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Lições Hannah Arendt

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Por:   •  2/11/2013  •  Seminário  •  621 Palavras (3 Páginas)  •  471 Visualizações

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Falta quem pense

Porque as lições de Hannah Arendt também valem para o Brasil

por Mino Carta — publicado 09/08/2013 09:05

Certo dia alguém perguntou a Hannah Arendt, a pensadora judia, se gostava do seu povo.

“Não – respondeu –, gosto é dos meus amigos judeus.” Tratava-se de uma cidadã muito

corajosa, pela ousadia de conduzir sua inteligência pelos caminhos da independência.

O pensamento de Hannah Arendt sempre me atraiu e foi dela que furtei a expressão

“verdade factual”, cuja busca é fundamento do jornalismo. Nem bom, nem mau, jornalismo,

e ponto. Digo, aquele que a mídia nativa não costuma praticar.

Entra em cartaz um filme de Margarethe von Trotta, a cineasta alemã, intitulado Hannah

Arendt. E lá vou eu, devidamente que enriquece a reportagem, mas não tentem explicar o

conceito aos editores dos nossos jornalões e revistões.

A escritora aceita a tarefa insólita, e viaja a Jerusalém, onde a esperam velhos e queridos

amigos. Von Trotta insere na sua filmagem trechos do documentário realizado durante o

processo, e sabe escolhê-los, de sorte a expor a personalidade do réu a bem da fluência

do enredo.

NED – NÚCLEO DE ESTUDOS DIRIGIDOS

Atividade Discursiva 2 – 2013/2

8

ESTUDO DIRIGIDO

1

Passa-se um tempo antes que Hannah, de volta a Nova York, onde vive e leciona, passe à

escrita. Uma demorada reflexão obriga-a a um penoso exercício de espeleologia interior, à

caça do verdadeiro rosto de Eichmann. Quem é ele? Um homem que não pensa, conclui a

filósofa-repórter, algo assim como um autômato. E esta é verdade factual.

Burocrata zeloso, Eichmann incumbe-se da inexorável pontualidade dos trens que

carregam dezenas de milhares de judeus para os fornos crematórios, assim como faria se

em lugar de seres humanos houvesse gado, ou cães raivosos. Ele executa ordens sem

inquirir a sua consciência a respeito de coisa alguma, com obediência robótica à vontade

do Führer. Desta investigação alma adentro de um criminoso exemplar nasceria uma das

obras mais notáveis de Hannah Arendt, A Banalidade do Mal.

A nação judia entendeu que uma das suas cabeças privilegiadas defendia Eichmann, e

mesmo os amigos mais queridos, e os diretores da universidade onde lecionava, a

condenaram sem recurso. Eles também não pensavam. Outro filósofo disse “penso, logo

existo”. No entanto, que significa pensar? Tudo se reduziria apenas e tão somente à

consciência da existência? Donde, à percepção do efêmero, colhida pelo ser pré-histórico,

talvez em meio a uma clareira remota iluminada pela lua, ao erguer os olhos e se inteirar

pela primeira vez do céu estrelado.

Hannah

...

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