Resenha - Filmes Narradores De Javé

Narradores de Javé

A história aconteceu em um vilarejo chamado Vale de Javé, localizado no sertão baiano, situado próximo a um local onde arquitetos construiriam uma barragem para construção de uma represa, este vilarejo seria inundado para maior aproveitamento do local, assim beneficiando quem não fazia parte do vilarejo que seria desabitado para tal fim.

Em uma conversa onde o arquiteto Zaquel perguntou para os engenheiros o que poderia ser feito para evitar o alagamento do vilarejo, eles responderam que o vilarejo precisaria ser tombado como patrimônio histórico, ou seja, tivesse uma história importante para o país e tudo precisaria estar retratado de forma científica. Zaquel lembrou ao engenheiro que no vilarejo haviam muitas terras adquiridas por divisas cantadas, ou seja, iriam ate um monte e cantava a extensão das suas terras, porem só era cantada a porção que conseguiria cultivar.

Após discutirem sobre o assunto, Zaquel e os moradores de Javé, decidiram que deveriam elaborar um documento oficial contando todos os acontecimentos, que provavam que o local abriga um patrimônio cultural que não pode ser perdido, na esperança de impedir a inundação da cidade. Mas há um problema, todos os moradores eram semi-analfabetos e não sabiam se expressar formalmente, a linguagem que eles utilizavam ali jamais seria compreendida como a de alguém que soubesse falar de modo formal, perceberam então que precisavam encontrar alguém que soubesse escrever bem, para retratar os acontecimentos da história de Javé.

É onde entra Antonio Biá, o antigo carteiro de Javé, conhecido por ter enviado cartas para vários lugares em nome dos moradores difamando-os para parentes e amigos que respondiam as cartas, fazendo assim o movimento do correio aumentar. Mesmo os moradores odiando Biá, não tiveram outra opção e o escolherão para escrever o livro científico, assim tendo uma oportunidade de se redimir aos erros cometidos contra o povo do vilarejo.

Biá então vai à procura de antigas lembranças do povo, uma difícil missão, pois a cada história contada era uma diferente versão, cada um contava o que lhe teria sido passado, porém todos os relatos levavam a um conflito de percurso onde não se encontrava personagens que pudessem ser importantes para história do vilarejo, por fim, no dia que Biá foi entregar o livro, entregou-o em branco e junto com uma carta dizendo que com a linguagem informal daquele povo não seria possível fazer os relatos, pois não conseguia entender o que o povo dizia, ou seja, as histórias contadas não faziam sentido pra ele e então Antonio Biá fugiu. Após o povo de Javé ter ido a sua procura o encontraram e o levarão até Zaquel, quando questionado por Zaquel, Biá ressaltou que a salvação do vilarejo independia da história que o povo contava, pois ali havia apenas pessoas ignorantes que não sabiam ler nem escrever muito menos falar de forma culta, porém todos que o julgaram como inventor de histórias, contaram versões totalmente adversas puxando cada um a importância da história do vilarejo para sua própria casa, família ou descendência.

Zaquel inconformado sabia o que aconteceria. Com o passar do tempo Javé foi se inundando e o povo foi se espremendo onde podia, restando apenas o teto da igreja para fora da água. Biá voltou e arrependido lembrou-se das histórias