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Linguagem de sinais

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Por:   •  5/11/2014  •  Resenha  •  1.094 Palavras (5 Páginas)  •  345 Visualizações

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As línguas de sinais são línguas naturais porque como as línguas orais sugiram

espontaneamente da interação entre pessoas e porque devido à sua estrutura

permitem a expressão de qualquer conceito - descritivo, emotivo, racional, literal,

metafórico, concreto, abstrato - enfim, permitem a expressão de qualquer significado

decorrente da necessidade comunicativa e expressiva do ser humano.

Por isso, são complexas porque dotadas de todos os mecanismos necessários aos

objetivos mencionados, porém, econômicas e “lógicas” porque servem para atingir

todos esses objetivos de forma rápida e eficiente e até certo ponto de forma

automática. Isto porque, tratando-se muitas vezes de significados que demandam

operações complexas que devem ser transmitidas prontamente diante de diferentes

situações e contextos, seus usuários terão que se utilizar dos mecanismos estruturais

que elas oferecem de forma apropriada sem ter que pensar e elaborar longamente

sobre como atingir seus objetivos linguísticos.

As línguas de sinais distinguem-se das línguas orais porque utilizam-se de um meio

ou canal visual-espacial e não oral auditivo. Assim, articulam-se espacialmente e são

percebidas visualmente, ou seja, usam o espaço e as dimensões que ele oferece na

constituição de seus mecanismos “fonológicos”, morfológicos, sintáticos e semânticos

para veicular significados, os quais são percebidos pelos seus usuários através das

mesmas dimensões espaciais. Daí o fato de muitas vezes apresentarem formas

icônicas, isto é, formas linguísticas que tentam copiar o referente real em suas

características visuais. Esta iconicidade mais evidentes nas estruturas das línguas de

sinais do que nas orais deve-se a este fato e ao fato de que o espaço parece ser mais

concreto e palpável do que o tempo, dimensão utilizada pelas línguas orais-auditivas

quando constituem suas estruturas através de seqüências sonoras que basicamente

se transmitem temporalmente.

Entretanto, as formas icônicas das línguas de sinais não são universais ou o retrato

fiel da realidade. Cada língua de sinais representa seus refentes, ainda que de forma

icônica, convencionalmente porque cada uma vê os objetos, seres e eventos

representados em seus sinais ou palavras sob uma determinada ótica ou perspectiva.

Por exemplo, o sinal ÁRVORE em LIBRAS representa o tronco da árvore através do

antebraço e os galhos e as folhas através da mão aberta e do movimento interno dos

seus dedos. Porém, o sinal para o mesmo conceito em CSL (língua de sinais chinesa)

representa apenas o tronco com as duas mãos semiabertas e os dedos dobrados de

forma circular. Em LIBRAS, o sinal CARRO/DIRIGIR é icônico porque representa o

ato de dirigir, porém, é também convencional porque em outras línguas de sinais não

toma necessariamente este aspecto dos referentes ‘carro’ e ‘ato de dirigir’ como

motivação de sua forma mas sim outros.

Este carater convencional dos sinais icônicos atribui a ele um status linguístico

posto que é conhecido o fato de que as palavras das línguas em geral são arbitrárias.

Com isso queremos dizer que ao invés de rotular todos os chamados signos

lingüísticos de arbitrários, seria melhor considerar que alguns são motivados ou

icônicos, porém, todos são convencionais.Apoio: www.surdo.org.br

Esta proposta não toma como base apenas as línguas de sinais mas também as

línguas orais. Estas têm sido estudadas nos últimos anos em seus aspectos também

icônicos. No intuito de tornar alguns conceitos e descrição de eventos mais visíveis,

palpáveis e concretos, as línguas orais usam noções espaciais para traduzí-las. Por

exemplo, alguns conceitos temporais são espacializados (uma semana atrás, “week

ahead”(uma semana à frente)). Alguns eventos são estruturados cronologicamente ou

de forma a reproduzir a sua natureza contínua ou iterativa (“ele saiu correndo,

tropeçou no balde e caiu” ao invés de “ele caiu porque tropeçou no balde quando

saiu correndo”; e “ele correu, correu, correu até não agüentar mais”). Cada vez mais

alguns lingüístas têm salientado estruturas icônicas ou motivadas nas línguas orais o

que mostra que esta característica não se encontra presente apenas nas línguas de

sinais e que, portanto, melhor seria preconizar a convencionalidade como propriedade

universal dos “signos” ou formas lingüísticas em detrimento da arbitrariedade.

Com o que dissemos até aqui, podemos concluir que o meio ou canal que distingue

as línguas orais das línguas de sinais pode privilegiar e explorar características

próprias do canal na constituição das estruturas lingüísticas e na sua articulação e

percepção. Podem mesmo impor restrições aos mecanismos gramaticais

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