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Literatura E Historia

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Por:   •  28/3/2015  •  803 Palavras (4 Páginas)  •  243 Visualizações

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LITERATURA E HISTÓRIA:

UMA RELAÇÃO MUITO SUSPEITA.

O problema não está em estabelecer relações entre a Literatura e a História. O problema reside em saber de que Literatura e de que História se fala.

Conceituar uma ciência e delimitar a extensão de seu objeto é tarefa fundadora e exige, como petição de princípio, teorias consolidadas. Não é o caso, e seria descabida pretensão tentar fazê-lo.

Minha tarefa, sendo bem mais modesta, nem por isso deixa de ser espinhosa. Pois não é fácil esboçar em tal relação o que cada um de seus termos quer dizer. Enfim, aventuremos...

A Literatura, de longa data - ainda que não se possa incluir aí o pensamento da Grécia Clássica -, tem sido concebida essencialmente como texto . Uma enorme coleção de textos, uma monumental biblioteca universal. E, aparentemente, não há nisso equívoco de marca. Mas só aparentemente...

O texto , antes de mais nada, é um produto. Nasce do trabalho humano e é dele testemunho material eloqüente. É testemunho do esforço de criação individual, dos condicionamentos sociais, das dimensões culturais, das condições econômicas, dos conflitos éticos e das contradições políticas, que configuram o espaço em que foi gerado e publicado. Assim, sua leitura e compreensão demanda que se desentranhe, de sua teia de signos, indícios dessa totalidade, sem o que ficará limitado a um jogo de armar destituído das significações que o tornam parte do legado cultural de que somos herdeiros.

Tal tarefa, em si mesma, indicia que antes do texto e depois dele existem dimensões que não podem, de forma alguma, passar despercebidas. Sem o autor, que lhe dá o sopro gerador, e sem o leitor, que o arranca da insignificância geral, ressuscitando-o, o texto não passa - como queria Sartre - de um monte de papel cheio de borrões de tinta.

Assim a Literatura, enquanto instituição social viva, tem que ser entendida como um processo. Processo histórico, político e filosófico; semiótico e lingüístico; individual e social, a um só tempo. Sua realidade transcende o texto para assumir o discurso , que conta, minimamente, com as dimensões do enunciador , do enunciado e do enunciatário .

A Literatura, desse modo, não pode estar apenas no texto , como não está no autor, nem no leitor. Ela constitui-se numa dinâmica que a todos envolve e compromete, numa unidade de movimento intensamente dialética.

O real da Literatura é, então, um processo que envolve atores historicamente situados em contextos sociais claramente definidos. O real Dom Quixote é aquele que se instaura a cada ato de leitura. Para cada leitura haverá um Dom Quixote que é diferente, sem deixar de ser essencialmente o mesmo. A cada leitura, na tramada dialética que se estabelece entre leitor / texto / autor, constitui-se uma realidade histórica e social inédita.

O leitor constitui-se, a cada leitura, numa realidade histórica distinta, sofrendo condicionamentos variados, originários de sua inserção social e cultural. Uma mesma pessoa física, ao reler um livro, ainda que imediatamente à primeira leitura, já não é o mesmo leitor. É um novo leitor, cujo cabedal de leituras inclui essa primeira, que se transformará em

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