Liz No Peito

Lis no Peito.:

em memória de Clarice Lispector,

As pessoas mais interessantes em nossas vidas não são necessariamente as que nos dão coisas boas, mas sobretudo as que suscitam o que temos de bom em nós mesmos. (...) Elas nos ajudam a nos tornar fontes autônomas de nossa própria felicidade e ficam livres,sem o peso de continuar nos provendo do que nos faz bem, e a relação acontece...

(N.L.)

Embora primavera seja não floresce em mim nada mais que o quente do meu veneno... será sangue pulsando em minhas veias? Ah, distúrbio terrestre! Quanta água há de cair para que eu deságue, abundante? Quanto tempo há de correr para que chegue o tempo urgente do instante em que me ache em glórias de estar... e essa luz que à claridade acede, redunda feroz e firme em minha escuridão pasmada querendo retirar de mim o estrondo oculto, o rutilar profundo do meu segredo. E eu resisto? Somente no mar poderia eu soltar-me livremente, cálido e tácito! Fluiria meu pulso orquestrado; mas minto, os sons afogam meus pesares no obscuro. Deixaria de lado os sons que agora conheço para enveredar no caminho dos ventos. Somente se águia fosse, ou pássaro azul, pequeno e veloz, condenado à ordenação ilógica destes vôos em descampados. Meu desejo sente tamanha necessidade em repousar... agora me conflito! Às areias do tempo, às águas do mar? Quem sabe tudo eu possa? Quem sabe que monstro mítico um dia eu fora? Quem sabe o Egito me conhecesse e, eu, Esfinge, o governasse como o próprio Nilo? Mas meu mundo é menos vasto, embora mais úmido. É tal qual um nó, ou labirinto, ou qualquer coisa que o valha. O caso é que, ao cair da chuva, espalha-se, magicamente, meu mais de mim.

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