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Linguística para Saussure

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Por:   •  23/8/2014  •  Resenha  •  1.272 Palavras (6 Páginas)  •  297 Visualizações

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Não havia linguística antes de Saussure, o idioma era considerado uma estrutura imutável, o que havia eram pesquisas para descobrir o primeiro idioma falado e para descobrir qual seria o melhor deles. A partir de Saussure é que a linguística é elevada à condição de ciência. Os estudos começam a alcançar um caráter mais profundo e abstrato, quando tomado assim o idioma como um sistema de valores estruturado e autônomo, subjacente a toda e qualquer produção linguística.

Filho de uma família abastada, Ferdinand de Saussure estudou desde cedo inglês, grego, alemão, francês e sânscrito. Em 1877, aos 21 anos, publicou o livro "Memória sobre as Vogais Indo-Européias". Decorrido três anos, o estudioso defendeu sua tese de doutorado, "Sobre o Emprego do Genitivo Absoluto em Sânscrito". Em 1886 tornou-se membro da Sociedade Lingüística de Paris e no ano de 1891 leciona lingüística indo-européia e sânscrito até 1906, quando passou a professor titular de linguística. Ele se tornou professor na Universidade de Genebra até sua morte, aos 55 anos.

Seus discípulos Charles Bally e Albert Sechehaye organizaram as anotações dos alunos de Saussure realizadas durante seus cursos universitários. Em 1915 foi publicado o "Curso de Linguística Geral", considerado a obra fundadora da linguística moderna.

O estruturalismo arrebanhou muitos estudiosos, a ponto de se buscar um núcleo coeso que possibilitasse observá-lo como sistema. Por estrutura entende-se um sistema abstrato em que seus elementos são interdependentes e que possibilita, analisando-se os fatos e relacionando diferenças, descrevê-los em sua ordenação e dinamismo. Para o estruturalismo, não existem fatos isolados, mas partes de um todo maior. Por isso alguns fenômenos são explicados não pelo que deixam à mostra, no entanto por uma estrutura subjacente. Os fatos comportam uma relação interna, de tal modo que não podem ser entendidos isoladamente, mas apenas em relação aos seus pares antagônicos.

Chegava-se à distinção entre idioma e fala observando fatos cotidianos, entre eles o jogo.

Em Saussure, o jogo é evocado antes de mais nada para contrapor os números, desenvolvimentos que se podem prever a partir da "regra do jogo" ao conjunto sempre limitado de jogadas que efetivamente se realizam durante o jogo. A idéia de que no jogo de xadrez são possíveis algumas jogadas, todavia não outras. Induz, em suma, a valorizar o que não se observa, ou seja, "a regra do jogo" encarada como possibilidade de jogo, ou no caso do idioma, como condição de comunicação. Por esse caminho, chega-se à mais fundamental das oposições saussurianas, a que se estabelece entre o idioma e fala, ou seja, entre o sistema e os possíveis usos do sistema. Para ele o sistema era abstrato e se opunha aos episódios comunicativos historicamente realizados. Desse modo, estabeleceu que o objeto específico da pesquisa linguística deveria ser a "regra do jogo", isto é, o sistema.

Os indivíduos que utilizam a linguagem o fazem sempre por iniciativa pessoal, porém sua ação verbal só surte os efeitos que tem pela existência de um sistema que o usuário compartilha com outros membros da sua comunidade linguística. Por isso qualifica-se o idioma como um fenômeno social. Com isso os estruturalistas não só entenderam que seria necessário tratar separadamente do comportamento linguístico das pessoas e das regras a que obedece esse comportamento, mas ainda compreenderam que o uso individual da linguagem (a parole), não ensejava possibilidade de ser objeto de um estudo científico.

Retornando à metáfora do jogo e ao conceito de valor, sabe-se que é possivel substituir uma peça perdida por um objeto qualquer e jogar o jogo sem problemas, desde que convencionemos que a peça improvisada (um botão ou uma pedra) representará a que se extraviou. Isso significa que a descrição de um sistema linguístico não é a descrição física de seus elementos, todavia sim a descrição de sua funcionalidade e pertinência.

Dadas diferenças acústicas ou articulatórias que parecem consideráveis quando são avaliadas em termos físicos podem ser desprezadas numa análise linguística, porque não comportam nenhuma função. (Um exemplo disso é a maneira como os paulistas pronunciam porta com o R enrolado e os cariocas é o oposto). Essas diferenças de pronúncia não interessam porque contêm às mesmas unidades linguísticas. Entende-se então que a propriedade física depende do contexto. A diferença de forma corresponde a diferença de função. Obviamente, uma diferença física pode ser portadora de uma distinção em um idioma e não ser em outro. Nesses passos caminhou em seu trabalho B.O.Maroneze.

Assim, nos vocábulos carro e caro é possível distinguir uma diferença que é ao mesmo tempo substância e forma. No entanto nas diferenças entre as duas pronúncias possíveis para o vocábulo carro só há distinção de substância.

Há uma concepção de linguagem até hoje bastante difundida, segundo a qual os vocábulos nomeiam seres cuja existência precede a língua e cujas propriedades são definidas independentemente dela. Foi precisamente

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