.

*Amélia: esposa do coronel Lula.

*Adriana: esposa do Capitão Vitorino.

*Capitão Antônio Silvino: chefe dos jagunços que atemorizam os senhores de engenho e políticos da região, lembra a figura do lendário Lampião.

*Tenente Maurício: chefe das tropas do governo, é antagonista do Capitão Antônio Silvino.

História:

Primeira parte: “O mestre José Amaro”

Seleiro renomado da região, Mestre José Amaro vive nas terras pertencentes ao Seu Lula. A dedicação do homem ao ofício consome a saúde, conferindo-lhe um aspecto doentio. Mora inicialmente com a filha Marta, uma solteirona que acaba enlouquecendo, e com a mulher, Sinhá.

José Amaro reside na beira da estrada, localização que favorece o contato com vários personagens que passam pelo caminho. Entre as principais figuras com as quais desenvolve suas conversas estão o Capitão Vitorino Carneiro da Cunha, de quem se apieda pelo modo como é tratado pelo povo da região;