Na Escuridão, Amanhã", Romance De Rogério Pereira
Ensaios: Na Escuridão, Amanhã", Romance De Rogério Pereira. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: caiquelaw • 13/4/2014 • 446 Palavras (2 Páginas) • 284 Visualizações
Na escuridão, amanhã é o romance de estreia do jornalista Rogério Pereira, responsável pela criação de um dos jornais literários mais importantes do país, O rascunho. Além disso, o autor atua na direção da Biblioteca Pública do Paraná, sendo também cronista do site Vida breve.
Publicado pela Cosac Naify, o livro narra a trajetória de uma família que se muda do interior para a cidade grande, chamada, na obra, apenas de C. Num primeiro momento, o leitor pode ser levado a crer, diante desse breve resumo, que o romance tem características de uma narrativa de 1930, distanciada duma investigação psicológica mais apurada das personagens, entretanto não é isso que acontece. O livro traz à tona um tom intimista que dialoga mais com a prosa produzida nas década de 50 por Lúcio Cardoso, Cornélio Pena, dentre outros escritores.
Assim, Pereira apresenta um narrador atormentado pela figura de um pai déspota que submete a todos da família (a esposa e os três filhos) a seus caprichos e também pela morte( não somente a física, haja vista que essa ganha diferentes significados no decorrer do livro) que espreita a família a todo momento. Com um discurso calcado na religiosidade, mas que a todo momento também revela marcas bem céticas, a narração é feita através de cartas que o narrador personagem remete para o pai já morto e as lembranças de criança na cidade grande e no sítio em que a família morava. Retomar os fatos é extremamente doloroso para o narrador e isso fica bem evidenciado na seleção vocabular adotada pelo autor. A fragmentação da memória, tão sabiamente usada por Machado de Assis em seus romances, também está presente na estrutura do livro, que possui capítulos curtos que não seguem uma ordem linear em relação ao tempo cronológico.
Como dizem os bons críticos, o importante não é o que se conta, mas sim como se conta. A ideia de retratar uma família de pessoas do campo em uma capital não é uma novidade na literatura brasileira, entretanto o modo de como isso é narrado transforma uma história, aparentemente simples, em algo grandioso. Todavia, o texto que demorou 14 anos para ficar pronto apresenta uma falha que incomoda durante a leitura: o excesso de metáforas. A narrativa recheada desse recurso linguístico e grande parte é construída com elementos religiosos. Num primeiro momento, as metáforas soam interessantes, mas o uso constante faz com que o texto fique travado e cansativo em certas partes.
Na escuridão, amanhã é um bom livro de estreia de Rogério Pereira e vale a pena ser lido, contudo indico principalmente para leitores que gostem de narrativas mais intimistas, uma vez que se trata de um livro denso, apesar de curto.
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