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NARRADORES DE JAVE

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Por:   •  28/3/2014  •  854 Palavras (4 Páginas)  •  745 Visualizações

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RESENHA DO FILME NARRADORES DE JAVÉ

Eliane Café em seu roteiro retrata uma realidade que muitos povoados do interior nordestino passam e no entanto ninguém conhece. Em seu filme ela conta a história de um povoado situado no sertão nordestino chamado de Vale do Javé, que foi ameaçado de inundação por causa da construção de uma represa que, supostamente seria o “progresso” da região.

Logo na primeira cena do filme retrata uma das inúmeras dificuldades enfrentadas no interior, a cena de um rapaz correndo para não perder a balsa e no entanto não chega a tempo, um morador da região o informa que nunca se sabe quando virá a próxima e que a espera poderia ser horas, como também dias.

A roteirista frisa também logo no inicio um dos pontos mais importantes que ela mostra no filme, a importância de saber ler e escrever, a cena em que uma senhora idosa muito concentrada na sua leitura e seu filho a manda todo tempo fechar o livro, pois naquela idade já seria tarde para tal aprendizado, foi quando Zaqueu começou a relatar um fato que aconteceu a ele e ao seu povo destacando a importância da escrita.

Tudo começou em Vale de Javé um povoado do interior da Bahia, todos viviam de forma simples e tranquilos com a paz daquele lugar, recebido de herança de seus antepassados, até que o povoado foi ameaçado de inundação. Tratava-se da construção de uma represa, que seria o “progresso” da região.

A única chance de salvar Javé “das águas” era provar que a cidade tinha algum valor histórico, no entanto era uma cidade rica somente em histórias contada, toda a cultura de Javé era pelo processo da oralidade e tinha sua história apenas contada de boca-a-boca por seus antepassados.

Os moradores se reuniram e decidiram colocar todos os “feitos” de Javé em um livro intitulado “Livro da Salvação”, no entanto isso não era possível, pois a maioria desse povo era analfabeto e mal sabiam ler e escrever seus nomes. Porém, apenas um morador possuía esse atributo da escrita, Antonio Biá, o ex- carteiro da cidade, que fora banido pelo povoado por escrever cartas com calúnias de todos os moradores da cidade e enviar para outras cidades, movimentando o correio e salvando seu emprego.

Todos ficaram esperançosos, Biá era talentoso em relação à escrita e o convocaram a fazer esse registro, que para eles era uma grandiosa história. Biá aceitou o desafio, passou a ser até respeitado, tudo por causa do chamado “Livro da Salvação”.

Biá começou a ouvir primeiro os mais velhos que são os pioneiros da cidade, com suas memórias e lembranças contadas por suas famílias. Cada um contava à sua maneira, colocando a figura de seus antepassados como bravo herói, cada história muito diferente uma da outra, uma mistura entre ficção e realidade, que até Biá ficou na duvida quem foi o verdadeiro líder do povoado, Indalécio ou Mariadina, havendo a ausência de uma versão oficial a ser documentada, impossibilitando Biá de colocar na escrita por mais talentoso que ele fosse.

Por fim Biá não conseguiu realizar a sua tarefa e resolveu enfrentar o povo e dizer o que realmente pensava, para ele a construção da represa não iria parar por causa de um povo semi-analfabeto que mal escreve o próprio nome, onde as histórias contadas só tinham valor pra eles mesmo, sem futuro nenhum.

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